Este é um blogue que surge no âmbito da disciplina de História do Património (Professora Marta M. Gomes), inserida na área de Humanísticas - Turismo, dos Cursos Secundários Profissionalmente Qualificantes. Durante o decorrer deste ano lectivo serão aqui colocados excertos dos trabalhos realizados pelos alunos no sentido de dar a conhecer o património existente em S. Tomé e Príncipe, mas também, visando o objectivo de promover turisticamente este belíssimo arquipélago. Pretende-se ainda, promover uma cidadania activa, no que diz respeito à preservação e manutenção do Património existente.

Esperamos que encontre aqui razões suficientes para visitar a nossa casa e para todos os que já aqui vivem, esperamos que consigamos o objectivo de espalhar a mensagem de que é preciso preservar a nossa história a fim de legar às gerações futuras uma herança digna de ser respeitada e apreciada.

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segunda-feira, 28 de julho de 2008

A música actual em S. Tomé

Começamos por definir a música como sendo uma das manifestações culturais, na qual os músicos procuram divulgar além fronteira a sua tradição (cultura), sua identidade e os seus valores, é na música onde muitas vezes os músicos expressam tudo aquilo que lhe vai na alma, também serve como forma de criticar a sociedade bem como o governo, por isso pode ser considerada uma das formas de comunicação, ou seja através dela podemos compreender o estado de espírito do músico e a mensagem que o mesmo tenta transmitir sobre a sua sociedade. A música tem o poder de nos sensibilizar ou seja de sensibilizar os ouvintes, bem como de divulgar a imagem de um país, além de ser uma das formas de nos distrair dos problemas sociais.

Embora muitos não saibam, “a música além de ser uma arte é também uma disciplina, pois ela é estudada com regras e objecto”, e sendo bem compreendida, através dela podemos conhecer a realidade de determinada sociedade, pois ela tem múltiplas funções, serve de crítica, de passatempo (entretenimento), também com um canal de comunicação uma vez que ela (a música) tem o poder de nos tocar e passar a mensagem. Também retrata e expande um determinado país aos quatros cantos do mundo, sendo assim podemos dizer que a música é o espelho de um país (de uma sociedade).

Papel dos músicos numa sociedade

O músico alem do cidadão é também um mensageiro, animador e divulgador, isto porque cabe a ele (músico) passar as mais diversas mensagens da sociedade através da música; animador porque a música além da mensagem que transmite, serve também para nos alegrar, divertir e distrair. Após uma semana inteira de trabalho todos nós precisamos de nos distrair e alegrar; por último, o músico tem a função de através da música divulgar o seu país, dando a conhecer a outras sociedades a realidade do seu país (a sua cultura e tradição).

A música em S.Tomé

Como em todos os trabalhos escritos, podemos encontrar esta frase, que embora triste é a realidade do nosso país “ S.Tomé e Príncipe é um país pobre com muitas dificuldades”, (sobretudo ao nível económico).

Estas mesmas dificuldades fazem-se notar em todos os sectores, assim sendo o ministério da cultura não fica de fora, fazendo-se chegar aos nossos músicos, dificultando-os assim na realização dos seus álbuns. Por outro lado muitos (músicos) têm dificuldades na criação de letras, de dar um bom ritmo às suas músicas, assim sendo podemos dizer que algumas das dificuldades tem a ver com a falta de conhecimento por parte do músico.

Segundo a entrevista realizada com um dos músicos mais famosos do nosso país, Kalú Mendes, os nossos músicos enfrentam muitas dificuldades económicas para conseguirem realizar o seu trabalho, por vezes conseguem arranjar um patrocinador, para gravar o álbum, mas a divulgação e marketing do álbum torn-se muito difícil. A divulgação passa pela televisão, rádio e jornais de modo a promover e sobretudo vender o seu trabalho, e isto tudo exige um custo monetário que é difícil de se encontrar, uma vez já conseguido o patrocínio para agravação. A criação de um álbum passa desde o processo de gravação até a divulgação do álbum, Por isso os músicos em S.Tomé e Príncipe só o são por vontade própria e porque gostam daquilo que fazem, isto porque, não há nenhum incentivo aos músicos por parte do governo, no entanto o público que tem sido muito simpático e estes sim são o seu melhor incentivo.

No entanto, também um dos elementos do grupo Tempo, Guilherme Carvalho dá o seu ponto de vista, dizendo que, «as dificuldades que alguns dos músicos nacionais têm é falta de conhecimento ao nível da música além do pouco contributo económico-financeiro, por parte do governo santomense. “O estado está a esquecer-se da nossa cultura, nomeadamente no que diz respeito a música nacional mas mesmo assim sobrevivemos”

Contudo, cabe a nós os santomenses o dever de preservar a nossa cultura (música) e procurar divulga-la cada vez mais além fronteiras, isso porque ela também virá a contribuir para o desenvolvimento do nosso turismo bem como do nosso país.

