«Cuâ nón» tem como significado: «A nossa coisa, o que é nosso e o que nos pertence». Por isso vamos desenvolver este trabalho, cujo único objectivo é o de proteger e salvaguardar o que é nosso.
Sendo a nossa cultura o nosso bilhete de identidade e aquilo que nos marca, faz parte de nós e não o podemos negar. Pois é o caso da nossa «Ússua» e «Bulawê».
É com este espírito de valorização que tentaremos revitalizar estas duas riquezas culturais.
Este trabalho foi elaborado com o objectivo de revitalizar o que hà muito se encontrava adormecido, não só pela falta de registos documentais, como também devido à pouca importância dos habitantes em preservar a mesma.
«Bulawê» e «Ússua» fazem parte da imensa variedade cultural que não está sendo valorizada pela nossa sociedade e que está a desaparecer. Entretanto procuramos diferentes informações tendo por base vários grupos culturais e pessoas individuais, de forma a interagir com as mesmas e ter uma ideia geral daquilo que é o «Bulawê» e a «Ússua», passando a saber a origem das mesmas, a forma como são dançadas e os instrumentos utilizados para produção do som.
De acordo com essas mesmas informações e com as entrevistas realizadas, focamo-nos um pouco no passado, relacionando-o com o presente, de forma a analisar quais foram as modificações que foram surgindo ao longo dos tempos, bem como a forma de encarar estas e outras manifestações culturais em S. Tomé e Príncipe.
Esta é uma das manifestações culturais que não apresentam registos documentais, e da qual passamos a saber a sua verdadeira origem. Porém continua sendo a mais valorizada e a mais dançada no país.
Tendo em atenção a falta de informações reveladoras do aparecimento do «Bulawê», resolvemos fazer uma pesquisa tendo por base recolha de informações aos diferentes grupos de «Bulawê» existentes no nosso país.
A mesma surge com base no «Sócopé» dança tradicional exibida com apitos de bambu feitos de forma tradicional, tambores, canzã, chocalho e ferros.
O grupo é composto por pessoas de ambos os sexos, tocando, cantando e dançando, alegrando pequenas festas tradicionais e não só.
Com grande aderência da camada mais idosa como meio de diversão, deixou para trás o famoso «Sócopé». Entretanto, até hoje não houve nenhum trabalho de fundo que possa justificar o tal famoso nome «Bulawê». Contudo há vozes que dizem que este nome surgiu num ambiente em que o grupo saboreava bulas locais.
Hoje existem grupos em vários bairros, vários grupos de «Bulawê» cada um com o seu nome, distraindo a comunidade. A comunidade de Angolares é a mais empenhada na formação destes grupos musicais.
Não se sabe ao certo qual é a primeira localidade onde nasceu «Bulawê», mas conheceu-se o primeiro grupo famoso. O Bulawê Zequentxê de Ponte Graça.
A «Ússua» é uma dança de salão tradicional são-tomense, que teve a sua origem na Europa. A mesma parece ter sido copiada durante o período colonial pelos trabalhadores africanos que assistiam os patrões a dançar durante as suas actividades. Sendo transformado pelos santomenses em música nacional.
O movimento compassado e o ritmo agradável da mesma eram assinalados tendo por base um instrumento de sopro (corneta), que cessava a continuação da dança para novos movimentos.
A «Ússua» é dançada através de uma inter-relação entre homens e mulheres, na qual há um agrupamento em fila indiana. De um lodo os homens e de outro as mulheres composto por mesmo número de elementos, vestidos a rigor. Durante o compasso há um relacionamento entre os dois grupos, uma vez para cada par, num movimento sucessivo e coordenado, onde se dirigem a pares e um de cada vez para o centro do salão fazendo a sua demonstração. Com a introdução de novos movimentos os pares distribuem-se pela sala fora, dançando agarrados até que a música termine.
Em S. Tomé, não se sabe qual foi a primeira localidade onde surge a Ússua, mas conhece-se o grupo mais emblemático desta dança. A Ússua de Sum Camblé, ou seja, a Ússua do Sr. Camblé do distrito de Mé-Zóchi. Com a morte deste (Sum Camblé) é como se tivesse morrido a ússua nacional.
Assiste-se ainda hoje à dança da mesma, pela mão de vários grupos nacionais como o cruzilênse e obolênse, como também nas actividades escolares e culturais. Porém, em alguns casos, essas danças não passam de uma imitação ridícula e imperfeita daquilo que é a verdadeira ússua.
Como é de notar, para a existência da música torna-se necessário a utilização de instrumentos musicais, que possibilitam essa mesma produção, contribuindo assim para a prática da dança. Com isso, é de notar que a «Ússua e o Bulawê» também possuem os seus instrumentos musicais, por serem também grupos musicais e de dança. Neste caso podemos salientar alguns instrumentos utilizados para a realização dessas duas actividades.
No «Bulawê» há predominância de alguns instrumentos antigos, feitos de forma tradicional como: tambores, tabaque, ferro, chocalho, pau e boles. Hoje em dia há uma predominância dos instrumentos modernos, tais como: viola, piano, micro, colunas, tambores modernos e mesa de mistura.
