Este é um blogue que surge no âmbito da disciplina de História do Património (Professora Marta M. Gomes), inserida na área de Humanísticas - Turismo, dos Cursos Secundários Profissionalmente Qualificantes. Durante o decorrer deste ano lectivo serão aqui colocados excertos dos trabalhos realizados pelos alunos no sentido de dar a conhecer o património existente em S. Tomé e Príncipe, mas também, visando o objectivo de promover turisticamente este belíssimo arquipélago. Pretende-se ainda, promover uma cidadania activa, no que diz respeito à preservação e manutenção do Património existente.

Esperamos que encontre aqui razões suficientes para visitar a nossa casa e para todos os que já aqui vivem, esperamos que consigamos o objectivo de espalhar a mensagem de que é preciso preservar a nossa história a fim de legar às gerações futuras uma herança digna de ser respeitada e apreciada.

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marques

gomes

historia do patrimonio

quarta-feira, 19 de março de 2008

O nome pode ser estranho...

... mas as considerações são... o que são! Veja por si mesmo!

Tristesantos e o Parto do Cavalo

«...Resta uma saída e só uma: afrontar, inventar, investir, a única que desde as origens da vida, pode triunfar sobre as crises...» - Emmanuel Mounier -

Este é mote deixado ao leitor.

Recomenda-se Vivamente!

Não deixe de visitar http://1001quilometrosquadrados.blogspot.com/ para ficar a conhecer um pouco mais sobre S. Tomé.

Colega de trabalho, André Freitas é o autor do blog que vos recomendo.

Como podem constatar, não são apenas os alunos que partilham as suas experiências... São, também, os professores portugueses que andam por estas bandas.

Descubra a magia desta terra, antes mesmo de a visitar!

terça-feira, 11 de março de 2008

Danço Congo

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Como o próprio nome diz, o Danço-Congo ou a Dança do Capitão, tem a sua origem no Congo, tendo sido introduzida na ilha de São Tomé pelos trabalhadores na era colonial.

Em São Tomé, teve a sua origem em Mutamba (uma das zonas da cidade de Neves). É típico do povo São-Tomense, em particular dos Angolares. As pessoas que expandiram esta dança, foram três pescadores, que se deslocavam na época da gravana, para diferentes locais da ilha, como Neves, S. dos Angolares, Porto Alegre e Malanza, a fim de fazer a «Chada» (secagem do voador panha).

Num belo dia os mesmos pescadores deslocaram-se à praia de Neves com o objectivo de fazer a «Chada», já lá dois dos tais tinham ido ao mar, ficando um dos tais em terra, a fim de fazer a fogueira e guardar o pescado já existente.

Na calada da noite, o pescador que estava na praia ouviu algo muito estranho, parecido com o som de música e muito barulho, aproximando-se cada vez mais, o homem amedrontando, pôs-se atrás de uns arbustos, e de lá observava tudo que o que se estava a passar: pessoas já mortas, dançavam e tocavam.

Faziam parte desta dança, nomeadamente: o feiticeiro, o bobo, o capitão, anzo mole, anzo canta, os tocadores e os figurantes, tocaram e dançaram até ao amanhecer.

Quando chegaram os outros dois companheiros do mar, o pescador que ficara, contou-lhes tudo que tinha presenciado, os outros duvidando do que ouviam, sugeriram que fosse só ao mar na noite seguinte. Ao anoitecer ficaram, os dois, responsáveis pela fogueira e pelo pescado. Assim, viram que o outro só falara a verdade, pois tudo aconteceu com todos os pormenores descritos. Retornando ao povoado contaram tudo o que haviam observado e nasceu o Danço Congo - assim diz a lenda. As personagens foram sempre as mesmas, o que difere é a maneira como tocam e dançam.

Esta história foi-nos dada a saber pelo Sr. Libiano Frota. Presidente do Danço Congo Mine-Carocel de Almeirim.

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Segundo as informações colhidas pelo Presidente do Danço Congo Mine-Carrossel e das pesquisas feitas, a história processa-se da seguinte maneira: havia um homem que tinha uma fazenda e quatro filhos chamados de bobos.

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Um dia o fazendeiro morre e os seus quatro filhos sentindo-se incapazes para administrar a propriedade convidam o «capitão» a fazê-lo.

O capitão aceita e escolhe vários colaboradores entre os quais Logoso, que é o guarda da propriedade. Havia ainda dois anso cantá (anjos que cantão), guarda-costas do capitão; dois guias de frente; um barriga de danço e dois guias de tráz.

Certo dia o capitão resolveu realizar uma festa na fazenda e convidou os bobos, acompanhados de suas mulheres. De repente, Capitão pressentiu algo a rodear a fazenda e chamou os bobos para se certificarem do que se passava.

Após a verificação os mesmos viram-se obrigados a realizar uma cerimónia (ordena aos «anso cantá» para cantarem ainda mais) para conseguirem apanharem o feiticeiro e o seu ajudante zuguzugo (o feiticeiro era um homem com almas pecaminosas, primo do Pé-Pau), quando os irmãos conseguem apanhar o feiticeiro e o seu companheiro zuguzugo, o feiticeiro pede ajuda ao demónio, e à alma do seu primo falecido, para conseguir apoderar-se da empresa e matar o filho de Capitão cujo o nome é anso molê (anjo que morre).

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Depois de apanharem o feiticeiro, que havia contactado com os seus amigos, ele demonstra todas as suas habilidades diabólicas na festa a fim de conseguir o pretendido.

Assim o feiticeiro consegue apoderar-se da empresa e matar o filho do Capitão. O Capitão revoltado com a morte do seu filho, vai a casa dos bobos para lhes pedir ajuda. Chegando lá, encontra as suas mulheres ao que o Capitão diz que veio tratar um assunto do seu interesse. Uma das mulheres ao ouvir leva o recado aos bobos dizendo «bá cuji unwan sunguê glave lumá, fina cú lôpa limpo» (vai responder um senhor muito bonito, fino estimado com roupas limpas).

Quando os bobos chegam, o capitão coloca-lhe todos os problemas, os bobos achando-se espertos propõem o seguinte: se queres que nós te ajudemos a tirar o feiticeiro da empresa temos que fazer um acordo e Capitão aceitou.

Então os bobos dizem ao capitão para se voltarem de costas uns para os outros para fazerem um acordo, que consistia no seguinte: tudo o que bobos dissessem, o capitão e os seus ajudantes têm que fazer, e o acordo foi aceite por todos.

Todos regressam à festa e vêem o que estava a acontecer. Os bobos passam a mandar na fazenda, mas quando vêem o feiticeiro e o seu ajudante vestidos de vermelho, correm ficando com medo.

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Então surge uma briga entre o feiticeiro e os bobos, saindo estes vencidos pelo feiticeiro. Os bobos vêem, então, um dos seus companheiros caído no chão, e que os outros se tinham ido embora. Novamente o feiticeiro retoma a sua luta.

Aqui um dos bobos que estava no chão, levanta-se para telefonar aos seus companheiros de modo a pedir ajuda. Ao levantar-se dois anso cantá (guarda costa do capitão) prende-o, dizendo que matou alguém, e ele responde que não, e como prova disso ele resolveu pegar nos dois anzos cantá para irem ao local do crime.

Ao se aproximarem encontram a espada do feiticeiro no chão com sangue. Os bobos olham para os dois anso cantá, questionando-o se ainda não acreditam neles, e que foi o feiticeiro que cometeu o crime.

A festa continua, embora a consternação do capitão, após a morte de anso molê. Os bobos não dando importância ao facto continuam a animar a festa com as suas actuações patéticas.

(de ter em atenção que o relato da mesma história em Povo Floga difere em alguns aspectos. Não nos podemos esquecer que com o passar do tempo se verificam algumas alterações. O que acima foi descrito, foi-nos contado pelo mestre do Danço Congo Mini-Carrossel)

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Para a realização do Danço Congo são utilizados instrumentos tais como: os tambores Maria que é o maior de todos; Jaqueta, o médio e o Tabaque, o menor de todos; chocalhos; reco-reco; ferro e apito.

Quanto ao vestuário, temos a roupa do feiticeiro, do seu ajudante e a do pé-de-pau que são da cor vermelha, o Capitão usa umas vestes mais coloridas, ornamentadas de croché em torno da cintura, os restantes figurantes usam uma roupa uniforme, já as roupas de Bobos são todas esfarrapadas.

O Danço Congo Mini-Carrossel, teve o seu início no ano de 1973, como uma brincadeira, ou seja, um grupo de crianças durante às férias do ano lectivo, tocavam latas, plásticos e outros instrumentos improvisados. A ideia de formar um Danço Congo a sério foi do actual Presidente «Sr. Libiano Frota» que na altura tinha 30 anos de idade. A ideia foi aceite por todos, e assim se deu inicio ao Danço Congo Mini-Carrossel de Almeirim.

A escolha do nome constituiu um problema para o grupo. O nome Mini-Carrossel teve a sua origem no terraço que já existia no quintal do Presidente do grupo. Este terraço, agora encontra-se à berma da estrada.

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Inicialmente o grupo apresentava-se com instrumentos pouco adequados, nomeadamente latas, plásticos e as membras eram feitas a partir dos lenços e panos.

O Mini-carrossel de Almeirim, atingiu o seu auge na altura em que estava no poder o Sr. Presidente da República Doutor Manuel Pinto da Costa. Tendo assim oportunidade de participar em apresentações culturais em diversos países nomeadamente: Rússia (Moscovo), Espanha, Portugal e França.

