Este é um blogue que surge no âmbito da disciplina de História do Património (Professora Marta M. Gomes), inserida na área de Humanísticas - Turismo, dos Cursos Secundários Profissionalmente Qualificantes. Durante o decorrer deste ano lectivo serão aqui colocados excertos dos trabalhos realizados pelos alunos no sentido de dar a conhecer o património existente em S. Tomé e Príncipe, mas também, visando o objectivo de promover turisticamente este belíssimo arquipélago. Pretende-se ainda, promover uma cidadania activa, no que diz respeito à preservação e manutenção do Património existente.

Esperamos que encontre aqui razões suficientes para visitar a nossa casa e para todos os que já aqui vivem, esperamos que consigamos o objectivo de espalhar a mensagem de que é preciso preservar a nossa história a fim de legar às gerações futuras uma herança digna de ser respeitada e apreciada.

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terça-feira, 29 de julho de 2008

The End!!!

E assim acabou este ano lectivo!

Quero agradecer a todos os alunos, autores deste belissímo trabalho, pois sinto-me honrada em ter trabalhado com todos eles.

O futuro está nas suas mãos e espero que este lhes sorria sempre.

A todos um enorme beijo e abraço de agradecimento e amizade.

 

A todos os leitores... ficamos por aqui. Este foi um projecto da turma 12ª B que terminou com 100% de aprovação o seu curso de turismo. Espero que nos venhamos a encontrar neste fantástico Paraíso do Equador!

Muito obrigada pelos comentários e pela dedicação com que nos leram. Até um dia!

... como se diz por aqui... xauê!

Marta Gomes

Concurso de melhor cartaz

 

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Sebela, Gika, Osana e Suzete

Biodiversidade em STP

A IMPORTÂNCIA DA BIODIVERSIDADE PARA O HOMEM E O MEIO AMBIENTE

Os conhecimentos acerca da Biodiversidade da sua utilização e dos perigos que a mesma enfrenta é uma preocupação que tem vindo desde a antiguidade até aos nossos dias. Uma vez que a mesma, devido à riqueza de espécies que a terra nos fornece; alimentos, substâncias químicas úteis e muitos outros produtos.

Apesar de dependermos da Biodiversidade, porém, parece que o mundo está a passar por um surto de extinções que ameaça a complexa cadeia biológica. Agora, que estamos a começar a entender o papel vital da Biodiversidade, estamos também a provocar mais extinções do que nunca. Assim, ao exterminar a flora do mundo a humanidade está a perder a oportunidade de descobrir novas drogas e substâncias químicas. «Toda vez que uma espécie se extingue, desaparece também uma opção para o futuro». «Desaparece uma possível cura para o HIV/SIDA ou uma planta resistente ao vírus». Assim, devemos interromper a extinção das espécies de alguma maneira.

Precisamos dos serviços essenciais prestados pelos ecossistemas e dos quais dependem todos os organismos vivos. A produção de oxigénio, a purificação da água, a filtragem de poluentes e a prevenção da erosão do solo, são funções vitais realizadas por ecossistemas saudáveis.

A grande maioria de pessoas não tem a noção de que vivemos numa grande gaiola (PLANETA TERRA). Para sobrevivermos é necessário não provocar a sua destruição, extinção, mas sim devemos protegê-la e mantê-la limpa.

Não podemos continuar a provocar estes problemas, senão encontraremos a morte. Infelizmente, a maioria das pessoas do globo terrestre não tem a mínima consciência disso. São pessoas inconscientes, nomeadamente os políticos, que se preocupam especialmente com a produção económica durante o período dos seus mandatos, sem se importarem com os elevados níveis de destruição e poluição produzidas pela modernização dos lugares e pela actual industrialização.

Os outros seres vivos não são apenas as nossas fontes alimentares, fornecem-nos muito mais do que isso, como por exemplo: as substâncias salutares (mais de 70% dos medicamentos são extraídos de plantas e cerca de 90% são de origem biológica), vestuário (praticamente tudo que vestimos é de origem animal e vegetal), energia (lenha, petróleo, cera, resinas e outros), materiais de construção de madeira e mais.

Enfim, sem o património biológico não comíamos, não nos vestíamos, não teríamos medicamentos, luz eléctrica, energia, etc. Portanto sem os outros seres vivos não sobrevivíamos no globo terrestre. Por isso torna-se necessário a consciencialização do mal que estamos a causar à Biodiversidade natural, passando a protege-la, garantindo o equilíbrio ambiental e a vida na terra.

OS PERIGOS QUE O HOMEM TRÁZ À NATUREZA

A existência de vida na terra, só é possível devido a um dinamismo e uma interdependência entre os seres vivos incluindo os Humanos.

Estamos dependentes de outros seres vivos para obtermos alimento, remédios, oxigénio que respiramos e outros elementos que compõem o nosso corpo. Ao longo de um dia normal o homem utiliza mais de 40.000,00 espécies naturais.

Todas as espécies que habitam na terra formam uma cadeia biológica complexa e espantosa. Contudo esta cadeia está sobre ataque. Talvez muitos já ouviram falar de espécies como ossobô, tartarugas, baleias, porcos do mato, tigres entre outros que estão ameaçados de extinção. Muitos acham que, no passado, essa extinção era provocada principalmente por causas naturais. Mas actualmente, dizem que a causa principal dessa crise é outro, evidentemente, as extinções modernas são provocadas pela acção humana. Essa extinção tem a sua origem na:

_destruição de habitat (principal causa da extinção), devido a extracção de madeira, exploração de minérios, a retirada de algumas espécies da mata para a pecuária, bem como a construção de casas de estradas em lugares anteriormente selvagens;

_espécies exóticas (que provoca uma mudança no ecossistema), superando as espécies nativas, ou então traz consigo doenças, contra as quais, as espécies não têm defesa;

_super exploração (que já causou a extinção de várias espécies);

_o crescimento da população (que ultrapassou o limite dos recursos naturais), provocando também a extinção a um ritmo muito alarmante;

_ameaça do aquecimento global (com o aumento elevado da temperatura), com esse aumento, talvez, algumas espécies não sobreviverão isto porque o aumento da temperatura é o factor que contribui para a morte dos recifes de coral, que abrigam boa parte da Biodiversidade marinha.


PRINCIPAIS AMEAÇAS À BIODIVERSIDADE SANTOMENSE

A interferência do Homem sobre os recursos naturais, de uma forma intensiva e de modo não sustentável, provoca consequências irreparáveis para a Biodiversidade. No nosso país ainda não se verifica de uma forma tão grave os problemas ambientais quando é feito uma comparação com outros países africanos.

Contudo a maior preocupação das autoridades nacionais está virada para a nossa Biodiversidade, pois o país possui ainda uma importante reserva natural de alta qualidade e de grande importância. No entanto, no decorrer do tempo, determinadas práticas ligadas à política não muito bem designadas, tem estado a ameaçar e a provocar uma grande pressão sobre a Biodiversidade, que, em alguns casos têm também consequências para a saúde humana e as actividades económicas. Sendo assim, podemos mencionar as principais ameaças a nossa Biodiversidade:

  • A erosão costeira e a destruição das praias como consequência da extracção da areia, destruindo também as áreas de reprodução das tartarugas marinhas;
  • A utilização de redes de tamanhos não apropriadas nas actividades piscatórias, bem como a utilização de granadas para captura do pescado;
  • Derrame dos resíduos petrolíferos no rio Água-Grande, com repercussões também para as áreas costeiras;
  • A desflorestação e a ocupação das áreas do parque natural pelas agriculturas;
  • Queimadas descontroladas e a destruição da cobertura vegetal;
  • A caça intensiva das espécies comercialmente valiosas;
  • A comercialização do papagaio e das tartarugas de forma ilegal;
  • O aumento da erosão do solo no interior do país e a poluição dos lençóis freáticos com produtos químicos.

Essa Biodiversidade de grande fragilidade à acção do homem é reconhecida como de grande importância para a maioria da nossa população que se encontra ligada aos recursos naturais do país, quer seja através da retirada directa dos recursos florestais para o uso como combustível, alimentação e construção, quer seja através do uso da flora local para a prática medicinal. Com este propósito o estado fixou como objectivo a exploração sustentável dessa Biodiversidade, garantindo outra forma de rendimento para a população local que deve ser sensibilizada a participar activamente em actividades como o ecoturismo, artesanato, como forma de protecção e conservação da Biodiversidade nacional.

