Este é um blogue que surge no âmbito da disciplina de História do Património (Professora Marta M. Gomes), inserida na área de Humanísticas - Turismo, dos Cursos Secundários Profissionalmente Qualificantes. Durante o decorrer deste ano lectivo serão aqui colocados excertos dos trabalhos realizados pelos alunos no sentido de dar a conhecer o património existente em S. Tomé e Príncipe, mas também, visando o objectivo de promover turisticamente este belíssimo arquipélago. Pretende-se ainda, promover uma cidadania activa, no que diz respeito à preservação e manutenção do Património existente.

Esperamos que encontre aqui razões suficientes para visitar a nossa casa e para todos os que já aqui vivem, esperamos que consigamos o objectivo de espalhar a mensagem de que é preciso preservar a nossa história a fim de legar às gerações futuras uma herança digna de ser respeitada e apreciada.

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terça-feira, 29 de julho de 2008

Artes plásticas em S. Tomé

As Artes Plásticas são o conjunto de processos pelos quais se atingem a realização do estético e do belo, é a forma que um artista tem para expressar as suas ideias (visão do mundo) numa sociedade através da pintura e escultura. Em todo o mundo existe as artes plásticas, mas em cada sítio, à sua maneira e com seu estilo, tanto é, que as artes plásticas reflectem de certo modo a história, os hábitos, os costumes e os valores de cada país, isto é, a cultura.

Falar das artes plásticas em S.Tomé e Príncipe é falar de um facto recente, pois a mesma tem vindo a se afirmar paulatinamente no país, essencialmente devido às dificuldades dos artistas em adquirirem os materiais (pincéis, tintas, telas, etc.) necessários para poderem trabalhar, também pela dificuldade em exporem as suas obras, pelo pouco interesse da população local e sobretudo pela falta de apoio por parte das entidades competentes.

As artes plásticas constituem um elemento essencial na nossa cultura pelo facto das obras expressarem a realidade do país. Assim, estas são importantes e devem ser preservadas como forma de promover a valorização e a preservação das mesmas, logo, podemos dizer claramente que as artes plásticas constituem o património de um povo visto que cada artista tem a sua visão do mundo, ou seja, é com as artes plásticas que conseguem “libertar-se” e mostrar a realidade do mundo envolvente. Deste modo cada uma delas tem um poder forte na sociedade tomando assim um carácter de património artístico como se verifica nos estudos feitos da lei do património “todas as formas de expressão artística são consideradas património”.

Os artistas plásticos em S.T.P. têm crescido ano após ano, depois de uma primeira fase em que os artistas plásticos eram totalmente desconhecidos. No entanto, actualmente a situação caracteriza-se pela afirmação de vários artistas que embora enfrentem muitas dificuldades, têm o mérito de serem considerados os pioneiros das artes plásticas no país, como Protásio Pina e outros. Após esta fase, tem-se vindo a verificar uma enorme aderência por parte de jovens às artes plásticas. Esta mesma aderência dos jovens tem contribuído muito para a afirmação dos mesmos no país e da classe artística, levando à dinamização do sector e tem sobretudo criado novos valores, o que permite a continuação e a preservação das artes plásticas no país. Mas, para que isso aconteça é muito importante que os artistas estejam qualificados e bem capacitados para tal, assim deveriam empenhar-se mais na formação e capacitação dos jovens para que esta forma de expressividade atinja realmente o patamar pretendido. Além disso, é importante e urgente que atinjamos o patamar desejado por todos para que apareçam novas indústrias relacionadas com as artes plásticas, porque um dos principais problemas que os artistas plásticos enfrentam é a falta de matérias necessários para o desenvolvimento das suas actividades. Assim, se tivéssemos uma indústria de matérias imprescindíveis para as artes plásticas, tais como: pincéis, telas, fura mão, tintas, sendo esta última, o principal problema dos nossos artistas está resolvido.