As apresentações são feitas em lugares abertos, ou em terraços quando são chamados para actuar em festas de inauguração ou em festas de freguesias, festa da independência e quaisquer outras actividades que queiram a sua participação.

Segundo a entrevista feita com os membros do grupo, concluímos que os jovens e as crianças pouco ou nada sabem sobre o significado e a história de Danço Congo, os mesmos só lá estão por estar, isto é, por acharem piada. Nota-se pouco interesse por parte dos jovens e crianças são-tomenses, em particular de Almeirim. Assim não haverá pessoas capazes de dar continuidade ao Danço, o que terá como consequência futura o desaparecimento do mesmo. Como nos disse o Sr. Libiano Frota:

«se eu morresse agora, o Danço de Congo morreria no mesmo instante, isto porque os jovens só querem saber de jaca, safu, mangas, cartas e futebol, nada de Danço de Congo»

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Neste momento o grupo encontra-se com inúmeras dificuldades no que concerne aos instrumentos, equipamentos, e principalmente apoios financeiros.

O património de S. Tomé é vasto, nele podemos encontrar o património cultural, onde se insere o Danço Congo.

A lei do património, diz que devemos proteger, preservar e valorizar todo o património. Daqui decorre a necessidade de aproveitar o Danço Congo para a promoção do turismo nacional.

Para que o turismo se desenvolva a partir do Danço Congo, temos que, primeiramente fazer ressurgir os diversos grupos de Danço Congo, fazer também com que a população saiba da sua história, origem e de seu significado. Para tal é preciso sensibilizar a população no sentido de salvaguardar esta manifestação cultural.

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Como sugestão para a divulgação de Danço Congo propomos o seguinte:

  • a existência de suporte documental, isto é, os escritores deviam dedicarem-se mais à escrita da história, não só de Danço Congo, mas também de todas as manifestações culturais;
  • a televisão São-tomense devia ter um espaço aberto para expor estas manifestações culturais (como já havia os programas «O Nosso Convidado, Segredo do Mestre e Raízes»);
  • o Estado devia actuar de forma mais activa e directa para a promoção destes grupos culturais.
  • Apelamos, também, à população em geral a respeitar os saberes e as tradições ancestrais como parte do património colectivo de uma nação, lançando campanhas de educação patrimonial, consciencializando as pessoas a valorizarem as suas tradições e o respeito pela diversidade cultural.

Já na etapa final deste trabalho, concluímos que o Danço Congo é uma das principais manifestações culturais de S. Tomé.

Mesmo a sua história não sendo de conhecimento de muitos a sua apresentação é de grande aceitação da população, isto é, nas representações vê-se uma grande afluência dos espectadores.

Pelas entrevistas realizadas, constatamos que hoje, em relação a antigamente, vários grupos têm vindo a desaparecer, ficando um número muito reduzido de grupos de Danço Congo. Este facto deve-se ao pouco apoio das entidades responsáveis pela área da cultura e também à morte dos mais velhos que não vêem nos mais jovens interesse em perpetuar este elemento cultural.

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Deste modo apelamos aos jovens e à população em geral que trabalhem em conjunto no sentido de promover e desenvolver o Danço Congo.

Ajude-nos a melhorar o nosso trabalho, com as suas críticas, sugestões e correcções. Estamos à sua espera.

Suzete, Adriana, Álvaro

12ª B

quarta-feira, 5 de março de 2008

D'Jambi

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Nas ilhas maravilhosas de S. Tomé e Príncipe, cujo povoamento surgiu dos diferentes pontos de África, nomeadamente: Angola, Cabo-Verde, Moçambique e outros que orgulhosamente trouxeram as suas culturas, e com elas a pratica de feitiçaria, dança, misticismo entre outras que caracterizam fortemente o povo africano. Desta mistura surgiu o “D’Jambi” que pelo seu lado místico suscita muita curiosidade a quem visita S. Tomé.

Entende-se por D’Jambi um ritual mágico ligado ao misticismo, cujo objectivo é de curar os enfermos e acalmar os espíritos dos antepassados.

D’Jambi é um ritual realizado por um mestre “méçe” (curandeiro) e o seu ajudante, neste acto fazem magia branca ligada ao cristianismo com objectivo de curar os que padecem de loucura, perseguição, fraqueza, mau olhar e os enfeitiçados de uma forma geral.

Os mestres realizam-no em diversos pontos do país todos os fins-de-semana, com excepção do domingo e no tempo de “Quaresma”, isto porque estando os curandeiros ligados ao cristianismo, principalmente católico, obedecem as normas impostas, como o respeito ao domingo por ser considerado dia do Senhor e o tempo de “Quaresma” como um tempo de reconciliação, sacrifício, tranquilidade e reflexão para os fiéis.

É de salientar que fora disto, os curandeiros na realização dos rituais, também se tornam praticantes, ou seja, os “méçes” como são conhecidos são os primeiros a “tomar santo”, mastigando objectos cortantes e trespassando os seus próprios corpos com os mesmos, bem como os outros praticantes que “tomam santo”.

Este acto é praticado principalmente pelos “forros”, entenda-se os naturais de S. Tomé (deste nome porque foram alforriados).

Os “forros” acreditam cegamente neste ritual, tal como no seu efeito, sendo neste que encontram a “cura/protecção das pragas e feitiços vindos dos feiticeiros ancestrais inimigos” que usavam magia negra ligada ao demónio com o objectivo de lhes fazer mal.

Importa frisar que as marcas que surgem das práticas de “torturas” feitas pelos feiticeiros e praticantes no decorrer do ritual no dia seguinte simplesmente não existem.

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No D’Jambi existem diversos acessórios associados ao ritual, para que este se torne mais enigmático e mais atractivo para aqueles que assistem e participam. Nestes acessórios podemos ver elementos do nosso quotidiano. É comum ser encontrado num D’Jambi uma mesa na qual se encontram vários alimentos, doces, candeeiro de azeite, bebidas (vinho de palma, aguardente e vinho tinto), cigarros, cola (alimento utilizado pelos idosos), jarra com flores e ainda se encontra um prato feito com uma mistura de cola, gengibre, farinha de mandioca e azeite de palma.

Segundo a crença popular é necessária a existência destes elementos porque os espíritos que vêm manifestar-se no corpo das pessoas são os nossos antepassados, e quando estavam vivos usavam estes elementos, então é conveniente oferecer-lhes esses artigos, como forma de respeito e se tal não acontecer seria tomado pelos antepassados como uma afronta.

Temos ainda as comidas que são feitas para serem oferecidas ritualmente aos antepassados no D’Jambi e que normalmente são repartidos depois da meia-noite por todo o quintal e principalmente em forma de cruz e que no crioulo são-tomense dá-se o nome de “cudia”. Estamos a falar comidas como “quisacá”, feijoada a moda da terra e banana com peixe cozido. Por último temos a galinha preta, a fogueira e a tocha a arder.

A galinha preta serve para oferecer o sangue aos espíritos, a fogueira funciona como uma força impulsionadora que atrai as pessoas “montadas” (possuídas) e a tocha a arder serve para anunciar a existência de um D’Jambi no local.

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Em relação à crença popular, podemos dizer que as pessoas acreditam parcialmente no D’Jambi tanto no seu poder curativo como na sua capacidade de descobrir os males das pessoas e isso pode-se verificar na pesquisa realizada junto à população e também no número de pessoas que assistem ao D’Jambi.

As pessoas que montam fazem isso porque acreditam piamente que quando os espíritos se manifestam nos seus corpos funcionam como defesa do seu próprio corpo. Normalmente as pessoas que montam são possuídas pelos seus antepassados, estando fortemente ligadas às crenças familiares, isto porque se numa família as pessoas adultas montam há uma tendência para a camada mais jovem também seguir este ritual. Muitos dizem que é através do D’Jambi e do montar (tomar santo, ou seja, os espíritos se manifestam através do corpo da pessoa) que se vai descobrir quem no quintal pratica ou praticou um mal ou também pratica a feitiçaria, podendo desta forma curar-se desse mesmo mal.

As pessoas quando são possuídas, têm a tendência de ir buscar outras pessoas presentes que estão amaldiçoadas e tentam curá-las e é comum ver que aquelas pessoas aceitam serem submetidas a diferentes tipos tratos porque acreditam que na realidade estão amaldiçoadas e podem ser curadas. É também comum quando uma pessoa que está possuída pelo espírito ir ao encontro de outras que estão a assistir e em quem ainda não se manifestou nenhum espírito, logo que a outra pessoa, já montada, a toca, esta imediatamente recebe o espírito e passa a estar possuída (montada), porém quando a pessoa montada tem um contacto com alguém que está a assistir e que nunca foi possuída por um espírito (ou não acreditam), algo contrário acontece, a pessoa não monta, nem cai possuída pelo espírito, ficando como se nada tivesse acontecido (é-lhe indiferente a situação) e são estas mesmas pessoas que muitas vezes vêm de muito longe para assistir a este ritual.

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Quando falamos no seu valor patrimonial, vimos que D’Jambi é um ritual com bastante reconhecimento no país, o que faz com que as pessoas tentem preservá-lo, sobretudo porque com o passar dos anos tem vindo a diminuir o número de praticantes. Este ritual é simultaneamente temido e admirado por muitos, o que faz com que desperte grande curiosidade por parte das pessoas que assistem.