CONSERVAÇÃO DO AMBIENTE NATURAL DAS ILHAS

Com o andar do tempo tem-se vindo a demonstrar uma grande preocupação com a conservação do património natural de S.Tomé e Príncipe. Este faz parte, toda uma vegetação rica em espécies endémicas, como também uma fauna que nele habita e que dela depende. Constituindo também uma fonte de plantas de valor alimentar e medicinal.

Foi com base nestes factores importantes que se criou duas áreas protegidas de floresta nas duas ilhas. Dando surgimento, assim, ao parque natural de obó, em S.Tomé e no Príncipe o parque natural do Príncipe.

Por outro lado tem-se desenvolvido também vários projectos de investigação com base na flora de S.Tomé e Príncipe, apoiados sobretudo na parte científica pelo projecto europeu ECOFAC.

Tendo a sua origem em 1992, proporcionou a criação de um centro de investigação na roça Bom Sucesso, que dele faz parte uma colecção de plantas secas organizada cientificamente (herbário), e um recinto próprio para reprodução de orquídeas e um espaço para o alojamento de quem lá visita, se permanecer uma preocupação activa em relação ao património natural (fauna e flora) de S.Tomé e Príncipe, é possível conservar um ambiente que demonstra ser de enorme riqueza de espécies raras, endémicas e de grande importância ecológica e medicinal.

A VALORIZAÇÃO DA BIODIVERSIDADE ATRAVÉS DO ECOTURISMO

O ecoturismo é um segmento de actividade turística que utiliza de forma sustentável a diversidade natural e cultural incentiva a sua conservação e busca a formação de uma noção de protecção do ambiente, permitindo um bem-estar das populações envolvidas.

No ecoturismo existe movimento, acção e as pessoas na busca de experiências únicas e exclusivas, caminham, carregam mochilas, apanham chuva e sol e suam, mantendo um contacto directo com a natureza. O ecoturismo ainda se diferencia de outros segmentos de actividade turística por passar informações e curiosidades relacionadas com a Biodiversidade ecológica, os costumes e a história local, o que acaba por possibilitar uma integração mais educativa e envolvente com a região.

Para que uma actividade seja classificada como ecoturismo são necessários quatro requisitos básicos:

  1. O respeito pelas comunidades locais e o envolvimento económico e efectivo das mesmas;
  2. O respeito pelas condições naturais;
  3. Conservação do meio ambiente;
  4. Interacção educacional

Estes permitirão que os visitantes aprendam e interiorizem novos conceitos próprios do local e se tornem embaixadores na promoção do local visitado.

S.Tomé e Príncipe oferecem uma oportunidade única para ligar, através do turismo, a conservação da Biodiversidade e as áreas naturais com o desenvolvimento económico sustentável. A ligação da diversidade de ecoturismo de beleza cénica inegável, com elevados níveis de endemismo, faz o país uma atracção particularmente para aqueles em busca do turismo ecológico.

Algumas referências de inquestionável interesse turístico presentes no país são:

  1. O pico de S.Tomé, a 2024m de altitude, ponto mais alto da ilha;
  2. Quedas de água de beleza cénica, como as cascatas de São Nicolau, de Bombaim e de Blú-Blú;
  3. A vegetação exuberante, como as florestas primárias e florestas secundárias, onde a flora e a fauna endémicas são objectos de observação;
  4. As plantações de cacau e de café, sob a protecção da floresta de sombra no interior, através do qual se encontram ainda árvores gigantescas, testemunhos das florestas húmidas de baixa altitude de outrora;
  5. Riqueza marinha que com tartarugas, golfinhos, baleias e pesca desportiva;

Esta actividade económica está actualmente subutilizada, não dispondo ainda o país de oferta organizada de facilidades, como infra-estrutura ou serviços adequados. Uma das acções prioritárias viradas para a valorização da Biodiversidade do ecossistema florestal identificadas no Eixo Estratégico para a conservação do ecossistema florestal, de que se compõe a Estratégia Nacional e Plano de Acção da Biodiversidade (ENPAB) de S.Tomé e Príncipe, é justamente a estruturação e operacionalização do ecoturismo no país.

O CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO E A SUA MOTIVAÇÃO PARA A CONSERVAÇÃO

Como já foi de notar a população santomense não possui um nível de conhecimento elevado acerca daquilo que os rodeia. Esta falta de conhecimento afecta também a nossa Biodiversidade, uma vez que a generalidade da população embora ter ouvido falar da acerca desta, os mesmos não possuem um conhecimento profundo acerca da sua constituição ou dos perigos que a mesma tem vindo a enfrentar dia após dia.

Com esta falta de conhecimento e o desinteresse por parte da população não se encontra capacitada para lidar com a nossa Biodiversidade.

Como já tem vindo a acontecer a população encontra-se nesse momento a provocar uma grande transformação da Biodiversidade santomense, cortando as árvores, praticando caça intensiva e desbravando a floresta para a prática d agricultura.

Não podemos apontar todos esses problemas, como a falta de conhecimento por parte da nossa população, mas também devido a falta de fiscalização por parte da autoridade nacional, uma vez que já foi notado por parte de muitas pessoas dotadas de conhecimento a praticar também esses actos ilícitos que põem em risco a Biodiversidade.

Com a falta ou não de conhecimento é de verificar que a população santomense não se encontra capacitada para proteger a mesma Biodiversidade e não mostrará capacitada caso não haja uma melhoria de vida significativa ou uma outra fonte de rendimento para a população que utiliza a mesma, como a sua principal fonte de sobrevivência.

BALANÇO GERAL DOS INQUÉRITOS

De um modo geral, a maioria da população sabe o que é a biodivercidade. Porém, os mesmos não possuem um conhecimento generalizado acerca da mesma. Não sabendo esplicar muito dos aspectos relacionados co a nossa biodivercidade. Podemos verificar esta mesma falta de conhecimento por parte da nossa população, depois da realização de um pequeno inquérito, onde a faixa etária dos 10 aos 20 anos, souberam explicar o que é a biodiversidade, mas muitos deles não foram mais longe. Por outro lado, a faixa etária dos 20 aos 50 anos possuem um conhecimento, um pouco mais abrangente acerca dessa mesma biodiversidade. Sabendo explica-nos muitos dos aspectos relacionados com a sua constituição, conhecendo ainda algumas espécies endémicas e outras em via de extinção, das ilhas. Como támbem de vários outros fsactores relacionados com a mesma.

A beleza incomparável e inconfundível da Biodiversidade santomense, faz com esta seja totalmente diferente das outras, com diversas variedades de plantas e animais endémicos e outros que podem-se encontrar em outras partes do mundo.

A nossa Biodiversidade tem a sua particularidade, ou seja, inúmeras plantas e animais, graças ao clima que com a sua abençoada chuva, o seu bendito sol e a sua bem-vinda temperatura, faz desta terra um autêntico paraíso ecológico no meio do oceano concretamente sobre a linha do equador. Porém podemos verificar que a mesma está a ser destruída. Como já foi de notar, os problemas relacionados com a Biodiversidade, a natureza, e o meio ambiente, são problemas que afectam todo o mundo e S.Tomé e Príncipe também não foge a regra. Embora tenhamos ainda uma reserva florestal bem preservada, não indica que tudo já foi feito.

Pois como é de notar, o número da população do país tem aumentando a um nível muito elevado, e a necessidade da sobrevivência irá ser maior. E com essa falta de emprego, todos os olhos estarão virados para a nossa Biodiversidade, como já tem vindo a acontecer nos últimos anos.

Porém se medidas não forem tomadas para pôr fim a essa exploração intensiva que ao longo do tempo tem pondo em causa os recursosnaturais.

Sendo assim as gerações futuras não conseguirão sobreviver de uma forma digna e saudável uma vez que muitos problemas relacionados com a natureza começam já a aparecer como o aquecimento global, a perda de fertilidade dos solos e a poluição elevada do meio ambiente.

Por isso torna-se necessário que as autoridades fornecem uma maior protecção, permitindo uma exploração sustentável dos recursos existentes na nossa Biodiversidade. Por outro lado, as pessoas devem consciencializar-se que para nos mantermos vivos e necessário a existência da natureza, isto porque esta é muito importante para a sobrevivência do homem, porque permite o equilíbrio ambiental.

Assim concluímos que o problema de proteger e preservar a Biodiversidade natural, não é apenas do país, ou de um grupo de pessoas, mas sim, um problema de todos que habitam o planeta terra, uma vez que os problemas que poderão surgir afectarão todo o mundo.

