Este é um blogue que surge no âmbito da disciplina de História do Património (Professora Marta M. Gomes), inserida na área de Humanísticas - Turismo, dos Cursos Secundários Profissionalmente Qualificantes. Durante o decorrer deste ano lectivo serão aqui colocados excertos dos trabalhos realizados pelos alunos no sentido de dar a conhecer o património existente em S. Tomé e Príncipe, mas também, visando o objectivo de promover turisticamente este belíssimo arquipélago. Pretende-se ainda, promover uma cidadania activa, no que diz respeito à preservação e manutenção do Património existente.

Esperamos que encontre aqui razões suficientes para visitar a nossa casa e para todos os que já aqui vivem, esperamos que consigamos o objectivo de espalhar a mensagem de que é preciso preservar a nossa história a fim de legar às gerações futuras uma herança digna de ser respeitada e apreciada.

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sábado, 22 de dezembro de 2007

Roça Porto Alegre

Pico Cão Grande
"O seu passado rico, precioso e complexo é similar à preciosidade do Jaspe e à complexidade da sua cor. Quem tiver o singular privilégio de visualizar esta rara pedra preciosa certamente ficará repleto de variadíssimas e agradáveis sensações; igualmente aquele que tiver o privilégio de conhecer a Roça Porto Alegre ficará, decerto, extraordinariamente encantado. (...) Encontramos a sul ilha de S. Tomé, uma antiga empresa agrícola denominada Porto Alegre, hoje convertida em vila. Distanciada a 84 km da cidade capital, pertence ao distrito de Caué e tem como sede distrital São João dos Angolares, principal aglomerado populacional desde 1975, data em que São Tomé e Príncipe se tornou independente. Também fazem parte da Roça Porto Alegre as empresas Ribeira Peixe, Monte Mário e Ilhéu das Rolas. Ao fundo, quando se faz o percurso como quem segue na direcção sul a Caué, vê-se a imagem, empolgante, de uma coluna fina com o nome de Pico Cão Grande, quase sempre encoberto pelo nevoeiro. (...) Uma etnia real, cujas origens ainda constituem um mistério – os Angolares são o maior aglomerado populacional do distrito de Caué e estão centrados no Malanza, zona localizada perto de Porto Alegre. (...) Os Angolares chegaram à ilha após o naufrágio de uma embarcação de escravos em direcção às Américas no séc. XVI, tendo alguns dos seus sobrevivente conseguido nadar até à costa da região sul da ilha que ainda não se encontrava povoada pelos portugueses. No entanto, esta versão não se encontra bem esclarecida pelo facto de existirem poucos documentos comprovativos deste naufrágio. (...) Conforme se sabe, a chegada e instalação dos colonizadores portugueses na região sul do país (Porto Alegre) até à independência, marcou bastante a sua história e principalmente o seu desenvolvimento económico e social. (...) Após a nacionalização das roças, a 30 de Setembro de 1975, verificaram-se alterações sociais, organizacionais e económicas nas roças, inclusive em Porto Alegre. (...)