Esta prática cultural não considerada ainda estatalmente como nosso património, deveria ser classificada para posteriormente haver uma maior preservação da mesma pelos são-tomenses em todos os locais da ilha. Mesmo com um certo receio por parte da população, elas continuam firmes na sua vontade de querer ver, o que contribui para que esta manifestação cultural não morra, não nos devemos esquecer que o D’Jambi faz parte da cultura do nosso país.

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Baseados nos estudos feitos podemos constatar que o D’Jambi é um elemento cultural muito forte na nossa cultura, pelo seu misticismo e crendice popular a que está relacionado. Esta é uma área que desperta bastante curiosidade no ser humano desde sempre, e como vimos o D’Jambi tem o mesmo poder, não podendo portanto ser banido da nossa cultura, pelo contrário, poderá ser aproveitado para a promoção turística/cultural do nosso país.

Nos últimos anos temos vindo a ver uma perda de entusiasmo da população no que concerne a muitos elementos culturais existentes no país e se não formos nós mesmos a reabilitarmos essas manifestações, a nossa cultura acabará por morrer. Por isso temos que tomar consciência que estamos a desvalorizar o que é nosso e que é preciso continuar a apoiar a nossa cultura para que ela sobreviva na globalização.

Enquanto alunos, entendemos que o nosso trabalho apenas estará concluído quando tivermos a sua opinião. Não deixe de fazer chegar até nós as suas crítcas, observações e comentários. Obrigada pelo seu apoio.

João, Teodora e Maury

INSTRUMENTOS MUSICAIS – PÉROLA PRECIOSA

Instrumentos musicais – Pérola Preciosa, é o tema de um árduo, mas estimável trabalho realizado por um grupo de alunos do 12º ano dos Cursos profissionalmente Qualificante – vertente Humanísticas da área do Turismo.

Este visa dar-vos a conhecer a preciosidade e valor de um dos elementos histórico-cultural são-tomense. É esta preciosidade que nos levou a usar a metáfora da pérola um comparação aos instrumentos musicais de São Tomé e Príncipe.

Queremos desfrutar a felicidade de compartilhar com vocês este tesouro. Neste sentido abordaremos aspectos relacionados com a sua origem, sua diversidade, seu valor patrimonial e também o parecer da população a respeito desse assunto. Desta feita esperamos que este trabalho funcione como veículo de transmissão e consolidação de conhecimentos.

Podemos afirmar que ao longo do percurso humano, ou seja, desde o aparecimento do homem até aos nossos dias, a música tem sido um marco, isto é, tem constituído um indispensável elemento de identificação e diferenciação entre povos, raças e culturas, entretanto, a música torna-se um elemento neutro quando não se faz menção ao que lhe dá sustentabilidade – Instrumentos musicais. Mas o que de facto são os instrumentos musicais? Todos os objectos criados exclusivamente para produzir sons musicais agradáveis ao ouvido são denominados instrumentos musicais. Embora qualquer objecto possa ser utilizado a fim de produzir um som, não podemos designá-lo de instrumento musical uma vez que não foi criado com este objectivo.

Diferente de qualquer outro objecto; com um instrumento musical podemos definir, controlar com precisão as características do timbre, a altura que pode ser grave, média e aguda, a duração e por fim a intensidade do som produzido.

Podemos encontrar uma multiplicidade de instrumentos musicais e os mesmos diferenciam-se no tamanho, na forma, no tipo de material utilizado para a sua construção, o tipo de som produzido e a cultura em que se insere.

Em cada cultura a maneira como se criam os instrumentos musicais varia. S. Tomé e Príncipe, manifesta-se culturalmente através das suas músicas, danças, artes e através dos seus instrumentos, nomeadamente: tambores, flauta, chocalho, viola, canzá, guipá, sino, reco-reco. Segundo os entrevistados, os instrumentos chegaram à ilha no período colonial com a vinda dos escravos oriundos de Angola, Moçambique, Cabo-Verde e Guiné-Bissau. Estes instrumentos sofreram algumas transformações, mais concretamente ao nível da utilização dos materiais de construção, devido às dificuldades com que o povo são-tomense se tem deparado em encontrar materiais próprios para a maior produção dos mesmos; preservando a sua estrutura original e garantindo a sua qualidade.

Abordaremos, mais detalhadamente, aspectos relacionados com a maneira em que são feitos os diferentes instrumentos tradicionais são-tomenses.

Quando olhamos para a terra e o que nela existe, verificamos que tudo é muito complexo, desde os elementos mais microscópicos até os extraordinariamente grandes, queremos com isto dizer que existe uma multiplicidade de elementos naturais, mas cada um com seu tamanho, sua forma e importância.

Os instrumentos musicais como objectos provenientes da natureza transformados pelos homens não fogem de forma alguma a esta regra.

Desta feita, prestem mais, do que a costumeira atenção, aos vários tipos de instrumentos musicais de S. Tomé e Príncipe. De entre estes instrumentos podemos citar alguns como:

Tambor: é um instrumento musical feito de madeira com base larga em tronco cavado de forma circular coberto com pele de boi (seca), no entanto, a carência muitas vezes da pele de boi leva ao uso da pele de cabra (seca). E também muitas vezes utiliza-se um pau de madeira coberto com pano a fim de produzir som sobre a pele. Existem tambores de diferentes tamanhos, cada um possui o seu nome dado pela língua tradicional.

Léplica” é o tambor de menor dimensão que produz um som agudo.

Zás, Zambumba, Wembe ou Bombo” é o tambor de maior dimensão, produz um som grave, a sua pele em vez de amarrada é pregada.

Muçumba ou Puíta” é um tambor esburacado onde a mão é flexionada com um pau de bambo que está no seu interior.

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Tabaque” é um tambor médio, semelhante ao bombo, cujo a pele é amarrada em vez de pregada.

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Buzina: é um instrumento de sopro feito com chifre de boi.

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Viola: feita de madeira coberta com platéxe e também composta por quatro fios (mi, si, sol e ré) que tem como sonância grave e agudo.

Chocalho ou Banza: é um instrumento feito de andala trançada em formato de um cestinho, sendo a base coberta de cabaça, no seu interior existe uma série de “bagos de salaconta” que permite produzir o som.

Kanza ou reco-reco: é um instrumento de fricção feito de bança de palmeira.

Coneta de pô mamon: (Corneta de pau de mamão), um instrumento de sopro, feito de um ramo de mamoeiro. Emite um som semelhante à trombeta.

Nguipá: uma canoa em miniatura. Cava-se um tronco de madeira e cobre-se pela metade.

Ferrinho: instrumento constituído por um chapa de zinco e dois ferros que não ultrapassa 25 cm.

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Nas entrevistas realizadas à população, principalmente à mais jovem, levou-nos a concluir que pouco ou nada sabem acerca da origem dos instrumentos tradicionais de S. Tomé. Isto deve-se primeiramente ao facto da falta de informações ou documentos que dêem explicações exactas e concretas sobre esse assunto; por outro lado a difícil situação com que se confrontam leva ao seu desinteresse a respeito dos instrumentos.

«a vida está difícil, há coisas mais importantes para se preocupar».

Apesar disso, afirmam que os instrumentos são instrumentos valiosos e importantes uma vez que fazem parte da nossa cultura. Entretanto, não basta simplesmente dizer a sua importância, mas acima de tudo é necessário demonstrar por meios de acções esta preciosidade. Infelizmente isso não se verifica, pois muitos dizem que preferem as músicas e os instrumentos musicais estrangeiros, porque os governantes não dão o devido valor, não apoiam nem incentivam os grupos culturais, caso este que levou ao desaparecimento de alguns deles.

Entende-se por património todos os conjuntos de bens inigualáveis de carácter material ou imaterial, móvel ou imóvel já existente ou criado pelo homem; bens de grande significado e interesse, devendo estes serem preservados de forma a garantir a sua existência de geração em geração uma vez que constituem o B.I (Bilhete de Identidade) de um determinado povo.

Todos os instrumentos musicais anteriormente mencionados identificam os são-tomenses a nível histórico-cultural, uma vez que são utilizados nas diversas manifestações culturais, a saber: Ússua, Puíta, Tchiloli, D’jambi, Socopé, Bulauwê e Danço-congo.

De facto, os instrumentos dão uma identidade única e incomparável aos são-tomenses em relação a qualquer outro povo. Sendo assim, qual deve ser a nossa atitude em relação a esse elemento patrimonial? Raciocine! Quando alguém levanta uma acusação falsa a respeito de nós, não nos defendemos e procuramos a todo custo “com unhas e dentes” limpar o vitupério que foi levantado sobre nós? Evidentemente que sim! Fazemos isso, porque prezamos a nossa identidade. Desta feita deve ser com esta atitude, zelo e determinação que todos nós devemos defender esta pequena, mas valiosa parte da nossa identidade – os instrumentos musicais.

Para isso, há a necessidade primordial de conhecer cabalmente cada instrumento e a sua importância, em seguida valorizar (gostar, amar) participando quer directa ou indirectamente nas acções culturais em que são tocados esses instrumentos, independentemente da acção do Estado.

Acabamos de analisar os instrumentos tradicionais são-tomenses e constatamos que a sua origem ou aparecimento não é exacta, uma vez que não há documentos que comprovam essa existência, apesar disso estamos certos de que cada um desses são elementos preciosos da nossa identidade constitui o nosso património histórico-cultural, um património que acarreta em nós a necessidade de valorização e preservação, facto este que nos levou a compará-los desde o início do trabalho, a uma pérola preciosa.

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Desta feita terminamos, este trabalho, convictas de ter conseguido alcançar os objectivos pretendidos – consolidar conhecimentos.

