“A Roça Boa Entrada é habitada por pessoas de diversas proveniências. Umas vieram de outras roças do país e outros vieram de outros países de África, principalmente de Cabo-Verde. Trata-se de indivíduos sem fontes de rendimento, que para trabalharem emigraram em busca de uma vida melhor. A maioria da população de Boa Entrada é pobre e só existe uma minoria, não considerável, com condições financeiras aceitáveis. (…) A roça tem uma forte densidade populacional e uma grande concentração de pessoas num espaço relativamente reduzido e organizado em torno da antiga casa senhorial. Devido à falta de emprego a população, sobretudo os jovens, referem que a única coisa que têm a fazer é ter filhos. Facto esse, que tem contribuído para o aumento em massa da população de Boa Entrada e a diminuição de oportunidades para esses mesmos jovens. Para essas famílias ou jovens, a criança constitui, erradamente, uma fonte de rendimento visto que como mão-de-obra no trabalho do campo. (…)
Na Roça Boa Entrada a população enfrenta várias dificuldades, no que diz respeito à alimentação. Anteriormente, a população da Roça Boa Entrada devido ao seu reduzido número, tinha acesso a uma alimentação saudável e equilibrada, uma economia de auto-subsistência com base nos produtos que produziam. (…) Os habitantes ocupam as antigas casas ou constroem novas casas com todo o tipo de materiais improvisados. As visíveis más condições em que as mesmas se encontram, são uma das faces mais visíveis da pobreza e está associada a outras das várias carências socioeconómicas desta população, o abastecimento de água, o saneamento, a educação e a saúde (…) Os níveis de analfabetismo e iliteracia são assustadoramente elevados e enquanto o analfabetismo está relacionado, principalmente, com a camada mais idosa da população (como é normal, pois a necessidade de estudar não era tão importante como agora e aqueles que estudavam eram na sua maioria homens.) a iliteracia é um fenómeno preocupante que diz respeito aos adultos activos e adolescentes em fase de escolarização. (…) Anteriormente, as infra-estruturas da Roça Boa Entrada compreendiam a fácil acessibilidade às suas dependências, bem como à cidade, o caminho-de-ferro que ajudava os trabalhadores nas tarefas. De realçar que o descarregamento dos produtos era feito no final da linha de caminho-de-ferro que se situava perto do mar. Actualmente, Boa Entrada “encontra-se perdida, fora do mapa” segundo alguns moradores. (…) As actividades culturais, recreativas são actos que não podem faltar numa localidade que se preze. Nesta óptica, Boa Entrada tem uma série de actividades que são realizadas em prol do desenvolvimento e divertimento da mesma, tais como festas religiosas de que é exemplo a que se realiza na última semana do mês de Setembro. Tem uma discoteca todos os fins-de-semana, fazem-se torneios de jogos da bisca, de futebol com outras localidades.
A floricultura, também desenvolvida, consiste na produção de algumas espécies atractivas de plantas que os turistas, principalmente os que visitam esta zona da ilha muito apreciam. (…) São estas as principais actividades que a população de Boa Entrada, pratica ao longo do seu quotidiano, algo que não se verificava hà décadas atrás, mas que no decorrer dos últimos anos os moradores todos os esforços têm feito para uma maior dinamização desta localidade bastante emblemática para o povo são-tomense. (…)
De acordo com o trabalho desenvolvido, por nós, na roça Boa Entrada, tivemos a triste percepção de que os moradores (…) em vez de protegerem a roça como algo que faz parte da história de S. Tomé assim como das suas vidas e da sua própria história pessoal, contribuem para destruição dos bens imóveis (infra-estruturas) aí existentes, (…) que constituem o Património Histórico-cultural do país. Pensamos que deveria haver uma maior e mais rígida fiscalização, no sentido de averiguar se a lei está ou não a ser cumprida. Porém, não podemos colocar todas as culpas nas mãos do Estado, uma vez que cabe a todos nós, em particular aos moradores da roça, terem consciência de que a Roça Boa Entrada é deles e que a devem proteger e preservar como um legado que deixarão aos seus filhos e netos. (…)
De acordo com o trabalho realizado na Roça Boa Entrada, constatámos que a mesma enfrenta muitíssimas dificuldades, mas também apresenta recursos próprios que consideramos vantajosos para o seu desenvolvimento e que deveriam ser aproveitados como o facto de a Roça constituir em si um elemento Patrimonial Histórico-cultural que poderá promover o desenvolvimento, bem como os baixos níveis de poluição que apresenta. Quanto ao turismo, para que este seja promovido e desenvolvido, têm de ser aplicadas algumas estratégias no que concerne ao meio ambiente e à educação e sensibilização para a valorização dos valores culturais locais pois são estas as potencialidades de Boa Entrada. O desenvolvimento turístico da Roça Boa Entrada depende grandemente de projectos que beneficiem a comunidade, (…) aumentando assim, a riqueza produzida, devendo-se promover projectos ligados (…) ao desenvolvimento do turismo rural.”
Trabalho realizado por:
Carlos Barros, João Pedro Cravid, Odair Moreno dos Santos, Osana Leal Fernandes e Teodora Martins.
1 comentário:
Qual foi o ano em que esta roca Boa Entrada foi fundada?
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