Assim torna-se necessário a união, ou seja, um por todos, todos por um, de forma a garantirmos uma boa preservação da Biodiversidade mundial.

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Este trabalho foi realizado tendo por base bibliografia que embora não seja aqui sitada, poderemos facultar se for do interesse do leitor.

Obrigada a todos

Liliane, kelves e Dideltino

Medicina Tradicional

Há milhões de anos atrás, antes que tudo fosse descoberto, tudo se explicava por meio de deuses. Havia deuses para tudo, deuses do vento, da água e até das plantas. Tudo tinha uma explicação. O homem foi vivendo a sua vida, nómada, comendo tudo que a natureza lhe oferecia.

Na vastidão do verde que o rodeava, o homem se apercebeu que nem tudo o acontecia se explicava por meio dos deuses. Houve pestes, secas e doenças, o homem desesperado sem saber o que fazer, foi experimentado folhas, cascas, tudo isto instintivamente, sem dar conta e apercebeu-se que tudo que tinha ingerido tinha provocado efeitos benéficos, uma vez que os sintomas amenizaram e a febre desaparecia, enfim. Assim sendo, esta prática tornou-se constante à medida da evolução dos tempos e das necessidades do homem. E assim esta prática foi transmitida de geração em geração dos mais velhos a mais novos.

É desta prática imprescindível de lidar com as doenças que vamos desenvolver neste trabalho. Relacionaremos a Medicina Tradicional com o turismo, o papel dos curandeiros e os anciãos na medicina tradicional, bem como outros aspectos intrínsecos ao tema. Sendo assim convidamos os (as) leitores (as) para uma viagens com as plantas até o reino botânico e etanofarmacologico.

Quando se fala da medicina pode dizer-se que a mesma é vista como ciência ou arte de curar as pessoas. E tradição é tudo aquilo que é transmitido de geração em geração. Portanto a medicina tradicional e encarada como sendo a prática de curar as doenças tendo por base as plantas com efeitos terapêuticos. Está prática foi sendo transmitida até aos nossos dias, tornando-se uma das nossas tradições.

Esta prática tem grande peso na nossa sociedade, pois são muitos os que aderem aos ditos médicos tradicionais, com o objectivo de ver os seus males resolvidos e saradas as suas enfermidades. Para muitos, a medicina tradicional, é encarada como medicina alternativa, isto é, alternativa à medicina farmacológica, isto porque, antes de recorrer ao hospital, algumas providências tradicionais são tomadas, com o objectivo de aliviar o mínimo possível o doente em causa. Só em casos graves recorre-se aos médicos científicos.

Assim surge a necessidade de todos conservarem o que para muitos é o pilar da resolução dos seus problemas de saúde «MEDICINA TRADICIONAL».

Existe em S.Tomé e príncipe uma distinção clara entre os diferentes tipos de terapeutas tradicionais.

Como referimos, anteriormente, há uma designação para cada um, consoante os tipos de práticas que fazem. Assim sendo, temos: tchiladô ventosa (aplicador de ventosas), stlijon mato (cirurgião de mato), patlela (parteira tradicional) massagistas, praticantes da medicina tradicional, e ainda temos fitchicelu (feiticeiros) que utilizam forças sobrenaturais.

No entanto, esses terapeutas desempenham, desde de sempre, um papel importante para a preservação e principalmente para a utilização desta prática. Porém, os seus conhecimentos quanto à medicina tradicional não podem apelidá-los de médicos. Comprovamos isso através da entrevista que realizamos com o médico (Leonel Pontes), que afirma: «para serem chamados de médicos, necessitam de ter os conhecimentos teóricos necessários, instrumentos básicos, cursos, formações, diplomas, que nos dêem mais credibilidade».

Relativamente à ideia que a população faz desse conceito, «médicos ou praticantes», é de salientar que para a população, todo o tratamento que é por estes realizados, ao ter efeitos estes não resultam das plantas que têm substâncias que amenizam as doenças, mas sim, de uma força sobrenatural que por vezes interfere nos tratamentos dando-lhe sucesso.

Deste modo, curandeiro seria o termo certo para chamar todas aquelas pessoas que recorrem às plantas, casca, raízes e ervas, para sarar doenças. Porém, «curandeiro» actualmente assume um carácter pejorativo para quase toda a população são-tomense. Todavia, para alguns, os curandeiros têm um papel interventivo na medicina tradicional, têm feito muito para salvar as suas vidas, bem como os aliviar de dores. Também para que os tratamentos tenham efeito, é necessário que esteja presente o elemento «crença», que é uma das coisas que desinibe as pessoas de qualquer preocupação e de melhorar rapidamente.

Portanto, o que nos interessa agora explicar, é que da mesma forma como funciona um hospital, onde há médicos cirurgiões, parteiras, enfermeiras, médicos de clínica geral…, assim também acontece na medicina tradicional, pois há pessoas que desenvolvem papéis semelhantes. Temos: a patlela, que realiza trabalhos de parto e que por vezes acompanha a grávida, antes e depois do parto, procurando saber como se sente, se o bebé está bem; receitando-lhe algumas plantas para incluir nas refeições diárias, chá de pau sangue e pau nicolau, banhos de folhas, como, pau cabra (planta que facilita as parturientes no parto, tudo isso é feito maioria das vezes antes do parto. Durante o parto, receitam folhas para «cortar bambi», lavar a vagina (queimar água), dá-lhe de beber. É desta forma que esta terapeuta intervém na medicina tradicional.

E quanto ao praticante da medicina tradicional, é a pessoa que usa as folhas, cascas, frutos…para preparar medicamentos, e também faz tratamentos variadíssimos, junto as pessoas para resolução dos seus problemas.

Só para matar a curiosidade, há os chamados «fitchicelu» (feiticeiro), que usam forças sobrenaturais. Hoje em dia, esta prática tem vindo a desaparecer, e passa a ter um carácter muito sigiloso, isto porque, esta prática consiste numa pessoa dotada de «poder», que faz o tratamento com a pessoa presente, ou não, que evoca alguns nomes «estranhos» que ao longo do tempo libertam as pessoas. E não só, recomendam que as pessoas use  roupa, ou qualquer coisa vermelha, tomar alguns chás de folhas, cascas de madeiras, «fuma corpo» (utilizando brasas acesas com açúcar e pedaços de vela).

Isto tudo tem vindo a diminuir, devido à difusão da religião, desaparecimento de crenças, o medo de ser possuído, ou de estabelecer pactos com diabo, e diversos pensamentos duvidosos que surgiram.

Concluindo, hoje em dia, a ideia que as pessoas têm desses terapeutas, tem um carácter pejorativo e quanto mais afastados tiverem, melhor será, mas de qualquer forma, torna-se necessário intervir na divulgação, preservação e valorização da medicina tradicional como expressão cultural de um povo.

Sendo assim, deverá ter-se em conta o papel dos anciãos na medicina tradicional.

A prática da medicina tradicional chegou até os nossos dias graças a um método contínuo de transmissão de conhecimentos.

Certamente que o leitor pergunta: Qual foi a maneira de proliferar está pratica?

Esta transmissão de conhecimentos proliferou sob a responsabilidade do(a) ancião (ã) _ o homem ou a mulher mais velha), dotados de conhecimentos e de experiências. Deste modo, o papel desenhado pelos (as) mesmos (as) contribui eficazmente para transmissão e preservação desta prática.

Não obstante, nota-se uma diminuição desta pratica nos últimos tempos na nossa sociedade. A que se deve esta diminuição? Será que é por causa do aparecimento da medicina científica? Desleixos dos (as) anciãos (ãs) ou da própria sociedade santomense?

As supracitadas questões remetem-nos para a ideia de uma reflexão crítica, permitindo-nos, de melhor forma, justificar o desaparecimento, bem como a evolução da prática da medicina tradicional em S.Tomé e Príncipe.

Mediante os resultados obtidos nos inquéritos e nas entrevistas, a conclusão chegada por nós; esta prática tem diminuído gradualmente em S.Tomé e príncipe por razões diversas.

Primeiramente, uma das razões que contribui ao desaparecimento desta prática é desenvolvimento da arrogância por parte dos mais velhos que em determinada altura passaram a recusar em transmite conhecimentos desta prática para os mais novos, devido preconceito de não serem procurados posteriormente, «deixar de ser importante» «ninguém vai depois lembrar de nós», sendo assim, os seus conhecimentos são para enterrar com eles. Entretanto, este pensamento arrogante destruiu consequentemente o interesse dos mais novos em perguntar e aprender esta prática.