vista do Miradouro da Casa do Governador

Segundo o artigo 3º da lei do património de S. Tomé, define-se como património todos os bens materiais e imateriais (zonas, edifícios e outros bens naturais), móveis e imóveis, público e privado de um determinado país que pelo seu valor próprio devem ser considerados como de interesse relevante para preservação da identidade e a valorização da cultura ao longo do tempo. De acordo com a mesma lei, existem os seguintes tipos de património: património natural, documental, artístico, cultural e histórico-linguistico. Estes podem ser classificados como monumentos históricos, sítios históricos e objectos e arte. Tendo em consideração estes aspectos, podemos deduzir que a Roça Porto Alegre e os anexos que dela fazem parte, constituem património cultural e podem ser, simultaneamente, classificados como conjunto arquitectónico. (...)
Um dos aspectos culturais, a salientar, deste povo e que tem vindo a ser preservado, embora com dificuldades, é o seu património linguístico – o angolar. (...)
Tal como a maioria das roças de S. Tomé, Porto Alegre, apesar da pobreza, é um lugar paradisíaco que nos encanta a toda hora, proporcionando vistas magníficas capazes de maravilhar qualquer amante da natureza. (...) A praia Jalé, é uma das mais frequentadas pelos turistas e pelos amantes da natureza, devido ao facto de lá existirem muitos bungalows, que permitem uma óptima e agradável observação das diversas espécies de tartarugas marinhas que chegam a ilha, em épocas próprias com o propósito de desovar. Por este motivo esta praia é protegida no âmbito do programa de protecção de tartarugas marinhas. De Setembro a Abril, os guardas da praia patrulham a mesma, durante a noite, zelando pelo bem-estar das tartarugas e supervisionado a desova das mesmas. Qualquer turista que se desloque à praia Jalé poderá observar directamente este espectáculo da natureza. (...)
Os turistas também poderão sentir-se cativados pelos dois grandes enigmas da natureza, que emergem da impenetrável, viçosa e densa vegetação tropical – o Pico Cão Grande e o Pico Cão Pequeno! Poderão ainda desfrutar de actividades como a pesca artesanal, as agradáveis caminhadas e depois disso descansar num restaurante típico e provar o Voador, a Corvina ou o Barracuda, os peixes mais frequentemente pescados. (...) De acordo com a nossa observação, chegamos à conclusão de que esta roça possui todos os requisitos necessários para ser transformada num potencial atractivo turístico. (...) Uma intervenção por parte do Estado irá promover um incentivo para a promoção patrimonial civil. Todavia, a população deve entender a necessidade de apoiar as iniciativas do Estado, desenvolvendo a sua própria iniciativa que passa pela utilização do espaço local e dos imóveis que dele fazem parte para o desenvolvimento deste país, respeitando o meio ambiente, adoptando novas atitudes, valores e costumes. (...) Caso contrário, haverá uma perda de todos os imóveis que marcam a história da roça e uma perda de todas as qualidades necessárias para a promoção turística. Não é a ideia de desenvolver o turismo nacional, de todos nós? Então não deveríamos, todos, ter uma atitude mais activa? Neste caso, depende de todos nós proteger e valorizar o património existente, pois está nas nossas mãos o nosso bem-estar e o das gerações vindouras."
trabalho realizado por:
Adjamila Moreira, Berlindo Moreira, Gika Gessy de Deus Lima, José Ferreira Borges e Kelves Quaresma.

3 comentários:

teresa disse...

Obrigada, cresci na Roça Porto alegre e tenho muitas saudades daquele tempo e daquelas gentes

Fernanda Coanhas disse...

Nasci na cidade de S. Tome, mas cresci na Roça Porto Alegre, chamo-me Fernanda e sou filha do Sr. Coanhas, tenho saudades infinitas da minha terra...

Catarina disse...

Olá,

Desde já, muitos parabéns pelo blog.

Chamo-me Catarina e sou estudante de arquitectura em Lisboa. Estou actualmente a fazer uma pesquisa/ investigação para a minha tese de mestrado, sobre a Ilha de São Tomé e Príncipe mais especificamente sobre a Roça de Porto Alegre.

O tema de tese, abordará questões sobre o tipo de construção/ habitação nas roças em São Tomé e Príncipe até ao meu tema que será então um projecto a nível social, com o objectivo em primeiro lugar de reabilitação de toda a estrutura da roça e propor habitações sustentáveis.

Como não tenho a possibilidade de ir a São Tomé/ Roça Porto Alegre para falar pessoalmente com as pessoas e saber/ aprender quais são os seus modos de vida, os seus costumes/ tradições, como foi no passado a vida na roça, quais os problemas e necessidades de hoje, como propor melhores habitats, etc.

Venho por este meio, procurar toda a ajuda possível para aprender, compreender e transmitir mais tarde todo este conhecimento.

O que procuro neste momento:

- São experiências de pessoas que vivem ou viveram na roça;

- Fotos, postais ou mapas (no fundo qualquer tipo de imagem actual ou antiga que possa ajudar nesta pesquisa);

- Livros (sobre São Tomé e Príncipe ou sobre as Roças) ou sites;

Resumindo, seja qual for o modo de informação extra, é preciso não esquecer que esta vai sempre acrescentar algo mais a este projecto.

Assim, agradeço desde já pela atenção e por toda a ajuda que me possam dar, sem mais assunto ficarei a aguardar uma resposta vossa.

Muito Obrigado,

Catarina