Não será preciso dizer que estamos à espera da sua contribuição. Um breve comentário, sugestões ou correcções. Estamos à espera. Obrigada.

Sebela, Adjamila e Sara

12ªB

Pagá-Devê e Plo-Mon-Dessu

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Foi com o imenso prazer que recebemos a tarefa de desenvolver o trabalho acerca de Plo-Mon-Dessu e Pagá-Devê. Sentimo-nos desde já gratos à professora Marta Gomes por nos ter incumbindo desta tarefa, bem como ao senhor Ayres major, funcionário da Casa da Cultura, que nos ajudou a conceber de melhor forma este trabalho.

Como todos sabem, o continente africano foi desde sempre caracterizado por variadíssimas práticas culturais ligadas ao binómio cristianismo/paganismo. S.Tome e príncipe, sendo um país Africano não foge à regra.

É neste sentido que no âmbito da disciplina de história e património foi-nos incumbido um trabalho acerca das manifestações culturais santomenses, mas concretamente «Pagá-Devê» e «Plo-Mon-Dessu», no qual abordaremos diversos temas como: o que significa Pagá-Devê? Os caprichos de Pagá-Devê, qual a sua importância para a população e possível ralação de Plo-Mon-Dessu com a igreja, a evolução do conceito Plo-Mon-Dessu, valorização do mesmo e Pagá-Devê enquanto elementos patrimoniais de S. Tome e Príncipe.

Ao longo do trabalho deixaremos depoimentos de factos verídicos ligados à Pagá-Devê e abordaremos alguns aspectos acerca do Plo-Mon-Dessu.

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A noção de divida, assume na cultura são-tomense um carácter metafísico. O termo Pagá-Devê tem haver com algo submisso ao real, ou seja, dever alguém é ter alguma coisa por dar, portanto pagando o que deve ao individuo fica-se livre, de bem com o mundo e consigo mesmo.

Neste sentido quando se fala de uma vida exterior ao nosso mundo real, parece um pouco confuso entender e remete-nos para termos e crenças que deveremos tentar compreender, assim foi o nosso caso para melhor desenvolvermos este trabalho.

«Se estabelecermos uma relação com um mundo para além do nosso, é possível reconhecer que as pessoas trazem dívidas do outro mundo para este embora ficando esquecidas, que podem vir a afectar-nos de forma dramática.«

Esta amnésia é porem complexa: ninguém normalmente sabe se é devedor, a não ser que consulte um mestre para desvendar o seu passado metafísico.

Normalmente nunca se encontra um são-tomense interessado em saber se é devedor ou não. Pois o indivíduo que tem uma boa saúde, estabilidade económica, ausência de problemas matrimoniais, que é fértil, e é sexualmente activo, tem todos os indícios de que não tem dívidas para com o “outro mundo”.

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Segundo o depoimento da avó Alice uma senhora de 68 anos, o devê é como uma maldição que trazemos do outro mundo. ela disse-nos que nem todos o trazem, somente aqueles que em outra vida deixaram alguma questão pendente com uma outra pessoa que neste caso deixa de ser pessoa e passa a ser espírito, e que atormenta o individuo até que o pague tudo o que deve.

Devemos confessar que está questão no princípio até nos parecia uma fantasia, mas com o trabalho passamos a ser conhecedores de testemunhos verídicos que vos iremos transmitir ao longo do trabalho.

Existem devê que podem ser pagos em diversos lugares consoante a vontade dos espíritos.

A senhora fez-nos saber, também, da existência dos devê que não se conseguem pagar à primeira, segunda, nem na terceira vez, como o exemplo uma senhora que chegou a pagá-lo dezassete vezes mas sem sucesso, só pela 18º vez é que ficou totalmente curada, isso porque os espíritos exigem coisas diversas como: comida, doces, flores, mesas, pratos (de vidro e de barro), açúcar e outros. Quando alguma dessas coisas não é entregue, tudo tem de ser feito novamente.

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Esta questão do «Pagá-Devê» obriga-nos a levantar algumas questões: será que não passa de um mito inventado? Será que os mantimentos que os curandeiros pedem em nome dos espíritos não serão apropriados pelos mesmos após o ritual?

Quanto à primeira questão não estamos em condições de responder, apenas podemos dar o nosso ponto de vista, pode até ser um mito inventado, mas que tem alguma relação com a realidade isso não podemos negar, os factos falaram por si, e quanto à segunda pergunta, geralmente quando os devê são pagos, esses objectos são atirados ao fundo de mar e ou do rio.

Partilhamos da mesma opinião que é, existe uma relação entre a teoria da reencarnação e o Pagá-Devê, em que ambas defendem existir uma vida antes desta, ou seja, num outro mundo para alem deste, e no caso de Pagá-Devê trazemos algumas maldições que precisam de ser curadas. Se for uma invenção serão os curandeiros os autores da mesma.

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Como já se puderam aperceber, a cerimónia de Pagá-Devê pode ser realizada em vários locais entre os quais numa praia.

O curandeiro e os seus tocadores “músicos”, acompanhado do devido “noivo” e a sua noiva e em média 8 crianças, dirigem-se a uma praia e num local isolado da mesma prepara-se tudo: o noivo veste-se de calças e camisas de manga e punho e a noiva com um vestido branco e véu. Após isto, o curandeiro junta vários tipos de comida como por exemplo: bolos, carne, arroz-doce entre outros num só prato branco. De seguida é entregue às crianças vários objectos como: colchões, almofadas, bandeiras, tudo feito de madeira. Algo importante a reter, as crianças não podem olhar para trás principalmente os noivos.

Depois de tudo preparado, dirigem se ao mar tocando e cantando (ô ô deçu padê lecebé ofeta de Esmy, o devido).

Já no mar o curandeiro atira tudo para o mar colocando depois um anel na mão dos noivos simbolizando o casamento. Após este ritual regressam cantando uma nova música (viva toda gente, viva, viva) rodeando e cantando em volta da mesa onde se faz por fim o banquete.

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Infelizmente, o Pagá-Devê, não é devidamente valorizado em S. Tomé e Príncipe enquanto elemento cultural, assim, actualmente cada vez mais, torna-se difícil encontrar curandeiros (mestres) para dar continuidade a uma das crenças mais, misteriosas deixadas pelos nossos antepassados.

O que se deve a este facto?

Uma das explicações é que com o passar do tempo, os mais velhos têm falecido, levando com eles os conhecimentos do “ Pagá-Devê”. Esta crença é pouco valorizada pela nova geração, numa só família podemos encontrar: bisavó, avó, pai e filhos curandeiros, o que nos leva a considerar os curandeiros como um cargo herditáio, passada de geração em geração, e que agora está nas mãos dos filhos que pouco ou nada têm feito para sua continuação.

Podemos salientar que hoje em dia os curandeiros, não são vistos com bons olhos, geralmente quando se fala de curandeiros associa-se a feitiçaria o que tem levado muitos jovens a não seguir esta área, ou seja, muitas são as pessoas que não o consideram como um elemento cultural.

Quanto à Direcção Geral da Cultura, vimos não dar importância a esta prática enquanto elemento cultural porque considera não haver nenhuma relação entre a direcção e o chamado Pagá-Devê. Segundo as entidades estatais essa crença é relativamente importante, mas trata-se de um elemento cultural que é praticado de forma singular na qual o curandeiro se responsabiliza por todos os bens necessários para a tornar possível.

Assim, a Direcção Geral da Cultura, não pode dar apoios nem donativos de modo a promover este elemento cultural (pois não o considera como tal), como faz com outras manifestações, que em conjunto, tornam S. Tomé e Príncipe rico pela pluralidade cultural existente.

S. Tomé e Príncipe, enquanto um país rico pela sua pluralidade cultural, foi desde sempre marcado por diversos elementos culturais originados pelo encontro de vários povos ao longo da sua história. Podemos encontrar no meio desta diversidade o Plo-Mon-Dessu, que pode ser considerado um enigma dentro dos diversos elementos culturais são-tomenses.

PLO-MOM-DESSU

Como o próprio nome indica, significa pela mão de Deus.

É uma prática ritual/cultural que consiste em evocar o nome de Deus pedindo que traga saúde, bens financeiros, paz, alegria e outros bens que levarão ao benefício do evocador e seus próximos. Porém, esta prática não serve só para pedir a Deus coisas boas, ou seja, assume também um papel maléfico, consoante a necessidade do evocador (de praticar o bem ou mal).

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Desde há séculos até algumas gerações atrás, via-se nas noites de quinta-feira santa nas capelas, em diversos quintais, indivíduos rezando e cantado. Por um lado o orador expunha o assunto e a assembleia respondia. Com o decorrer do tempo esta manifestação tal como tantas outras foram proibidas pelas autoridades coloniais. Este facto deveu-se à recusa dos são-tomenses em trabalhar nas roças, servindo assim como castigo à desobediência.

Por outro lado os colonos achavam que durante esta manifestação os praticantes estariam a conspirar contra os mesmos. Ora, depois de descolonização o Plo-Mon-Dessu surge totalmente diferente, ou seja, houve uma evolução no que concerne aos procedimentos desta prática cultural.

Actualmente, o Plo-Mon-Dessu é representado ainda nas quintas-feiras santas, porém durante a actuação exibem-se marionetas e também um grande boneco feito de corda de bananeira, vestido de preto denominados “Mé munhangú” que no decorrer da apresentação é levado a espancar. O mesmo simboliza Judas (que traio Cristo) e que no fim da apresentação é queimado.