Além de enfrentarem estes problemas, existe um em particular, os mesmos esperam ansiosamente pela mudança de mentalidade, isto é, a visão de população em relação aos artistas, que é uma visão associada quase sempre aos “marginais”. Portanto, é importante que a população veja-os de forma diferente, porque assim como cada um de nós tem a sua visão do mundo, os artistas também são livres de terem a sua. É preciso mudar a mentalidade e é urgente aprendermos a respeitar as diferenças de cada um, porque todos somos diferentes. É de salientar que a maioria dos artistas retrata a vida da nossa população (modo de vida, desafios do quotidiano, etc.).

O Turismo em S.T.P. nos últimos anos tem vindo a evoluir gradualmente. Esta evolução deve-se, em grande medida à cultura, ou seja, o turista quando viaja para conhecer outros lugares saí com o espírito de conhecer coisas novas (cultura, as pessoas, o modo de vida, hábitos, etc.), tudo isso são os factores principais que influenciam os turistas a se deslocarem. As artes plásticas entram certamente dentro desses gostos dos turistas. Quase todas as artes plásticas retratam ou procuram retratar uma sociedade, um povo, uma cultura e é também através das artes que apresenta-se o país ao mundo.

As artes plásticas tornaram-se num “cartão-de-visita” (cartão postal) de S.Tomé e Príncipe. Actualmente o turismo é a principal fonte de desenvolvimento das artes plásticas no país, o que não deveria ser, visto que a população local também deve contribuir para que a as artes plásticas se desenvolvam na ilha.

Os artistas dizem que se não fossem os turistas certamente os seus trabalhos não teriam razão de ser, uma vez que os são-tomenses não dão o devido valor às artes plásticas no país. Uma arte que transmite o quotidiano da vida são-tomense e que tem grande importância na consolidação da nossa cultura.

Por isso, devemos ter consciência que temos de fazer muito mais para que a nossa cultura, em particular as artes plásticas, se tornem cada vez,  algo de grande valor e orgulho para todos.

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A Cultura é a totalidade dos conhecimentos, das crenças, das artes, dos valores, leis, costumes e todas outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membros de uma sociedade, é a forma que nós vivemos as nossas tradições. Essa cultura traduz-se através de manifestações como é o caso das artes que é o modo próprio de expressar de uma sociedade (a música, a pintura, a escultura, o teatro, entre outras). Neste sentido podemos afirmar que as artes plásticas sendo um conjunto de expressões dos artistas, através da pintura e escultura que retratam o seio da nossa sociedade, é o elemento da cultural devemos preservar e valorizar, e consequentemente promover a mesma.

De facto, as artes plásticas fazem parte da cultura, pois constitui a nossa maneira de ser, é algo que nos identifica. Entretanto, salienta-se que a nossa arte deve ser preservada e valorizada de forma que a nossa cultura não perca um dos seus elementos, numa altura em que a nossa sociedade encontra-se altamente globalizada. Contudo, preservar e valorizar a nossa cultura não significa que não devamos associar a nossa arte plástica a modernidade (globalização), aliás, a cultura não é estática, é dinâmica. Em suma a as artes plásticas fazem parte da cultura na medida em que contribuem para sua definição.

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As artes plásticas em S.T.P têm ganho cada vez mais valor dentro da nossa sociedade bem como a nível internacional. Esta forma de expressão tem-se afirmado de forma considerável no seio da sociedade. Esta afirmação deve-se muito aos esforços dos artistas e sobretudo das instituições que os apoiam. Quando falamos das instituições que apoiam o desenvolvimento das artes plásticas, não podemos esquecer de algumas em particular, como é o caso de cooperação portuguesa, da embaixada do Brasil e sobretudo da aliança francesa.