Desta forma os anciãos deixaram de dar contributo para valorização e divulgação desta prática.

Paralelamente, o aparecimento da medicina científica fez diminuir a credibilidade da população, face a medicina tradicional.

A medicina cientifica ganhou pontos na medida em que o analfabetismo foi diminuindo e o conhecimento cientifico foi alastrando as pessoas passaram a ter outra visão das coisas.

Tudo na ciência tem provas concretas, tudo passa por uma análise rigorosa e objectiva. A ciência e a sua medicina começaram a ter um carácter mais seguro face à medicina tradicional. Sendo assim o desleixo da sociedade em preservar está prática proliferou, não só por causa da arrogância, aparecimento da medicina científica mas também por aparecer outras coisas que desviou o interesse da nossa sociedade no que diz respeito a medicina tradicional.

Apresentadas estas razões, para nós a intervenção dos anciãos continua a ser relevante para dar continuidade a está prática, bem como para a preservação da nossa cultura.

Relativamente à evolução da medicina tradicional, consideramos que esta prática tem estado a trabalhar em complementaridade com a medicina científica, pois ao longo dos anos têm sido descobertas mais plantas com efeitos terapêuticos para curar muitas doenças, desenvolvendo desta forma novas capacidades dos seus praticantes.

No entanto os anciãos já reclamam, hoje do desinteresse dos jovens relativamente a está prática, já mudaram de mentalidade e já estão dispostos em transmitir esses conhecimentos de forma a serem úteis às gerações vindouras. Os anciãos dotados de conhecimentos e de experiências, é um dos métodos de dar continuidade e de preservar está prática. Ao transmitindo aos mais novos, sucessivamente atingirá as gerações vindouras.

Resumidamente, para nós, é necessário preservar este conhecimento, para que não desapareça.

Neste sentido pedimos a colaboração dos anciãos, e também dos jovens na proliferação desta prática.

Por saúde, entendemos como o bom estado fisiológico e do funcionamento correcto do organismo do ser vivo, e quanto a doença, pode ser entendida como falta de saúde, enfermidade, moléstia, mau funcionamento do organismo. Já a medicina, é explicada como ciência ou arte de curar as pessoas. Por tanto, na ausência da saúde, «para grandes males, grandes remédios», aparece a medicina para «por fim» às doenças.

Assim sendo, a medicina tradicional é vista como a arte que pode interferir na recuperação do estado de saúde das pessoas. É uma prática que permite curar, minimizar as doenças. Ela apresenta as suas qualidades, tanto como a medicina científica: é possível fazer receitas, utilizar variadíssimas formas de tratamento, estabelecer ou recomendar dietas, controlar estado de saúde das pessoas.

A medicina tradicional tem contribuído para a gradual diminuição de doenças e de suas consequências. Neste sentido, assume um papel muito importante para África em geral. Por outro lado, ao recorremos à medicina tradicional ficamos privilegiados de estar saudáveis, uma vez que, as plantas usadas têm uma base natural, que é muito benéfico porque não corremos o risco de ingerir químicos que hão-de prejudicar mais tarde à nossa saúde, desenvolvendo outras doenças. Disse-nos ainda a dona de uma clínica natural «quanto mais tratamento natural fizerem, melhor será a nossa saúde, evitaremos menos doenças que estes produtos, comprimidos e mais químicos da Medina científica. Deveriam todos optar por utilização de plantas e recorrerem à medicina tradicional».

Portanto, a medicina e a saúde são duas coisas inter-dependentes para as pessoas, e a medicina tradicional desempenha um papel muito importante para a sociedade são-tomense.

Mediante os estudos realizados, constatamos que a medicina tradicional não tem nenhuma ligação jurídica com a medicina científica. Mas, por outro lado, podemos dizer que elas se complementam.

A medicina tradicional complementa a medicina científica, na medida em que, as plantas as raízes que são utilizadas para tratamento tradicional, acabam por ser utilizadas para o fabrico de medicamentos. Deste modo, medicina tradicional contribui para o avanço da medicina científica. Consideramos que quando uma determinada planta é utilizada para curar uma doença na prática da medicina tradicional, desperta interesse na medicina científica em fazer estudos para descobrir substância obtidas nas mesmas, e de que maneira pode contribuir na cura dessa ou daquela doença. Foi assim que se desenvolveu recentemente um estudo etnofarmacológico das plantas medicinais em São Tomé, constituído por um grupo de investigadores licenciados em farmacêutica, de forma a fornecer informações detalhadas sobre essas plantas e também para evitar efeitos colaterais quando usadas apenas por conhecimento do senso comum.

Por outro lado, medicina tradicional serve de apoio à medicina científica, isto porque, antes de ir a um hospital, frequentemente dirige-se a um praticante da medicina tradicional para minimizar a dor, a doença, e não só, muitas vezes as pessoas não têm condições financeiras para se deslocarem a um centro de saúde. Porém, esta atitude passa a ter graves consequências para estas pessoas, uma vez que, elas só tomam chás e mais chás, ou fazem tratamentos com base nos sintomas apresentados, que muitas vezes não correspondem às reais doenças. E assim que a medicina tradicional passa a ter um carácter negativo para a saúde das pessoas.

Segundo o dicionário, entende-se por crença «acto de crer; atitude de espírito que admite, em grau variável, (certeza, convicção, opinião), uma coisa como verdadeira; confiança, opinião adoptada com fé e convicção; fé religiosa».

Ao nosso ver a crença é entendida como tudo em que um povo acredita. Neste caso a medicina tradicional faz parte da crença do povo são-tomense, pois desde à muito tempo que as pessoas acreditam nos tratamentos e nos efeitos da medicina tradicional. Está crença foi-nos transmitida pelos nossos avós, tornando-se assim, a nossa tradição «quá cú bé mé nu, dona mu cá fé, ele só çá vede, ele só cá buá dá nom» - (o que eu vi minha mãe e minha avó a fazerem, é para mim verdadeiro e melhor para nós), foi assim que a medicina tradicional adquiriu um peso significativo na sociedade são-tomense.

É de salientar, que por vezes, as pessoas quando obtêm cura de uma determinada doença, é porque aí também está presente a crença, no poder de cura desta planta, ou porque «minha avó disse que curou outras pessoas», pois, sabemos que a pessoa ao eliminar a preocupação na sua mente, e ao substitui-la por uma crença de esperança irá melhorar, sendo este já um grande passo para a cura da doença, uma vez que, o factor psicológico, interfere muitas vezes no nosso estada de saúde.

Por muito tempo as pessoas acreditaram nisso e a medicina tradicional teve grande importância e resultados eficazes para as mesmas. Todavia, está crença tem diminuído gradualmente por razões alheias à vontade de cada um, como por exemplo «a medicina cientifica é mais válida», «eu não sou arcaica para crer nisso», «tudo isso não passa de um mito».

Por outro lado, as pessoas também têm as suas crenças face às religiões, como a igreja católica, então, para elas, os ditos «curandeiros» usam também as rezas desta igreja de forma a complementar os seus trabalhos, e em simultâneo, as crenças das pessoas como a nossa Senhora de Saúde e Santa de todos os Remédios. E quando os curandeiros dizem que tem que fazer ofertas aos Santos para ajudar nos tratamentos, as pessoas acreditam que isto poderá influenciar, não hesitam em colocar frutos, comida, roupas para pagamento dos seus pecados, buscando a solução dos seus problemas.

Assim sendo, a medicina tradicional, constitui uma prática significativa para a nossa sociedade, devido ao facto de estar acompanhada de uma crença que vem desde os tempos das nossas avós.

Nada se pode desenvolver independentemente, há necessidade de haver sempre uma relação de interdependência entre as coisas e as pessoas. Deste modo, que relação podemos estabelecer entre a medicina tradicional e o património?

Vejamos, um dicionário definiria a palavra património como «bens que herdam dos pais ou avós, legitima herança paterna, bens de família, dote necessário para ordenação de um eclesiástico, propriedade». Tudo isso, para dizer que a medicina tradicional está inserida no património são-tomense, isto é, é uma tradição em S.T.P. e portanto foi transmitida como herança deste povo e temos necessidade de preserva-la. E quanto ao turismo, podemos perguntar: que relação existe entre os mesmos? De que forma a medicina tradicional impulsiona o desenvolvimento turístico em S.T.P. Segundo o presidente da AMTSTP, a maioria dos seus clientes são estrangeiros, o que torna benéfico, na medida em que S.T.P está a ser conhecido ao nível internacional através desta prática, e por outro lado, irá impulsionar a entrada de mais pessoas a procura do tratamento e não só, realizar estudos sobre as plantas.