Na «Ússua» a música tem a sua origem na base da corneta, feita de madeira ou chifre de animais. Actualmente, a dança “ússua” provém de sons ou músicas já gravadas ou tocadas ao vivo, na qual se utiliza também pianos, violas, colunas, microfone, mesa de mistura e tambores. Todos eles modernos.
Ao longo deste trabalho vimos que a cultura marca a identidade de um povo. A mesma irá de terminar o fazer e o viver de um determinado grupo, dela fazem parte vários modos de relacionamento entre as pessoas, onde se conjugam diversos elementos materiais e simbólicos. Destacam-se: crenças, teorias, construções, objectos, valores, leis normas, costumes e arte.
Deste último fazem parte a música, a pintura, a escultura e o teatro, que expressam os modos próprios de uma sociedade.
Em S. Tomé pode-se dizer que a arte representa um recurso turístico de grande valor, que por intermédio da actividade humana poderá satisfazer as necessidades turísticas de S. Tomé e Príncipe.
Podemos por meio dessa intervenção promover o turismo cultural, no qual os visitantes poderão ver cosais novas, aumentar os conhecimentos acerca da cultura nacional e conhecer os nossos hábitos e costumes.
Sendo assim resolvemos propor as seguintes estratégias de modo a que a nossa cultura possa vir a ser uma oferta turística disponível aos visitantes e não só. As mesmas são:
· Promoção de concursos entre diferentes grupos,
· Criação de salões de convívios ou cinemas para actividades nocturnas de «Ússua e Bulawê»,
· apoiar os grupos na aquisição dos instrumentos e outros matérias e possibilitar saídas de grupos para actividades no estrangeiro.
Para que estas propostas possam a vir tornar-se realidade é necessário também que o estado faça sua parte, como:
· A implementação de actividades escolares em que entram estas e outras actividades culturais,
· Sensibilizar a população para a valorização dessas práticas, criando programas televisivos, nos quais se promova a cultura
· Promover actividades locais e nacionais visando a expansão cultural do país. etc.
Anteriormente, durante as actividades do Bulawê, não era comum a utilização de trajes especialmente confeccionados para esse fim. Cada um vestia-se à sua maneira, consoante as suas possibilidades.
Actualmente nota-se em vários grupos de Bulawê, que os seus membros utilizarem “membras” (roupas idênticas) que os diferenciam do público envolvente. As mulheres utilizam geralmente panos que envolvem a cintura até as pernas ou saias compridas, blusas e lenços. Por outro lado, os homens encontram-se trajados de camisolas ou camisas e calças. Todos eles feitos com tecidos africanos.
Na “ússua” verifica-se o predomínio de trajes tradicionalmente são-tomenses. Pois é uma manifestação cultural onde os elementos se encontram trajados a rigor.
As mulheres vestem quimono acompanhado de saias compridas, túnica, lenços colocados a rigor de forma que caia bem na cabeça. Por outro lado, os homens encontram-se trajados de calças e sapatos pretos, camisas brancas, casacos e gravatas bem colocadas, chapéus de palha deslocado para o lado lateral da cabeça e uma toalha que serve para limpar o suor e não manchar a roupa.
Depois de um pequeno estudo e de uma breve análise acerca da nossa cultura, em especial a Ússua e Bulawê, constatamos que o Bulawê é uma das manifestações culturais com mais aderência por parte da população, o que contribui para criação de novos grupos e consequentemente uma maior valorização.
Por outro lado encontramos a Ússua que não sendo muito valorizada pela população está em vias de desaparecer. A mesma só é vista nas actividades escolares e de vez em qunado em algumas actividades culturais mais importantes, ao contrário de Bulawê que se encontra em todas as actividades culturais, festas de zonas, discotecas e outras festas. Portanto, com as entrevistas realizadas podemos observar que a população possui um maior conhecimento de Bulawê em relação à Ússua, facto este que não nos permitiu ter acesso a algum grupo de Ússua como forma de ver de perto a mesma.
Da mesma forma que leu o nosso trabalho, será com imenso prazer que iremos ler os seus comentários e sugestões que tenha a fazer. Contribua para o enriquecimento de todos nós. Obrigada por não se ter esquecido de nós.
Aicyla, Carlos e Kelves
12ª B
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Bibliografia
Espírito Santo, Carlos – Coroa do mar
Reis, Fernando, Povo Floga, Ed. Câmara Municipal de S.Tomé, São Tomé 1969
1 comentário:
Ola,
Eu nasci em STP ja la vao quase 47 anos. A mais de 30 anos que nao vou a minha terra e estou seriamente a pensar em ir passar umas ferias na nossa perola do atlantico.
Estou a procurar na internet a receita do bolo "bula" que penso que e feito a base de farinha de milho e nao encontro. Pode me ajudar?
Um grande abraco da Australia Ocidental
email jose.anunciada@hotmail.com
Um grande abraco e obrigado.
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