A música santomense no espaço lusófono

A música constitui um elo de ligação entres povos ou civilizações num determinado espaço. Neste caso, no espaço lusófono a música pode ser considerado de facto, um elemento que identifica e ao mesmo tempo liga povos de diferentes culturas com o passado histórico semelhante, ou seja, nos países lusófonos, embora haja uma diferenciação cultural é notável, e existe também a mesma linhagem cultural entre países, que durante anos foram colonizados.

Neste sentido, nos países africanos de língua oficial portuguesa, é comum encontrar nos cantores lusófonos uma certa preocupação com a sua cultura em particular e em geral com a do seu continente (África).

Queremos com isso dizer que para que um país possa expandir no espaço lusófono, torna-se necessário em primeiro lugar dar a conhecer as suas raízes, retratar o dia-a-dia do seu povo, ou seja, apostar na música tradicional. E neste aspecto, podemos constatar que S.Tomé não tem apostado muito nesse aspecto, tanto que são pouco os cantores que são conhecidos no espaço lusófono, a saber: kalú Mendes, Xinha, Juka e Grupo Tempo, Haylton Dias. Para falar da evolução da música em S.Tomé no sentido de expandi-la na lusofonia, implica mencionar algumas considerações:

  • Valorização cultural;
  • Expressividade musical;
  • Condições económicas

Infelizmente a nova geração não tem dado muito importância as nossas raízes. A nossa juventude prefere outros estilos musicais mais modernos como: kizomba, hop hip e outros. O que faz com que uns cantores sejam mais privilegiados pelo público do que outros


Relação entre diferentes cantores são-tomenses

Como já tínhamos evidenciado, existe uma fraca existência de músicos de renome internacional, ou seja, capaz de divulgar a imagem do país (S.T.P) no que concerne a música. Apesar dessa fraca existência é curioso a diferença existente entre eles (os músicos), pois cada um está inserido num contexto musical diferente.

Embora S. Tomé seja uma ilha pequena com características próprias de ilha, consegue levar ao mundo a sua música de uma forma diversificada, pois cada grupo musical tem uma forma própria de cantar e de passar a mensagem que pretendem, e o mais interessante é que todas elas são importantes.

Por exemplo, Kalú Mendes tem um estilo musical mais tradicional parecido com os antigos conjuntos musicais, embora o som seja mais trabalhado e aperfeiçoado para modernidade, ou seja, ele tenta levar as suas músicas até às pistas de danças das discotecas, associado ao contexto jovem, embora a maior parte das suas músicas sejam cantadas em crioulo forro e com provérbios bem tradicionais e difíceis de se traduzir sobretudo pelos jovens, mas o ritmo é bastante moderno e apreciado tanto pela camada mais adulta como a mais jovem.

Quanto ao Grupo Tempo, o ritmo é mais associado ao estilo clássico e também tradicional, é no todo uma mistura de ritmo pelo qual um dos músicos desse grupo (Guilherme de Carvalho) o caracterizou como sendo um grupo crioulo.

Embora não seja um estilo de música que chega às nossas pistas de dança, consegue alcançar palcos fora do país como em França, Holanda, Noruega e Suiça. Segundo o mesmo, são muito bem recebidos e aceites no estrangeiro. Nas suas viagens puderam constatar que o grupo está a conquistar um espaço bastante considerável a nível internacional.

Neste sentido não só conseguem conquistar o próprio país mas também o espaço lusófono bem como o mundo inteiro, uma vez que S.Tomé é um pais de Turismo, em que muitos turistas apreciam a música nacional, com excepção de alguns novos grupos musicais que nem sempre são vistos com bons olhos.

O Turismo é sem duvida um dos meios de expansão e divulgação da música, uma vez que os turistas ao conhecerem a música nacional, interessam-se por ela e quando regressam aos seus países, dão a conhecer aos outros aquilo que ouviram e que gostaram. Este processo é garantidamente uma forma de expansão e de divulgação não só da música, mas também da cultura e do país.

Contributo do Estado/Entidade privada para promoção da música nacional

O nosso país tornou se independente no ano 1975, desde essa época 33 anos se passaram. Durante estes anos várias foram as transformações que se ocorreram em torno da nossa cultura, respectivamente da música nacional.

Todavia em geral, a evolução da música durante esse período não foi toda ela positiva. E esta situação deve-se ao facto do Estado considerar como prioridade outros elementos em detrimento da música nacional. Neste sentido, os seus programas estão mais virados para outros assuntos como é o caso do Turismo, pelo que se torne ainda mais importante a música nacional, uma vez que, constitui um elemento de identificação e de promoção do Turismo. Assim sendo, quase que não há contributo por parte do Estado no sentido de promover a música nacional.

Carece no país uma escola de música para ensinar as crianças, jovens e todos interessados na música a utilizarem e manejarem os instrumentos musicais, desenvolvendo assim neles os possíveis potenciais na produção e expressividade musical.