Com a proliferação do turismo, é necessário ter em conta o desenvolvimento sustentável desses recursos (as plantas). Portanto há necessidade de pensar que nada é infinito, e muito menos as plantas medicinais, o que se tem hoje, poderá não existir amanhã, embora o nosso clima possa contribuir para recupera-las a curto prazo, por isso não devemos abusar desses recursos, mais sim procurar proteger essas plantas e também utilizar esta prática de forma a ser útil às gerações vindouras!

S.Tomé e Príncipe são duas ilhas privilegiadas. A variadíssima vegetação que os nossos olhos alcançam, faz destas ilhas uma farmácia universal.

Constatamos que a nossa terra está enriquecida de cura para todo o tipo de moléstias e doenças. Desde as mais insignificantes ervas daninhas, até as árvores de grandes portes, constituem uma fonte de remédios para todos os males.

Entretanto, a medicina tradicional é uma medicina «vizinha» dos são-tomenses, é o nosso primeiro posto de socorro. Pois sabemos que 90% da população não tem condições financeiras, nem para ir às emergências, o que os leva consequentemente a recorrer de imediato à medicina tradicional, visto que, não implica gastos, ou caso implique, são reduzidos, isto é, é uma farmácia grátis.

Todavia, é necessário ter os conhecimentos concretos ao recorrermos às plantas e às cascas. Porém, de uma forma geral, as nossas plantas possuem quase tudo, devendo-se estimular o seu estudo.

É perante estes privilégios, que a medicina tradicional assume um papel importantíssimo na nossa sociedade, uma vez que é útil,  tem um carácter alternativo e responde a algumas das nossas necessidades.

Se por outro lado avaliarmos o sistema de saúde em S. Tomé e Príncipe, é de salientar que se tem notado uma grande deterioração a cada dia que se passa. As condições no hospital não são as melhores, o atendimento dos funcionários para com os doentes é um «caos», escassez de medicamentos é um factor familiar. É desta forma que a maioria das vezes as pessoas pensam «porquê ir lá, se posso piorar ou nada resolver? O dinheiro que gasto para o transporte e os medicamentos que terei de comprar, servirá para outras coisas. Vou tomar meu chá de folhas, tenho a certeza de que vou melhorar».

Este pensamento remeteu para a ideia que é uma pessoa arcaica e incrédula. Porém, é alguém que já teve experiencias desagradáveis no hospital, e optou por não voltar a passar o mesmo.

É de salientar, que também a medicina científica apresenta efeitos ao longo prazo, como nos disse um médico, enquanto a medicina tradicional, por vezes apresenta resultados imediatos e dão mais esperança para o próprio doente. Não obstante, os médicos procuram eliminar defectivamente a doença do paciente, quando insiste em recomendar receitas e pedir para acompanhar o seu tratamento, o que não acontece com a medicina tradicional, onde cada um tem o seu livre arbítrio em cuidar da sua saúde à sua maneira, tornando desta forma a medicina científica mais credível para os problemas actuais.

Associação da medicina tradicional de S. Tomé e Príncipe (A.M.T.S.T.P.), inaugurada a 2 de Maio de 2005, surgiu com objectivo de reunir todos os praticantes da medicina tradicional, bem como aperfeiçoar os conhecimentos desta prática. Reconhecida pela organização mundial da saúde e pelo Ministério da Saúde de S.T.P.

Todavia, não há um protocolo jurídico que os comprometam a trabalhar em complementaridade, nem dar apoio financeiro a está associação. Sendo assim, esta associação sustenta as suas despesas através dos esforços do presidente da mesma, e com os lucros obtidos nas vendas dos medicamentos que ali são preparados e vendidos.

Sendo uma associação que procura divulgar e preservar esta prática medicinal, será que tem tido apoio do governo? Segundo o presidente da associação o governo interveio no mês de Fevereiro, que consistia em dar 6 bolsas de estudo, a alguns membros para exterior, a fim de se formarem num curso médio da medicina convencional, e também fazer um estudo exaustivo sobre as substâncias contidas nas plantas com efeitos terapêuticos.

No que diz respeito ao papel desta associação para divulgação e preservação desta prática, foi publicado um livro «Mindjan Telá», cujo autor é o Sr. Amâncio Valentim, que é o presidente da referida associação. E para o mesmo, há necessidade de preservar está prática por via de escrita, por causa do desinteresse dos jovens em lidar com está prática.

Diarreia

Folhas novas de goiabeira, bengue, ponto, matruço, pinincano, rosam – milanza: 2º passo – juntam-se as folhas num almofariz, pisa até obter um líquido esverdiado, 3º passo – retira o líquido e coloca-se num frasco, e vai-se bebendo diariamente.

A pessoa é livre de lhe juntar água. Se tiver dores da barriga, fazer um chá de folhas novas de goibeirra, matruço e bengue.

Infecção de rins

Raspar e pisar bem a casca de nespra até que fique em pó. Em seguida ferver um litro de água e colocar num frasco ou jarro, e colocar duas colheres cheias deste pó, agitar bem e vai bebendo. Paralém disso é necessário acompanhar os tratamentos com massagem.

Hemoglobina Baixa

Pegar na folha pau sangue, e fazer chá e beber no pequeno-almoço, ou mesmo como liquido para beber diariamente.

Adilsa, Adjamila, Adriana e Aycila

Espermos vê-la (o) em breve em terras de S. Tomé!

A religião em STP

Independentemente do sítio onde vivemos, de certeza observamos por nós mesmos a enorme influência que a religião tem tido na vida de milhões de pessoas em todo o mundo.

Entretanto, a religião, ou melhor, a busca de um ser superior por parte do homem tem tomado vários rumos.

O reflexo disso é a abrangente diversidade de religiões que se vê por todo a parte, como sejam, o Cristianismo, o Judaísmo, o Xintoísmo, o Budismo, o Hinduísmo, o Islamismo, o Taoísmo, e o Confucionismo. Além dessas, a humanidade tem-se voltado também para o animismo, a magia, o espiritismo e o xamanismo. Entretanto, talvez o leitor esteja pensando «eu já tenho a minha própria religião! Porque me interessar por outras?» é exactamente aqui que queremos chegar.

Com a ampla diversidade religiosa que se desenvolve no mundo nos últimos 6000 anos, interessar-se em entender no que os outros crêem, e como as suas crenças surgiram é, no mínimo, instrutivo e amplia os horizontes mentais.

Independentemente de sua formação religiosa, convidámo-lo a participar, através do mesmo, nesta fascinante viagem pela esfera da religião numa pequena ilha situada na linha do equador, mais precisamente no Golfo da Guiné, banhada pelo oceano atlântico – S.Tomé.

Os arqueólogos e antropólogos afirmam que «a história da religião é tão antiga como a história do próprio homem». De facto, «jamais existiu um povo, em qualquer parte, em qualquer tempo, que não fosse de algum modo religioso». Mas, porque o homem é religioso? Para obter resposta a essa simples, porém, importante questão, precisamos, primeiramente, perceber que a palavra religião, etimologicamente, vem do latim religiare, que significa ligar, ou seja, estabelecer uma relação entre o homem e uma força transcendental. Esta ligação constitui uma forma de adoração, que inclui um sistema de atitudes, crenças, rituais e práticas religiosas que podem ser estabelecidas pessoal ou colectivamente.

A religião envolve crenças em Deus ou em deuses, homens e objectos, desejos ou forças da natureza como objectos de adoração. A busca do além por parte do homem deu origem a uma variedade de expressões religiosas, a saber: o cristianismo, o hindoísmo, xintoísmo, judaísmo, islamismo, monoteísmo, animismo, magia, espiritismo, etc. Estas crenças fazem do homem um ser religioso, uma vez que a religião tem influenciado a vida de milhares de pessoas. Em redor do globo, podemos observar uma numerosa diversidade de expressões religiosas que indicam o anseio espiritual por parte do homem.

A religião tem sido refúgio pelo qual a humanidade tem recorrido a fim de obter protecção das «tempestades» deste sistema de coisas. O homem tem passado por diversas aflições, provações, e acima de tudo, tem lutado com a ideia inevitável de encontrar o seu pior inimigo - a morte. Com isso, a procura de Deus tem-lhe dado, em certa medida, protecção e consolo.