Tudo isto foi introduzido pelo senhor Capela residente em Ototó e que faz parte do único grupo actualmente existente nos país. Todavia, o mesmo grupo está a um passo do desaparecimento, isto porque, o senhor capela “mestre” encontra-se muito velho e (segundo o mesmo) o seu possível sucessor “neto” ainda não sabe muito acerca desta matéria.

Foi com este famoso grupo, que já actuou em diversas zonas de Portugal, que foi introduzida uma nova vertente no Plo-Mon-Dessu, o chamado “Mé-munhangú”, que consiste em espancar um boneco preto de folhas de bananeira com o formato de homem simbolizando Judas “ traidor de Jesus Cristo”. Tudo isto leva-nos a considerar que existe uma relação entre Plo-Mon-Dessu e a crença cristã, na medida em que tal como no cristianismo, no Plo-Mon-Dessu existe a presença de Cristo e Judas, pelo que é fácil deduzir que esta é uma prática de influências cristã e que está relacionada com o catolicismo. Por outro lado, vimos que o ritual do Plo-Mon-Dessu, tem o seu ponto de partida na capela evocando cultos e rezas próprios do crente católico.

Desde o surgimento do Plo-Mon-Dessu até então, tem-se verificado um declínio existencial desta actividade cultural. É de lamentar a actual situação em relação a prática do Plo-Mon-Dessu, no que diz respeito a sua valorização, visto que em algum momento da nossa vida iremos sentir falta de algo que nos identifique e diferencie de outras povos e culturas. Precisaremos dos nossos elementos culturais específicos que nos identificam e tornam únicos na pluralidade de culturas existentes. Choca-nos a existência de apenas um grupo responsável por esta actividade, grupo este liderado por senhor Capela, homem já de idade avançada, que não tendo a quem deixar/transmitir os seus conhecimentos levará ao desaparecimento desta actividade espiritual mas também cultural, na medida em que é expressão de um povo, do nosso povo.

O Plo-Mon-Dessu constituiu, outrora, uma das principais práticas religiosas/pagãs e hoje anuncia-se o seu fim de forma dramática para a cultura são-tomense. Segundo os funcionários da Direcção Geral da Cultura, esta instituição tem dado todo o apoio necessário para promoção e a continuação deste grupo, incentivando o líder a fim de passar o testemunho as pessoas mais jovens, mas é preciso que esses jovens estejam interessados em receber esse testemunho e pelo que parece, não estão. Este grupo foi desde sempre um dos mais destacados de S. Tomé e é considerado o grande sobrevivente dentre muitos outros que ao longo dos anos foram desaparecendo

Tudo que tem nome de trabalho, exige esforço por parte dos que o fazem, este não fugiu à regra, foi com muito esforço, vontade e ajuda de algumas pessoas que conseguimos concretizá-lo.

Após o mesmo, consideramos que enriquecemos os nossos conhecimentos culturais ligados ao tema, estando agora em posição de dar a conhecer dois dos muitos elementos culturais que tantos valorizam a nossa cultura: Plo-Mon-Dessu e o Pagá-Devê.

Ao longo do nosso trabalho evidenciamos a importância da valorização e preservação destes mesmos elementos patrimoniais e foi com muita dor que constatamos a desvalorização destas mesmas actividades que tal como outras caminham a passos largos para o desaparecimento.

Urge uma melhor valorização e promoção destas actividades, pois, os nossos netos poderão a nunca poder observar estas e outras. E quanto a leitura sobre as mesmas é também quase impossível devido aos escassos estudos existentes.

Obviamente esperamos pela seus comentários. Não deixe de os fazer. São indespensáveis para consolidação do nosso trabalho. Ei! Está aí? Então vá... deixe a sua opinião. Obrigada.

Berlindo, Amarildo e João

Ø Valverde, Paulo; Mascara, mato e morte: Publicação patrocinada pelo instituto português de livro e biblioteca e ministério da cultura, celta editora

Ø Povô Flogá

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Cuá Nón - Bulawê e Ússua

«Cuâ nón» tem como significado: «A nossa coisa, o que é nosso e o que nos pertence». Por isso vamos desenvolver este trabalho, cujo único objectivo é o de proteger e salvaguardar o que é nosso.

Sendo a nossa cultura o nosso bilhete de identidade e aquilo que nos marca, faz parte de nós e não o podemos negar. Pois é o caso da nossa «Ússua» e «Bulawê».

É com este espírito de valorização que tentaremos revitalizar estas duas riquezas culturais.

Este trabalho foi elaborado com o objectivo de revitalizar o que hà muito se encontrava adormecido, não só pela falta de registos documentais, como também devido à pouca importância dos habitantes em preservar a mesma.

«Bulawê» e «Ússua» fazem parte da imensa variedade cultural que não está sendo valorizada pela nossa sociedade e que está a desaparecer. Entretanto procuramos diferentes informações tendo por base vários grupos culturais e pessoas individuais, de forma a interagir com as mesmas e ter uma ideia geral daquilo que é o «Bulawê» e a «Ússua», passando a saber a origem das mesmas, a forma como são dançadas e os instrumentos utilizados para produção do som.

De acordo com essas mesmas informações e com as entrevistas realizadas, focamo-nos um pouco no passado, relacionando-o com o presente, de forma a analisar quais foram as modificações que foram surgindo ao longo dos tempos, bem como a forma de encarar estas e outras manifestações culturais em S. Tomé e Príncipe.

Esta é uma das manifestações culturais que não apresentam registos documentais, e da qual passamos a saber a sua verdadeira origem. Porém continua sendo a mais valorizada e a mais dançada no país.

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Tendo em atenção a falta de informações reveladoras do aparecimento do «Bulawê», resolvemos fazer uma pesquisa tendo por base recolha de informações aos diferentes grupos de «Bulawê» existentes no nosso país.

A mesma surge com base no «Sócopé» dança tradicional exibida com apitos de bambu feitos de forma tradicional, tambores, canzã, chocalho e ferros.

O grupo é composto por pessoas de ambos os sexos, tocando, cantando e dançando, alegrando pequenas festas tradicionais e não só.

Com grande aderência da camada mais idosa como meio de diversão, deixou para trás o famoso «Sócopé». Entretanto, até hoje não houve nenhum trabalho de fundo que possa justificar o tal famoso nome «Bulawê». Contudo há vozes que dizem que este nome surgiu num ambiente em que o grupo saboreava bulas locais.

Hoje existem grupos em vários bairros, vários grupos de «Bulawê» cada um com o seu nome, distraindo a comunidade. A comunidade de Angolares é a mais empenhada na formação destes grupos musicais.

Não se sabe ao certo qual é a primeira localidade onde nasceu «Bulawê», mas conheceu-se o primeiro grupo famoso. O Bulawê Zequentxê de Ponte Graça.

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A «Ússua» é uma dança de salão tradicional são-tomense, que teve a sua origem na Europa. A mesma parece ter sido copiada durante o período colonial pelos trabalhadores africanos que assistiam os patrões a dançar durante as suas actividades. Sendo transformado pelos santomenses em música nacional.

O movimento compassado e o ritmo agradável da mesma eram assinalados tendo por base um instrumento de sopro (corneta), que cessava a continuação da dança para novos movimentos.

A «Ússua» é dançada através de uma inter-relação entre homens e mulheres, na qual há um agrupamento em fila indiana. De um lodo os homens e de outro as mulheres composto por mesmo número de elementos, vestidos a rigor. Durante o compasso há um relacionamento entre os dois grupos, uma vez para cada par, num movimento sucessivo e coordenado, onde se dirigem a pares e um de cada vez para o centro do salão fazendo a sua demonstração. Com a introdução de novos movimentos os pares distribuem-se pela sala fora, dançando agarrados até que a música termine.

Em S. Tomé, não se sabe qual foi a primeira localidade onde surge a Ússua, mas conhece-se o grupo mais emblemático desta dança. A Ússua de Sum Camblé, ou seja, a Ússua do Sr. Camblé do distrito de Mé-Zóchi. Com a morte deste (Sum Camblé) é como se tivesse morrido a ússua nacional.

Assiste-se ainda hoje à dança da mesma, pela mão de vários grupos nacionais como o cruzilênse e obolênse, como também nas actividades escolares e culturais. Porém, em alguns casos, essas danças não passam de uma imitação ridícula e imperfeita daquilo que é a verdadeira ússua.

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Como é de notar, para a existência da música torna-se necessário a utilização de instrumentos musicais, que possibilitam essa mesma produção, contribuindo assim para a prática da dança. Com isso, é de notar que a «Ússua e o Bulawê» também possuem os seus instrumentos musicais, por serem também grupos musicais e de dança. Neste caso podemos salientar alguns instrumentos utilizados para a realização dessas duas actividades.

No «Bulawê» há predominância de alguns instrumentos antigos, feitos de forma tradicional como: tambores, tabaque, ferro, chocalho, pau e boles. Hoje em dia há uma predominância dos instrumentos modernos, tais como: viola, piano, micro, colunas, tambores modernos e mesa de mistura.

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Na «Ússua» a música tem a sua origem na base da corneta, feita de madeira ou chifre de animais. Actualmente, a dança “ússua” provém de sons ou músicas já gravadas ou tocadas ao vivo, na qual se utiliza também pianos, violas, colunas, microfone, mesa de mistura e tambores. Todos eles modernos.

Ao longo deste trabalho vimos que a cultura marca a identidade de um povo. A mesma irá de terminar o fazer e o viver de um determinado grupo, dela fazem parte vários modos de relacionamento entre as pessoas, onde se conjugam diversos elementos materiais e simbólicos. Destacam-se: crenças, teorias, construções, objectos, valores, leis normas, costumes e arte.