Contudo, as entidades privadas comparativamente com o Estado têm dado mais contributos e patrocínios aos cantores, o que revela uma maior preocupação destes para com os artistas. Talvez uma das explicações seja o lucro tirado deste investimento.

Actualmente o grupo Gibela, CST, Dr. Carlos Espírito Santo (Bené), Banco Equador e a fábrica Mé-zochi, são as entidades que têm dado mais apoios aos cantores nacionais.


A Expressividade dos músicos santomenses

A música é um artifício que sem dúvida revela a alma existencial do sujeito. Os cantores por serem amantes da música tocam por intuição e ouvido, e ao vê-los actuar repara-se desde logo, que carecem de aprendizagem musical com mestres a altura e capazes de entender o complexo folclore santomense, o que faz com a sua expressividade musical seja limitada.

Manuel de Ferreira Ribeiro numa das suas ilustres obras diz: «De uma cana, de um côco, ou de qualquer outra coisa, fazem os rapazes um instrumento. Gostam da dança, amam as letras, mas nunca tiveram mestres, nunca puderam ver para imitar, nunca puderam trabalhar e estudar.»

Esta ideia remete-nos ao facto da ideia de alguns novos cantores santomenses serem negativos no que respeita a forma e expressar a música. Não existe pela sua parte, um exercício de esforço em expressar o que sentem, no seu dia-a-dia, não se preocupam em melhorar a sua expressividade.

Esta situação remete-nos ao facto de algumas da música santomense ser deficitária no sentido e existir muitos músicos novos que cantam de forma desafinada, e limitada em muitos aspectos como, a produção musical e não só, pelo que se torna necessária a introdução de uma pequena escola de música, para desenvolver e melhorar neles o seu potencial.

Talvez a falta de expressividade musical presentes na maioria dos cantores tradicionais se explique também pela desmotivação e falta de apoio económico e não só aos grupos nacionais.

Contudo, falar de expressividade é até certo ponto difícil uma vez que cada cantor se expressa a sua maneira em consonância com a sua alma, ou seja, trata-se de uma questão subjectiva e que mesmo assim temos também excelentes cantores, que têm boa expressividade.

Contributo da Música Nacional para a Promoção do Turismo, Património e desenvolvimento Sustentável.

Como se sabe, tudo que dignifica um país e faz parte da sua cultura, representa uma grande contribuição turística para o mesmo. Assim, a música nacional é de tal forma dignificante para a nossa cultura e consequentemente para a promoção turística, junto de outros elementos como: medicina tradicional, dança, e outros, fazendo do nosso país, um bom potencial para o tipo de turismo que se pretende projectar: turismo ecológico e cultural.

O turismo influencia directamente a valorização e preservação da cultura musical e não só, uma vez que os turistas em contacto com os grupos musicais tradicionais, têm tendência em apoiar mostrando interesse e prazer, incutindo desta forma, nas mentes dos santomenses a ideia de que o que para nós pode ser insignificante para os outros é motivo de distração, atracção e interesse, o que leva à valorização desses grupos musicais, considerando-os como atractivo turístico. Mas o espírito de valorização e preservação tem que primeiro partir de nós que somos cidadãos e só depois passar aos outros.

Usufruir da nossa cultura sem pôr em causa a sua preservação  constitui um desafio para todos nós.

Assim, como já referimos a música é de estrema importância para a promoção do turismo e do nosso património, uma vez que, constitui um dos elementos culturais e um dos atractivos para a prática do turismo étnico (turismo que se dedica a culturas de povos de diferentes). Desta forma, quanto mais música tradicional tivermos, mais enriquecida será a nossa cultura e consequentemente o nosso património cultural, nos possibilitando deste modo tirar proveito de outros géneros musicais sem pôr em causa os mais tradicionais.

Após o desenvolvimento deste interessante tema que é “A Música actual em S.Tomé e Príncipe”, podemos chegar à conclusão:

Embora o  país se encontre em péssimas condições financeiras, no entanto a nossa música  encontra-se no bom caminho, uma vez que temos muito bons cantores  e todos eles já com discos no mercado e tentando dar o seu melhor

As entidades privadas têm dado um grande contributo na promoção embora ainda haja muito que fazer. Com a criação da “RTP África” e “RDP África” bem com a crescente qualidade musical, a música santomense tem vindo a conquistar um espaço cada vez mais amplo na lusofonia.

Podemos, ainda, verificar que há uma fraca existência de músicos de renome internacional que possam expandir e divulgar a imagem do país no mundo, mas que mesmo assim têm conseguido fazê-lo com grande esforço. Os músicos santomenses apesar de pertencerem a estilos musicais diferentes contribuem, na medida do possível, para a divulgação e expansão da música nacional e sobretudo do país. Não podemos, no entanto, deixar de realçar que nem todos os músicos têm uma boa expressividade, sobretudo os mais recentes.

Adozinda, Amarildo, João e Marlene

Foi com muito gosto que estivemos consigo desse lado, esperamos por sim em S. Tomé.

Até um dia

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