A religião tenta dar respostas a questões perturbantes: porque existimos, de onde viemos, para onde vamos, como devemos viver, porque sofremos?

Mesmo entre os que dizem ser ateus (pessoas que não acreditam em Deus) ou agnósticos (pessoas que dizem que Deus é desconhecido), observamos algum tipo de devoção religiosa. A religião tem-se tornado um assunto de tradição, pois geralmente seguimos ideias e crenças religiosas dos nossos pais.

Com movimentos migratórios, pessoas de diferentes religiões têm residido na mesma comunidade. Muitas vezes, esta é a base de muitos dos conflitos entre religiões diferentes. Entretanto, não é necessário odiar pessoas pelo facto de terem perspectivas religiosas diferentes.

Ao longo do trabalho temos vindo a focar o tema a “religião”, mas nunca é demais defini-la. Religião é um conjunto de crenças relacionadas com aquilo que a humanidade considera como sobrenatural, divino, sagrado e transcendental, bem como o conjunto de rituais e códigos morais que derivam dessas crenças. Dentro do que se define como religioso pode-se encontrar muitas crenças e filosofias diferentes.

A religião em S. Tomé deriva do cristianismo, mas também dos diferentes cultos das divindades locais e ancestrais provenientes do continente africano.

Temos em S. Tomé e Príncipe por um lado, a  religião cristã que engloba a igreja católica, Adventista, Evangelista, Maná, Universal, Testemunhas de Jeová, Missionária do Brasil, Assembleia de Deus, Deus é Amor, Bom Deus, Baptista e Joré; e por outro a religião Islâmica.

A religião católica predominou no passado e continua a predominar, embora tenha perdido os seus crentes em detrimento de outras igrejas, que após 1991, com o pluripartidarismo foram surgindo.

Estas religiões, acima mencionadas, são diferentes nas suas crenças. Vejamos a crença de algumas delas: na igreja adventista, além de ser guardado o sábado como o sétimo dia como sendo o dia da semana que Deus estabeleceu para o descanso físico e espiritual do homem, crêem também na segunda vinda de Jesus á terra. Já a igreja Islâmica, considera que o dia principal é sexta-feira. Está escrito no Alcorão que “vos que acreditares, quando chega o dia de sexta-feira, devem abandonar todos os negócios e recorrer á Mesquita para oração, e depois da oração, espalhem-se pela terra á procura do lícito(Allah)". Os artigos fundamentais do Islão são a fé em Deus, nos profetas, nos anjos, nas sagradas escrituras, no juízo final e na predestinação.

Relativamente à igreja Maná, é de salientar que têm como convicções o baptismo nas águas, a expulsão dos demónios, prosperidade material, cura divina, falar em línguas entre outras. As Testemunhas de Jeová acreditam que a bíblia é a palavra de Deus; adoram apenas a “Jeová” como o único Deus verdadeiro, acreditam que o inferno é a sepultura comum da humanidade e recusam a transfusão de sangue. Por último, a igreja Católica acredita na santíssima trindade, professa um só baptismo para a remissão dos pecados, espera a ressurreição dos mortos.

O povo santomense vive da fé, embora se verifique que muitos a vivam à sua maneira, pois é muito comum ouvir-se dizer ”eu cá tenho a minha fé”, ou, “eu vivo conforme aquilo que penso ser melhor para mim”. Hoje, a religião em S. Tomé é tida como algo de que é preciso. Servem-se dela para obter emprego, auxílio para os diversos projectos de vida. Para muitos, a religião é toda igual em todas as igrejas, sejam ela católica, universal de deus ou evangélica.

Quer nós sejamos portugueses, indianos, britânicos ou marroquinos, todos temos o senso do profano, característico da própria condição do homem.

Muitas vezes considera-se sagrado aquilo que verdadeiramente não o é, conforme aquilo que o feiticeiro ou curandeiro disser ou mandar fazer, com o objectivo de obter por esse meio o que se anseia ter. Utilizam o sagrado para atingir os seus fins. Por exemplo, há pessoas que vão ao feiticeiro e este manda celebrar uma missa para tirar a vida àquela pessoa que o rival quer ver eliminado.

Em S. Tomé e Príncipe, também podemos encontrar práticas maniqueístas e o espiritismo. As práticas como o Djambí, Bambí, Flêcê e o Pagá- Dêvê, existentes em S. Tomé, mantêm uma ligação com a religião. Talvez não seja tão difícil de se entender, pois, a cultura de um povo tem sempre influências na religião.

Vejamos então como se relacionam com a religião. Comecemos então pelo Pagá-Dêvê. Esta é uma crença de origem africana, similar à da igreja católica, pois, tal como nela acredita-se em algo que redima o ser humano do pecado original. Todos nós temos uma oportunidade, por isso mesmo, o Pagá- Dêvê representa a oportunidade que o ser humano tem de se redimir de algo que o fez tornar-se humano.

Flêcê: consiste em oferecer como o próprio nome Flêcê. Neste culto, um mês após o nascimento do filho a mãe oferece-o ao mundo, e a Deus. É similar à actividade da igreja, pois aproxima-se á apresentação do Menino Jesus ao templo do Senhor, associado á purificação de N. Senhora, pois costuma-se dizer que a mulher só se torna pura e merecedora do respeito do marido depois de oferecer o seu filho.

“Mudam-se os tempos, mudam-se os ventos ”- talvez esse provérbio explique o facto de o Flêcê estar a aproximar-se da realidade e separar-se do animismo. Há agora a apresentação da criança á igreja, com a presença dos pais perante a igreja.

Este culto é quase que idêntico ao do Pagá-Dêvê, diferenciando-se dele pelo simples facto do Pagá-Dêvê constituir um pagamento feito aos deuses, antepassados e aos sobrenaturais mediante oferenda.

Bambí: Ainda no caso de redenção, defrontamo-nos com o Bambí, muito comum nas mulheres grávidas, prestes a dar à luz. Terão que cortar Bambí, como forma de se redimirem dos juramentos feitos á toa perante o marido ou outras pessoas.

Como havia dito, o povo santomense é também animista, e assim sendo, presta culto aos antepassados, aos seres desconhecidos como, por exemplo, é manifestado no Pagá-Dêvê. Para tal, temos outras manifestações como o Djambí. O Zêtê Péma tem um papel preponderante no sacrifício de tochas no culto do Djambí, funcionando como unguento em conjunto com a vela ardente. A utilização da vela em conjunto com a tocha de Zêtê- Péma demostra uma vez mais este sincretismo latente do povo. O Djambí é um ritual que constitui a prática de veneração cristã. Para além dessas, temos festividades como a Páscoa, a Quaresma e o Natal. Em suma, o povo em geral faz mistura do sagrado com o profano.

Tal como o barro é moldado pelo oleiro, a mentalidade das pessoas também têm sido moldadas pela religião. É de admirar o modo como as pessoas são influenciadas e se deixam influenciar por aquilo em que crêem e valorizam.

A influência da religião na vida das pessoas tem sido tão forte que pode-se afirmar que as formas de adoração praticadas por um povo acabam por ser em grande medida seu factor de identificação e de diferenciação. Portanto a maneira de se vestir, de agir, de lidar com coisas e situações, as convicções, as atitudes e valores de um povo o enquadra num determinado contexto religioso. Por exemplo em países predominantemente católico como é o caso de S.Tomé, vêem-se orando nas igrejas com crucifixo ou rosário na mão. As contas do rosário são usadas para contar as orações feitas em devoção a Maria. Em países islâmicos (a religião islâmica já foi implementada em S.Tomé) escuta-se a voz dos «muezins» ou anunciadores muçulmanos cinco vezes por dia fazendo a convocação do alto das almádenas chamando os fieis para a « salãt» ou oração ritual.

Estes baseiam-se no «Qur’ãn» isto é Alcorão, pois acreditam que é nele que se encontram reunidos os escritos sagrados. Segundo a crença islâmica, ele foi revelado por Deus e dado ao profeta Mohamed pelo anjo Gabriel no sétimo século d.C.

Além dessas e de outras actividades religiosas reconhecida em toda parte da terra, inclusive em S. Tomé, há pessoas a irem de casa em casa e estarem nas ruas com Bíblias e publicações bíblicas (sentinela, despertai etc.); todos as identificam como testemunhas de Jeová, embora cá em S. Tomé sejam designados por «os de Jeová».

Tudo isso para explicar quão importante é, e pode ser a religião na vida das pessoas.