Deste último fazem parte a música, a pintura, a escultura e o teatro, que expressam os modos próprios de uma sociedade.

Em S. Tomé pode-se dizer que a arte representa um recurso turístico de grande valor, que por intermédio da actividade humana poderá satisfazer as necessidades turísticas de S. Tomé e Príncipe.

Podemos por meio dessa intervenção promover o turismo cultural, no qual os visitantes poderão ver cosais novas, aumentar os conhecimentos acerca da cultura nacional e conhecer os nossos hábitos e costumes.

Sendo assim resolvemos propor as seguintes estratégias de modo a que a nossa cultura possa vir a ser uma oferta turística disponível aos visitantes e não só. As mesmas são:

· Promoção de concursos entre diferentes grupos,

· Criação de salões de convívios ou cinemas para actividades nocturnas de «Ússua e Bulawê»,

· apoiar os grupos na aquisição dos instrumentos e outros matérias e possibilitar saídas de grupos para actividades no estrangeiro.

Para que estas propostas possam a vir tornar-se realidade é necessário também que o estado faça sua parte, como:

· A implementação de actividades escolares em que entram estas e outras actividades culturais,

· Sensibilizar a população para a valorização dessas práticas, criando programas televisivos, nos quais se promova a cultura

· Promover actividades locais e nacionais visando a expansão cultural do país. etc.

Anteriormente, durante as actividades do Bulawê, não era comum a utilização de trajes especialmente confeccionados para esse fim. Cada um vestia-se à sua maneira, consoante as suas possibilidades.

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Actualmente nota-se em vários grupos de Bulawê, que os seus membros utilizarem “membras” (roupas idênticas) que os diferenciam do público envolvente. As mulheres utilizam geralmente panos que envolvem a cintura até as pernas ou saias compridas, blusas e lenços. Por outro lado, os homens encontram-se trajados de camisolas ou camisas e calças. Todos eles feitos com tecidos africanos.

Na “ússua” verifica-se o predomínio de trajes tradicionalmente são-tomenses. Pois é uma manifestação cultural onde os elementos se encontram trajados a rigor.

As mulheres vestem quimono acompanhado de saias compridas, túnica, lenços colocados a rigor de forma que caia bem na cabeça. Por outro lado, os homens encontram-se trajados de calças e sapatos pretos, camisas brancas, casacos e gravatas bem colocadas, chapéus de palha deslocado para o lado lateral da cabeça e uma toalha que serve para limpar o suor e não manchar a roupa.

Depois de um pequeno estudo e de uma breve análise acerca da nossa cultura, em especial a Ússua e Bulawê, constatamos que o Bulawê é uma das manifestações culturais com mais aderência por parte da população, o que contribui para criação de novos grupos e consequentemente uma maior valorização.

Por outro lado encontramos a Ússua que não sendo muito valorizada pela população está em vias de desaparecer. A mesma só é vista nas actividades escolares e de vez em qunado em algumas actividades culturais mais importantes, ao contrário de Bulawê que se encontra em todas as actividades culturais, festas de zonas, discotecas e outras festas. Portanto, com as entrevistas realizadas podemos observar que a população possui um maior conhecimento de Bulawê em relação à Ússua, facto este que não nos permitiu ter acesso a algum grupo de Ússua como forma de ver de perto a mesma.

Da mesma forma que leu o nosso trabalho, será com imenso prazer que iremos ler os seus comentários e sugestões que tenha a fazer. Contribua para o enriquecimento de todos nós. Obrigada por não se ter esquecido de nós.

Aicyla, Carlos e Kelves

12ª B

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Bibliografia

Espírito Santo, Carlos – Coroa do mar

Reis, Fernando, Povo Floga, Ed. Câmara Municipal de S.Tomé, São Tomé 1969

Socopé ou Bilanguá

Tal como todos os países africanos, S. Tomé e Príncipe, embora um arquipélago, também se encontra grandemente revestido de inúmeras manifestações culturais.

Estas exaltam os nossos valores, as nossas crenças, as nossas tradições, os nossos ritos, isto é, aquilo que genuinamente fomos, somos, e sempre seremos – Homens Livres, Forros, de facto alforriados pela natureza.

Mas, o que de facto é o Socopé? Qual a sua origem, o seu significado e a sua evolução? Quais os seus rituais? Qual o parecer da sociedade relativamente á esta dança? Qual a entidade responsável pela sua supervisão e andamento?

Estas são algumas questões pertinentes cujas respostas serão reveladas ao longo da explanação do nosso trabalho, além de outras que também contribuirão para o aguçamento dos nossos e vossos saberes no que se refere ao Socopé ou Bilanguá.

O nosso objectivo neste trabalho é definir de forma mais íntegra possível o que de facto é o Socopé ou Bilanguá. Ora, como sistematicamente nos foi transmitido, é uma das danças tradicionais de S. Tomé e Príncipe. Mas perguntamos: Qual o verdadeiro significado do termo dança? O que denota a palavra tradicional?

Bem, dança corresponde à execução rítmica de movimentos do corpo, geralmente acompanhados por música, podendo o ritmo ser ou mais lento, ou mais rápido. É também um dos meios pelos quais expressamos exteriormente as nossas emoções, atitudes e valores, muitas vezes de alegria, e raras vezes de ódio e vingança (conforme manifesto nas danças de guerra).

Essas emoções reveladas nas danças são realçadas por trajes apropriadamente coloridos, ou por divisas e galões.

Quem dança tem arte. Desde os tempos mais antigos, de acordo com o que veremos na história da dança Socopé.

A dança é usada por todas as raças como meio de expressão emocional, principalmente, no que se refere á adoração e a tradição. O Socopé não foge á regra. Assim, «os motivos e objectivos das próprias danças, as suas finalidades anunciadas, os movimentos dos corpos dançantes e as ideias transmitidas por eles aos espectadores são coisas importantes a considerar», pois, isto constitui um elemento identificador de um povo.

Contudo, também vimos que a dança faz parte de uma determinada tradição, ou seja, «informações, doutrinas ou costumes, transmitidos dos pais para os filhos ou que se tornaram o modo estabelecido de pensar ou de agir». Etimologicamente, o termo tradição vem do grego «paradosís» que significa, literalmente, «coisa entregue em adição» é, portanto, o que é transmitido por via oral ou escrita.

Agora sim, podemos dizer, consciente e convictamente que o Socopé é uma dança tradicional, isto é, prática cultural que nos foi transmitida por nossos pais e avós, maioritariamente por via oral, como é o caso do Socopé.

E interessante que o Socopé, conforme dito pelos santomenses, corresponde á pronúncia errada de «só com os pés ou só com o pé». Quanto a como e quando começou, ninguém sabe. Mas, garante-se que, de entre todas as outras, é a dança mais genuinamente santomense.

Supõe-se que ela tenha tomado o lugar do «lundum», dança mais antiga de S. Tomé, que possuía um conjunto musical composto por três elementos: a dunfa, que representa o bombo, a caixa média e caixa requinte, ambas feitas de pele de aro e casca de madeira. Mas, há quem diga que não. Mas, isto não interessa. O que interessa é que a dança é pura de S. Tomé. Ela é composta por duas partes: a feminina, e a masculina.

As senhoras vestem quimonos (blusa tradicional de vários modelos, feitios, e cores, utilizadas pelas senhoras de S. Tomé e Príncipe, quer nos expedientes quotidianos, quer nas festas religiosas e populares) e saias. Por outro lado, os senhores usam nas camisas fitas e distintivos. Também as senhoras usam distintivos, que assumem a forma de bandas coloridas que lhes atravessa o peito, além de fitas atadas nos seus chapéus e lenços.

Como forma de expressão cultural, as danças tradicionais, existiam desde outrora e sempre estiveram presentes em várias civilizações.

Será que com o passar do tempo as danças se alteraram? Poderão estabelecer-se paralelos entre as danças actuais e as antigas? Bem, é natural e lógico que as culturas evoluam com passar do tempo, sendo o Homem o produtor da sua própria cultura, não é um ser isolado, mas sim, um ser sujeito a várias influências; influências estas que se intensificaram ainda mais com a globalização. No entanto, evolução não significa necessariamente, alteração total ou modificação radical. É exactamente isso que se pode observar nas danças tradicionais de S. Tomé. Em geral, estas evoluíram, mas as suas características fundamentais permanecem.

Entretanto, se analisarmos atenciosamente os rituais do Socopé, seremos capazes de estabelecer paralelos entre ela e algumas danças da antiguidade. Por exemplo, tal como nas danças Babilónicas, o Socopé também está ligado a cortejos e procissões, existindo, também, uma fusão entre elementos religiosos e pagãos.

As tendências religiosas são visíveis nos dias em que respectivos grupos de Socopé realizam a celebração do seu aniversário, pois reúnem-se na Igreja em companhia dos seus diversos «santos». Não obstante, após o pequeno culto, a festa pagã segue-se com seus ritos e práticas. O Socope´ é normalmente representado no mesmo dia em que outras danças tradicionais se exibem.