Estas instituições têm contribuído muito para a divulgação das artes e promoção dos artistas no país, promovendo a sua divulgação e valorização apoiando várias iniciativas, eventos culturais que se realizam no pais como a Bienal das Artes e Cultura que deixou de ser um evento nacional para constituir um evento de promoção e divulgação dos artes plásticas a nível internacional. Neste evento participam vários artistas nacionais que expõem através das suas obras a nossa realidade, e internacionais que vêem expor as suas obras partilhando as suas experiências com os nossos artistas, dando-nos a conhecer o que se faz e como se faz em outras paragens. Nesse sentido, é de louvar a organização do evento que tem melhorado ano após ano, não deixando de referir que é também muito importante a promoção e divulgação informal, feita entre os artistas e sobretudo de “boca em boca”. Aqui a população deveria ter um papel mais activo contribuindo de uma forma mais activa para os desenvolvimento das artes plásticas no país e estendendo essa promoção à lusofonia.

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De acordo com os inquéritos realizados vimos que as pessoas têm consciência do que são as artes plásticas, do seu valor cultural e da sua importância numa sociedade. No entanto, verificamos que têm pouco conhecimento sobre acções desenvolvidas no país no que concerne às artes plásticas como por exemplo à Bienal da Artes e Culturas. Pudemos também observar que os jovens e adultos são do género “façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço”. Esta ideia é muito triste, porque se todos nós pensarmos dessa forma não conseguiremos fazer com que as nossas acções e a nossa cultura sejam reconhecidas dentro e fora do país.

É de compreender que uma boa parte da população ainda esteja um pouco distante do mundo das artes plásticas, no entanto consideremos que deveria ser feito um maior esforço no sentido de alterar esta situação. Esforço da parte dos cidadãos, que deveriam preocupar-se mais em saber o que o seu país tem a oferecer, devendo-se inteirar mais relativamente a este assunto contribuindo desta forma para uma maior divulgação do mesmo.

Os eventos como a Bienal retratam de facto a nossa arte, embora em contacto com outra, não deixa de ter presente as suas origens. Em termos latos, as artes plásticas constituem o nosso património artístico, na medida em que os artistas têm uma certa preocupação em preservar e valorizar as artes plásticas conferindo-lhe um carácter, em certa medida, de património artístico.

De acordo com o trabalho realizado pudemos verificar que as artes plásticas têm-se desenvolvido cada vez mais no país. Este desenvolvimento deve-se muito ao trabalho desempenhado pelas várias instituições que têm contribuído para a promoção e divulgação das mesmas e para que esta se afirme cada vez mais no seio da nossa sociedade. Também abordamos sobre a importância das artes plásticas na cultura, na sociedade e sua forte relação com o turismo bem como seu valor patrimonial. No decorrer do trabalho tivemos a percepção de que é necessário que as artes plásticas se desenvolvam de uma forma sustentável, ou seja, é importante promover e divulgar os novos talentos e preservar a nossa forma de expressão.

Como dissemos no início, este trabalho servirá para todos nós (alunos e toda sociedade em geral). Mas para que este trabalho atinja realmente os nossos objectivos é urgente que a população mude a sua mentalidade, respeitando os artistas e a sua forma de estar na sociedade.

Esperamos que o trabalho sirva de abertura dos nossos e vossos horizontes em relação às artes plásticas.

Álvaro, Carlos, João e Odair

Até à vista... esperamos por si!

1 comentário:

MJ FALCÃO disse...

Gostei imenso deste post, Marta. Conheci bem S. Tomé (vivi lá de 1991-96) e sinto "ternura" por tudo o que aí se passa. Conheci muito bem o pintor Nèzó, várias vezes fomos a São João dos Angolares.. Tenho vários quadros dele, um interessantíssimo "misto" de escultura e pintura.
Fiquei contente de o "ver" aqui.
Abraços e continue a contar coisas da Ilha!
Maria João Falcão
P.S. A capa do meu livro (publicado pela UNEAS, "Ilhas na Bruma") é um quadro dele.