Bem, como já exposto, a religião é uma forma de adoração dirigida à uma força transcendental poderosa e sobrenatural. E como tal, ela não se limita, simplesmente à adoração de Deus ou deuses.

Em muitas partes do mundo, com mais destaque em África, o espiritismo e as superstições também se vêm enraizando firmemente como religião, modelando, moldando, orientando as mentes, as atitudes e os valores das pessoas. Esses rituais espíritas são tão profundos nas pessoas, que chegam a desempenhar um papel importantíssimo nos seus assuntos pessoais. S.Tomé, como país africano que é encaixa-se perfeitamente nesta discrição. É corriqueiro ouvir-se expressões do tipo: «Fulano baiou para fulana» (alguém lançou feitiço para alguém). «Temos que fazer um Djambí para acalmar os espíritos mortos. E o mais misterioso é que quando doentes ou em sérias dificuldades, as pessoas desta ilha preferem sujeitar-se às curas e artimanhas espíritas de um curandeiro a recorrerem à um médico profissional. Alguns justificam isso com o facto de a medicina moderna ser muito cara e muitas vezes não estar ao seu alcance. Sentem-se mais à vontade com um curandeiro que conhece melhor seus costumes e falam seu dialecto, do que com um médico profissional.

Existem superstições no mundo todo, embora estejam mais presentes na cultura africana.

Publicações, filmes e programas de rádio produzidas em África, muitas vezes destacam isso. Elas são prezadas como parte da herança cultural, ou ainda, como curiosidade trivial, que dá sabor à vida. No ocidente, as superstições geralmente não são levadas muito á sério. Porém em África as superstições podem influenciar seriamente a vida das pessoas. Para exemplificar: na maioria das famílias, o nascimento de gémeos, é um acontecimento emocionante. Mas, para os supersticiosos, isto pode ser visto como um sinal. Em algumas regiões da África ocidental, muitos o encaram como nascimento de deidades e os gémeos são venerados. Caso um ou ambos morram, fazem-se pequenas estátuas dos mesmos, e a família deve oferecer alimentos a esses ídolos. Em outras partes, o nascimento de gémeos é encarado como maldição, chegando ao ponto de alguns pais matarem uma das crianças porque acreditam que se as duas crianças sobreviverem, um dia matarão seus pais. Felizmente, isto não faz parte das superstições santomenses. No entanto, S.Tomé também tem das suas, a saber: não se pode dar limão a alguém na mão, pois isto acaba com a amizade; deixar sapatos virados de solas para cima dá azar; ver gato ou galinha prata dá azar; deixar uma vassoura encostada na parede permite que os espíritos maus lancem um feitiço ao ambiente da casa.

Mas, na verdade, nem esta imensidão de palavras é capaz de exprimir cabalmente a influência e o impacto das religiões nas atitudes e valores das pessoas.

Embora o objectivo focal da religião seja o de permitir que os humanos desfrutem de uma relação achegada com um ser supremo ou superior, tentaremos, em poucas linhas mostrar como a mesma pode ser aproveitada para um objectivo diferente - descentralização e promoção do turismo.

Em diversas partes do mundo, este fenómeno é claramente observado. Milhares de turistas viajam de toda a parte para toda a parte, que lhes suscite curiosidade, ou que lhes chame a atenção. Normalmente, quando se ouve falar de turistas associa-se logo a destinos com paisagens lindas, praias fascinantes, hospedagem pacífica, longe da atribulação e do stress profissional, ou seja, lugar onde possam se aventurar, desvendar mistérios e estudar ou conhecer culturas e novas formas de viver. E na verdade a maioria dos turistas viaja com estes objectivos.

Sim, a curiosidade de conhecerem novas culturas e novas civilizações, muitas vezes os dirreciona a práticas religiosas diferentes das suas, que fazem parte do elemento identificador de um povo - a cultura. Por serem preservadas de geração após geração, estas práticas religiosas passam a constituir um grande ponto de interesse para estes turistas. Portanto, o património de um povo é de imenso valor para eles, não só porque os dignifica, porque estimula a adesão de turistas, e isto por sua vez, promove o país, promove os seus bens patrimoniais, desenvolve o turismo, aumenta o produto interno bruto, e consequentemente o desenvolvimento do país passa a ser caracterizado como sustentável, ou seja, progresso económico, moral e social, visando as vindouras gerações.

Este, de facto é o meu, o teu, o nosso e o vosso alvo, no que se refere a S.Tomé. Pretendemos que isto se torne, não em mais um discurso elaborado para o adorno da nossa literatura, mas, numa realidade activa do nosso país. Isto não é um mero sonho almejado, porque já temos um caminho meio trilhado. Felizmente, já recebemos turistas que vêm não só para desfrutarem das frescas condições da nossa pacífica e verdejante ilha, mas também viajam para cá turistas sedentos de conhecimento cultural, patrimonial e religioso também. Há que se fazer um esforço mais aplicado e este pequeno passo tornar-se-á gigantesco.

Gika, Osana, Suzete e Sebela

Ficamos à sua espera! Boa viagem!

Artes plásticas em S. Tomé

As Artes Plásticas são o conjunto de processos pelos quais se atingem a realização do estético e do belo, é a forma que um artista tem para expressar as suas ideias (visão do mundo) numa sociedade através da pintura e escultura. Em todo o mundo existe as artes plásticas, mas em cada sítio, à sua maneira e com seu estilo, tanto é, que as artes plásticas reflectem de certo modo a história, os hábitos, os costumes e os valores de cada país, isto é, a cultura.

Falar das artes plásticas em S.Tomé e Príncipe é falar de um facto recente, pois a mesma tem vindo a se afirmar paulatinamente no país, essencialmente devido às dificuldades dos artistas em adquirirem os materiais (pincéis, tintas, telas, etc.) necessários para poderem trabalhar, também pela dificuldade em exporem as suas obras, pelo pouco interesse da população local e sobretudo pela falta de apoio por parte das entidades competentes.

As artes plásticas constituem um elemento essencial na nossa cultura pelo facto das obras expressarem a realidade do país. Assim, estas são importantes e devem ser preservadas como forma de promover a valorização e a preservação das mesmas, logo, podemos dizer claramente que as artes plásticas constituem o património de um povo visto que cada artista tem a sua visão do mundo, ou seja, é com as artes plásticas que conseguem “libertar-se” e mostrar a realidade do mundo envolvente. Deste modo cada uma delas tem um poder forte na sociedade tomando assim um carácter de património artístico como se verifica nos estudos feitos da lei do património “todas as formas de expressão artística são consideradas património”.

Os artistas plásticos em S.T.P. têm crescido ano após ano, depois de uma primeira fase em que os artistas plásticos eram totalmente desconhecidos. No entanto, actualmente a situação caracteriza-se pela afirmação de vários artistas que embora enfrentem muitas dificuldades, têm o mérito de serem considerados os pioneiros das artes plásticas no país, como Protásio Pina e outros. Após esta fase, tem-se vindo a verificar uma enorme aderência por parte de jovens às artes plásticas. Esta mesma aderência dos jovens tem contribuído muito para a afirmação dos mesmos no país e da classe artística, levando à dinamização do sector e tem sobretudo criado novos valores, o que permite a continuação e a preservação das artes plásticas no país. Mas, para que isso aconteça é muito importante que os artistas estejam qualificados e bem capacitados para tal, assim deveriam empenhar-se mais na formação e capacitação dos jovens para que esta forma de expressividade atinja realmente o patamar pretendido. Além disso, é importante e urgente que atinjamos o patamar desejado por todos para que apareçam novas indústrias relacionadas com as artes plásticas, porque um dos principais problemas que os artistas plásticos enfrentam é a falta de matérias necessários para o desenvolvimento das suas actividades. Assim, se tivéssemos uma indústria de matérias imprescindíveis para as artes plásticas, tais como: pincéis, telas, fura mão, tintas, sendo esta última, o principal problema dos nossos artistas está resolvido.

Além de enfrentarem estes problemas, existe um em particular, os mesmos esperam ansiosamente pela mudança de mentalidade, isto é, a visão de população em relação aos artistas, que é uma visão associada quase sempre aos “marginais”. Portanto, é importante que a população veja-os de forma diferente, porque assim como cada um de nós tem a sua visão do mundo, os artistas também são livres de terem a sua. É preciso mudar a mentalidade e é urgente aprendermos a respeitar as diferenças de cada um, porque todos somos diferentes. É de salientar que a maioria dos artistas retrata a vida da nossa população (modo de vida, desafios do quotidiano, etc.).