Antes do Socopé propriamente dito, faz-se uma cerimónia introdutória. Mais do que todas as outras, o Socopé é uma dança tradicional cujo ritual é complicado, mas que todos os participantes o acatam obedientemente, apesar de não existir nada escrito. Os respectivos membros do grupo sabem que começam por se sentar ordeiramente numa mesa, cada um no seu devido lugar, tendo em conta o seu grau de importância. Esta é a posição correcta para a refeição que á deve ser servida a estes no final da noite (23:00). Estes tomam as suas posições ao som do apito tocado pelo presidente do grupo. Cada toque do apito resulta num acto por parte dos membros recostados á mesa. O primeiro toque implica a aproximação do grupo a mesa. Ao segundo, põem-se em fila ao redor da mesa. Ao som do terceiro apito, todos devem acenar com as mãos, fazendo continência ao presidente. Ao toque do quarto, sentam-se na mesa, e por último, ao toque do último apito, todos começam a comer. Mas entre os toques de apitos, há longos intervalos de tempo. Após a ceia, todos estão fisicamente energéticos; depois se levantarem da mesa e de se terem organizado, hasteiam a bandeira da sociedade da qual fazem parte. Isto é sinal de que a exibição do Socopé vai começar. Ordeiramente, entoam as suas melodias, marchando. Esta marcha avança tão vagarosamente que o grupo é obrigado a parar, repetidas vezes, para se reorganizar, por causa da desordem dos espectadores que acompanham activamente a marcha.

Com a marcha, pretendem chegar ao quintal do dirigente da festa, pois os grupos de Socopé normalmente actuam em ocasiões (festas), para as quais são convidados especiais. Mal chegam ao quintal do anfitrião, ainda acompanhados dos observadores ansiosos, um garoto, por designação, coloca um banquinho (mocho de madeira) ao lado da pessoa que irá discursar. Este, por sua vez, põe-se sobre o mocho, e insta silêncio, pois a barulheira é enorme, obedientemente todos se calam. O orador começa por homenagear os realizadores do festim, por se encarregarem de cobrir todas as despesas feitas em prol da festa. Depois bombardeia todos com sátiras, ditos grosseiros, maliciosos e ordinários. Porém, entre os espectadores, estes suscitam riso. O ambiente torna-se totalmente risonho.

Similar a quase que todas as outras danças tradicionais de S. Tomé, o Socopé obedece a uma hierarquia, embora a do Socopé seja mais complexa e numerosa. Quer na parte masculina, quer na feminina. Temos o presidente, o vice-presidente, o presidente do conselho, o comissário, o presidente do caminho-de-ferro, o secretário, o inspector do cântico, o comandante do cântico, o primeiro cantor, sócios, tocadores, cantores e dois chefes de trânsito. Nesta sequência, o que tem mais responsabilidades é o presidente, pois é este quem tem a tarefa de supervisionar o grupo em todos os aspectos. Mas além do presidente, todos eles têm as suas funções; funções estas que pertencem única e exclusivamente a eles. Ninguém se intromete nelas.

As senhoras formam pares com senhores da sua categoria (por exemplo: o presidente com a presidente). Os respectivos pares enlaçam as suas mãos e marcham, dando seis passos tradicionais. O resto é deixado à mercê dos dançarinos, que influenciados pelo toque da música, dançam euforicamente. A dança é capaz de quebrantar os grilhões do receio e da vergonha. Com poucos intervalos de descanso, dançam, cantam e tocam até o amanhecer do novo dia.

Os santomenses constituem uma “nação” com um enorme potencial criativo. Embora influenciados pela chamada globalização, que de facto de uns tempos para cá, tem causado grandes repercussões no que se refere à nossa tradição e à nossa cultura, estes não dão grandes margens para o desenraizamento total das suas potencialidades criativas, em especial no âmbito cultural. O povo santomense é grandemente caracterizado pelas suas músicas. Mas, ao falarmos de músicas, obrigatoriamente temos que fazer menção detalhada ao conjunto responsável pela produção de sons presentes nas músicas – instrumentos musicais.

O Socopé enquanto dança tradicional é a que, provavelmente, usa menos instrumentos musicais. É interessante, que alguns destes instrumentos musicais advêm de coisas simples, acessíveis muitas das vezes aparentemente insignificantes, mas que os tocadores usam tão bem, fazendo-os produzir sons extraordinários.

Este é o caso do chamado pó mamom (português: pau de mamão), que é adquirido do tronco do mamoeiro. Este, depois de preparado, produz sons quase que idênticos ao dos trombones de vara. Além deste, também usam dois tambores, que são indispensáveis. Também é comum incluir-se duas sacáias, instrumento musical que consiste num cesto clausulado, de pequena dimensão, cheio de grãos de salaconta (chocalho tradicional) e por último, além de um par de ferrinhos, costuma-se usar dois canzás – instrumento musical similar ao Reco-Reco, que consiste num pau dentado, onde se esfrega outro pau afim de emitir um som seco e contínuo. Resta ter a capacidade de manejá-los correctamente, fazer convergir os seus sons e temos o Socopé «feito».

Desde outrora que o modo como as pessoas se vestiam, especialmente nas manifestações culturais, servia de marca identificadora para as mesmas. A forma de nos vestirmos em determinadas ocasiões, reflecte a nossa personalidade, as nossas crenças, as nossas emoções e os nossos sentimentos. Só para exemplificar, o uso frequente de roupas pretas (brancas ou roxas – dependendo da cultura) aplica-se a pessoas que perderam os seus entes queridos. Neste caso, a vestimenta reflecte os sentimentos de pesar, de tristeza e desgosto.

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Bem, felizmente este não é o caso da vestimenta predominante no Socopé. Antes, pelo contrário, as cores das roupas são vivas e tão vistosas que logo soltam à vista, quer no que diz respeito à indumentária feminina, quer masculina. As senhoras envergam quimonos e saias, conforme já se salientou. Além de já haver cores no facto, usam panos coloridos que lhes atravessa o peito, fitas nos lenços e nos chapéus. Por outro lado, os homens usam uma roupa mais formal, e em simultâneo, divisas e distintivos nas camisas que atestam a sua posição elevada.

A música é um meio pelo qual os humanos podem dar expressão às suas emoções, tristezas e alegrias. O expressar alegria aplica-se directamente ao Socopé, pois embora esta seja simples e acessível, quer no som quer nas palavras, ela transmite uma inspiração tão forte quer aos dançarinos quer aos espectadores, que raramente se verificam intervalos na dança e estes dançam ao som da musica até à manha seguinte.

O som do Socopé limita-se a estar em consonância com o coro emitido por quase todos: pelos dançarinos, pelos tocadores e pelos próprios representadores. E é importante referir que as músicas do Socopé são sempre cantadas em dialecto e as suas letras dizem várias coisas. Umas vezes satirizam o governo, os representantes do país, outras as práticas da sociedade. Mas algumas há que apelam ao amor, à harmonia e à fé de cada um.

Embora o ritmo das músicas do Socopé seja cadenciado, reporta-nos para algo de triunfante, para como que uma celebração de marcha e de glória. Actualmente existem poucos grupos de Socopé activos em comparação os tempos passados, no entanto, cantores nacionais tais como Nilo Galego e Garrido (Equipe SomMaster) têm dado prosseguimento a este tipo de música, valorizando assim o nosso património cultural.

Para qualquer país se desenvolver culturalmente, é preciso haver um interesse manifesto de toda a população de modo a promover a sua cultura. Sobretudo em S. Tomé onde existem tantas expressões culturais. O Socopé é apenas uma entre tantas outras, tipicamente são-tomenses; mas tem-se notado que esta dança está a perder o seu valor, uma vez que as pessoas têm mais interesse por outras, apesar de terem surgido, nos últimos anos, vários grupos para a divulgação e promoção da mesma. Por esta razão é importante que se verifique a consolidação destes grupos culturais. Ao recolhermos depoimentos de algumas pessoas na rua, concluímos que poucos têm vontade de aprender esta dança.

Este trabalho, tem como objectivo, exortar a todos os santomenses à acção, isto é, embora pareça (para muitos) ser tarde demais para isso, o desaparecer ou o permanecer daquilo que é nosso por direito legítimo muito dependerá de quando e como agiremos.

Os santomenses são livres, foram literalmente e felizmente libertos dos grilhões que os aprisionavam, mas podemos concluir e o leitor poderá concluir também que numa perspectiva lógica e sem nos apercebermos nos estamos enlaçando novamente. Liberdade é sinónima de identidade única e própria. Assim se nós continuarmos a permitir que a nossa cultura, a nossa tradição, em suma a nossa identidade, desapareça com a intensidade com que está desaparecendo, também perderemos o que nos caracteriza enquanto forros, ou seja, a nossa liberdade, pois deixaremos de possuir o nosso bilhete de identidade cultural.

Não é que tenhamos que optar pelos extremos e sermos fundamentalistas e impedirmos a entrada de qualquer influência estrangeira, mas também não deveremos ser permissivos ao ponto da apatia e aceitar quer a exagerada aculturação, quer o desarreigamento dos nossos alicerces culturais.

Porém, devemos optar pela razoabilidade, ou seja, seguirmos as orientações do «levê levê», o nosso lema. O ser levê levê que implica reflectir e raciocinar o suficiente a fim de agirmos eficazmente.

Se nós fizemos isso e tendo em atenção o que o ditado popular diz «é do pequenino que se torce o pepino», haverá mais possibilidades de os jovens se dedicarem à nossa cultura se os seus pais ou encarregados de educação ou ate mesmo os seus avós lhes incutirem esses valores desde a infância estaremos a trabalhar para a preservação da nossa cultura e identidade.

Contribua com as suas opiniões e correcções que ache pertinente fazer. Cá estaremos, humildemente, para ouvir aquela que deverá ser a sua sincera opinião sobre o nosso trabalho.

Desde já, agradecemos ter feito parte do nosso esforço para a concretização do nosso trabalho, que passa, também, por si quando está desse lado sentado a ler estas linhas.

Gika, José e Dideltino

12ª B

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Ø SANTO, Carlos Espírito; Coroa do mar

Ø Índice das publicações de torre de vigia – 1991/2000

Ø Povô Flogá

Tchiloli

São Tomé e Príncipe constitui um centro de congregação de vários povos. Como resultado desta mistura, temos a assimilação de várias tradições, costumes e culturas trazidas essencialmente pelas pessoas que vieram trabalhar nas ilhas a título de trabalho contratado.

Assim sendo, São Tomé e Príncipe apresenta, no panorama histórico-cultural, um conjunto de manifestações que consideramos ser o nosso património. Deste modo temos a Puíta, Socopé, Bulauê, Danço-congo, Ússua, Quiná, D’jambi, Deixa, Vindes Menino, Auto de Floripes e o Tchiloli ou a tragédia do Marquês de Mântua e do imperador Carlos Magno.

E é sobre uma dessas manifestações culturais, mais concretamente o Tchiloli, que falaremos ao longo do trabalho.

Tchiloli é uma manifestação cultural que não teve a sua origem em S.Tomé.

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Existem duas versões, controversas que diz respeito ao autor da obra supracitada. A primeira, diz que a obra é francesa, passou por Espanha chegando posteriormente a Portugal. Por outro lado, temos a versão que diz que a obra terá sido escrita por Baltazar Dias, poeta cego madeirense e que foram os portugueses que a trouxeram nas suas naus para S.Tomé.

Além destas versões, existe uma, relativamente desconhecida, que postula que a obra terá vindo do Brasil para o continente africano.

Esta obra faz parte do ciclo da história de Carlos Magno. Baltazar Dias fê-la a partir das canções de gesta, isto é, da obra medieval que retratava as façanhas de Carlos Magno.

Esta obra representada por trupes de teatro convidados por mestres açucareiros do século XVI é de inspiração religiosa, e está ligada à paixão de Cristo e ao imperador Carlos Magno.

Tchiloli, nome crioulo da obra, é uma peça dramática que retrata a tragédia do Marquês de Mântua e do Imperador Carloto Magno.

Conta-nos a história de uma das personagens mais emblemáticas do contexto europeu, o Imperador Carlos Magno, que tinha como único herdeiro o seu filho D. Carloto.

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D. Carloto apaixona-se perdidamente pela mulher do seu melhor amigo, Valdevinos, sobrinho do Marquês de Mântua. Tal facto faz com que D. Carloto, convide Valdevinos para uma caçada. No entanto, durante a caçada, o príncipe ataca Valdevinos pelas costas com uma navalha, causando-lhe um grande ferimento que culmina com a sua morte. Mas, antes da sua morte confessa ao pajem que quem o atacara fora o príncipe. Deste modo, a notícia espalha-se feito rastilho de pólvora, chegando até a corte do seu tio Marquês de Mântua, que, convoca a reunião de família, com o objectivo de apanhar o culpado pelo crime, e de fazer com que o mesmo pague por tal acto cruel.

Assim começa a investigação. O culpado fora descoberto através do pajem, que levava uma carta de D. Carloto ao seu tio Roldão confessando-se assassino de Valdevinos. Contudo, o Príncipe negando-se culpado tenta livrar-se da acusação que lhe pesava com a ajuda do seu advogado. Todo esse esforço em vão, pois, fica posteriormente provado que o mesmo era o culpado e que tinha ser julgado.

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O imperador como alguém justo e imparcial era obrigado a prendê-lo, ainda que fosse seu filho. A rainha tenta persuadi-lo a não fazer tal coisa mas o mesmo permanece firme na sua decisão. Deste modo, a família enlutada sai ainda que triste pela morte de Valdevinos, contente por se ter feito justiça. Como forma de acabar com o conflito entre as duas famílias, o Marquês cumprimenta o imperador felicitando-o pela imparcialidade e humildade com que geriu o caso.

O Tchiloli é hoje uma manifestação cultural, que dada a sua origem demonstra muitas influências europeias, como a dança executada por exemplo pelo Ganalão. Se escutarmos com muita atenção a música, apercebemos que representa as grandes batalhas da Idade Média.

Além das influências europeias, existem também influências africanas como os instrumentos utilizados. Na inexistência dos instrumentos que eram utilizados pelos mestres açucareiros houve a necessidade de introduzirem-se instrumentos africanos. Por outro lado temos outras influências, como por exemplo, a inserção de textos falados por alguns personagens como o ministro, assim como a inserção de novos personagens, os advogados Bertrand e Anderson.

Em S. Tomé e Príncipe, como em qualquer país africano, dá-se grande importância aos ancestrais. Como tal, antes de qualquer manifestação cultural, há como que uma comunicação com os ancestrais.

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Como o Tchiloli é uma manifestação cultural, não foge á regra. Antes da representação propriamente dita do Tchiloli, há rituais e costumes que antecedem o mesmo. Um dos actores do grupo e a sua família fica encarregue de preparar a comida e o vinho da palma. Nas festas religiosas, essa bebida e comida são transportadas á capela. Á frente da estátua, à volta da capela, em becos e nos quintais é depositado o vinho da palma pelo chefe do grupo, que vai pronunciando e chamando pelo nome dos ancestrais, fazendo igualmente o sinal da cruz. É também depositado o vinho da palma e os instrumentos utilizados.

É depois destes rituais que normalmente se representa o Tchiloli. Segundo os actores, com este ritual pretendem dar ânimo ao grupo e chamar os ancestrais a estarem presentes na actuação.

À semelhança de outras manifestações culturais existentes no país, o Tchiloli é acompanhado por um conjunto de instrumentos que enfatizam e demonstram que a peça foi aculturada. Pois, quem ouve o Tchiloli parece ter a sensação de estar a ouvir um som da idade média

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O Tchiloli, escrito no século XVI por Baltasar Dias, poeta cego madeirense, como havíamos dito, foi trazido para São Tomé pelos mestres de engenhos de açúcar, deslocados da ilha da Madeira.

A população local apropriou-se de tal costume e através dos tempos foi construindo o seu próprio espectáculo, onde inclui elementos da sua cultura. É verificável, por isso, que cada grupo respeita a história original, mas, que através da sua originalidade e capacidade criativa, acrescenta novos dados. Por exemplo, na actuação do grupo Florentina de Caixão-Grande é entoado o Hino Nacional com a entrada do Príncipe D. Carloto na cena. Tal não acontece na actuação do grupo Formiguinha de Boa-Morte. De realçar que a máscara utilizada por Reinaldos da tragédia Formiguinha não é idêntica à do Reinaldos da tragédia Florentina.

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Temos por outro lado, vários anacronismos na peça. O que podemos constatar através de alguns elementos como o telefone, a máquina de escrever e a maneira de vestir. Tudo isso, quase que denunciado pelo tempo, pois, o vestuário utilizado, por alguns personagens, na actuação são actuais, e por outro a invenção do telefone e da máquina de escrever não se deu no século em que a obra foi escrita.

Relativamente há alguns anos, os grupos que representam o Tchiloli têm diminuído consideravelmente. Tanto é que actualmente apenas temos os grupos: Formiguinha de Boa–Morte, Florentina de Caixão–Grande, a tragédia de Desejada, Madredense, a tragédia Benfica de Cola–Grande, sendo importante sublinhar o importante papel das festas religiosas para a manutenção de alguns grupos que representam a mesma peça.

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O Tchiloli em relação à população, é ainda um património por descobrir. A nossa população, de uma forma geral, não sabe nada ou quase nada sobre o Tchiloli. Esta actividade pela sua organização, a sua forma de apresentação (harmonia entre a presença de cada personagem, a dança, a acção e a música) constitui uma actividade muito cativante, divertida e atractiva para a população são-tomense, pelo que alguns deles definem o Tchiloli como uma brincadeira criada para diversão.

Para que um património seja valorizado num país, é necessário que o mesmo seja conhecido pela população, tendo em vista os aspectos relevantes que o caracterizem como tal.

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Embora sendo uma peça de origem europeia, o Tchiloli é hoje património cultural são-tomense. Pois, após ter sido introduzido em S.Tomé, passou a ser praticado por são-tomenses e com algumas alterações conforme a percepção do mesmo povo. Temos na obra influências europeias e africanas, que fizeram com que tivéssemos o Tchiloli que hoje temos. O Tchiloli constitui um dos testemunhos da história de S. Tomé e ao mesmo tempo, traço da presença e dominação europeia no nosso país. Ao estudarmos a mesma peça teremos que obrigatoriamente enquadrá-la no contexto histórico do nosso país, e ao enquadrá-la neste contexto, a mesma nos fornecerá provas dos factos ocorridos ao longo da história.

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Portanto, tendo em vista estes aspectos, O Tchiloli deve ser valorizado como património cultural são-tomense e assim sendo deve, também, ser preservado pelos são-tomenses. Mas, para que isso aconteça é necessário desenvolver actividades que permitam a recuperação de todas as manifestações culturais, em especial o Tchiloli e sobretudo, torna-se importante o conhecimento da história por parte da população para que entenda o que está a ver.

Diga-nos o que achou do nosso trabalho. É bastante importante para nós saber a sua opinião. Queremos contribuir para o crescimento do nosso país e com as suas opiniões e sugestões, decerto, estaremos mais aptos a fazê-lo. Obrigada por ter lido o nosso trabalho.

Osana, Odair, Simão

12ª B