O Turismo em S.T.P. nos últimos anos tem vindo a evoluir gradualmente. Esta evolução deve-se, em grande medida à cultura, ou seja, o turista quando viaja para conhecer outros lugares saí com o espírito de conhecer coisas novas (cultura, as pessoas, o modo de vida, hábitos, etc.), tudo isso são os factores principais que influenciam os turistas a se deslocarem. As artes plásticas entram certamente dentro desses gostos dos turistas. Quase todas as artes plásticas retratam ou procuram retratar uma sociedade, um povo, uma cultura e é também através das artes que apresenta-se o país ao mundo.

As artes plásticas tornaram-se num “cartão-de-visita” (cartão postal) de S.Tomé e Príncipe. Actualmente o turismo é a principal fonte de desenvolvimento das artes plásticas no país, o que não deveria ser, visto que a população local também deve contribuir para que a as artes plásticas se desenvolvam na ilha.

Os artistas dizem que se não fossem os turistas certamente os seus trabalhos não teriam razão de ser, uma vez que os são-tomenses não dão o devido valor às artes plásticas no país. Uma arte que transmite o quotidiano da vida são-tomense e que tem grande importância na consolidação da nossa cultura.

Por isso, devemos ter consciência que temos de fazer muito mais para que a nossa cultura, em particular as artes plásticas, se tornem cada vez,  algo de grande valor e orgulho para todos.

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A Cultura é a totalidade dos conhecimentos, das crenças, das artes, dos valores, leis, costumes e todas outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membros de uma sociedade, é a forma que nós vivemos as nossas tradições. Essa cultura traduz-se através de manifestações como é o caso das artes que é o modo próprio de expressar de uma sociedade (a música, a pintura, a escultura, o teatro, entre outras). Neste sentido podemos afirmar que as artes plásticas sendo um conjunto de expressões dos artistas, através da pintura e escultura que retratam o seio da nossa sociedade, é o elemento da cultural devemos preservar e valorizar, e consequentemente promover a mesma.

De facto, as artes plásticas fazem parte da cultura, pois constitui a nossa maneira de ser, é algo que nos identifica. Entretanto, salienta-se que a nossa arte deve ser preservada e valorizada de forma que a nossa cultura não perca um dos seus elementos, numa altura em que a nossa sociedade encontra-se altamente globalizada. Contudo, preservar e valorizar a nossa cultura não significa que não devamos associar a nossa arte plástica a modernidade (globalização), aliás, a cultura não é estática, é dinâmica. Em suma a as artes plásticas fazem parte da cultura na medida em que contribuem para sua definição.

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As artes plásticas em S.T.P têm ganho cada vez mais valor dentro da nossa sociedade bem como a nível internacional. Esta forma de expressão tem-se afirmado de forma considerável no seio da sociedade. Esta afirmação deve-se muito aos esforços dos artistas e sobretudo das instituições que os apoiam. Quando falamos das instituições que apoiam o desenvolvimento das artes plásticas, não podemos esquecer de algumas em particular, como é o caso de cooperação portuguesa, da embaixada do Brasil e sobretudo da aliança francesa.

Estas instituições têm contribuído muito para a divulgação das artes e promoção dos artistas no país, promovendo a sua divulgação e valorização apoiando várias iniciativas, eventos culturais que se realizam no pais como a Bienal das Artes e Cultura que deixou de ser um evento nacional para constituir um evento de promoção e divulgação dos artes plásticas a nível internacional. Neste evento participam vários artistas nacionais que expõem através das suas obras a nossa realidade, e internacionais que vêem expor as suas obras partilhando as suas experiências com os nossos artistas, dando-nos a conhecer o que se faz e como se faz em outras paragens. Nesse sentido, é de louvar a organização do evento que tem melhorado ano após ano, não deixando de referir que é também muito importante a promoção e divulgação informal, feita entre os artistas e sobretudo de “boca em boca”. Aqui a população deveria ter um papel mais activo contribuindo de uma forma mais activa para os desenvolvimento das artes plásticas no país e estendendo essa promoção à lusofonia.

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De acordo com os inquéritos realizados vimos que as pessoas têm consciência do que são as artes plásticas, do seu valor cultural e da sua importância numa sociedade. No entanto, verificamos que têm pouco conhecimento sobre acções desenvolvidas no país no que concerne às artes plásticas como por exemplo à Bienal da Artes e Culturas. Pudemos também observar que os jovens e adultos são do género “façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço”. Esta ideia é muito triste, porque se todos nós pensarmos dessa forma não conseguiremos fazer com que as nossas acções e a nossa cultura sejam reconhecidas dentro e fora do país.

É de compreender que uma boa parte da população ainda esteja um pouco distante do mundo das artes plásticas, no entanto consideremos que deveria ser feito um maior esforço no sentido de alterar esta situação. Esforço da parte dos cidadãos, que deveriam preocupar-se mais em saber o que o seu país tem a oferecer, devendo-se inteirar mais relativamente a este assunto contribuindo desta forma para uma maior divulgação do mesmo.

Os eventos como a Bienal retratam de facto a nossa arte, embora em contacto com outra, não deixa de ter presente as suas origens. Em termos latos, as artes plásticas constituem o nosso património artístico, na medida em que os artistas têm uma certa preocupação em preservar e valorizar as artes plásticas conferindo-lhe um carácter, em certa medida, de património artístico.

De acordo com o trabalho realizado pudemos verificar que as artes plásticas têm-se desenvolvido cada vez mais no país. Este desenvolvimento deve-se muito ao trabalho desempenhado pelas várias instituições que têm contribuído para a promoção e divulgação das mesmas e para que esta se afirme cada vez mais no seio da nossa sociedade. Também abordamos sobre a importância das artes plásticas na cultura, na sociedade e sua forte relação com o turismo bem como seu valor patrimonial. No decorrer do trabalho tivemos a percepção de que é necessário que as artes plásticas se desenvolvam de uma forma sustentável, ou seja, é importante promover e divulgar os novos talentos e preservar a nossa forma de expressão.

Como dissemos no início, este trabalho servirá para todos nós (alunos e toda sociedade em geral). Mas para que este trabalho atinja realmente os nossos objectivos é urgente que a população mude a sua mentalidade, respeitando os artistas e a sua forma de estar na sociedade.

Esperamos que o trabalho sirva de abertura dos nossos e vossos horizontes em relação às artes plásticas.

Álvaro, Carlos, João e Odair

Até à vista... esperamos por si!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Gastronomia

É de realçar que a gastronomia fez parte da cultura de um país e por outro lado identifica a cultura de um povo sendo, desta forma é também um forma de património. Neste âmbito torna-se necessário a sua preservação e valorização. O estudo deste tema tem como principal objectivo fazer apelo à população para a importância da preservação do nosso patrimonio e divulgação da nossa cultura.

O ser humano para sobreviver necessita de se alimentar, pois uma boa alimentação permite o crescimento e o desenvolvimento do corpo. Pois o tipo de alimento consumido pelo ser humano varia de região para região de país para país.

A cozinha de uma determinada sociedade é influênciada de uma forma e de outra através do processo de aculturação e por outro lado porque os ingredientes utilizados para sua confecção são característicos de cada região. Cada povo tem a sua cultura e tradição e por ter grande valor na sociedade sendo considerada seu património histórico-cultural e a gastronomia não foge à regra face ao seu valor é considerado por povos de diferentes partes do mundo como seu património. Deve-se salientar ainda que assim como sociedade não é estática a cozinha e o acto de cozinhar, não foge à regra uma vez que à medida que a população evolui também os pratos vão sofrendo transformações.

Em S.Tomé e Príncipe o tipo de gastronomia é influêncido não só pela história do passado (descobrimento, povoação e colonização) mas também pela própria localização geográfica do país e tipo de clima existente.

A época colonial, no séc. XIII a XIX, permitiu a entrada de vários povos que trouxeram a sua cultura e os seus hábitos alimentares  provenientes de zonas diferentes. Estas culturas trazidas por estes povos trouxeram um grande impacto no modo de cozinhar. Por outro lado S. Tomé e Príncipe localiza-se perto da linha do equador e banhado pelo oceano atlântico o que permite que possamos extrair do território nacional vários tipos de ingredientes e peixes em abundância na confecção dos pratos nacionais. As características climáticas permitiram o desenvolvimento de várias espécies de vegetais que se reflectem grandemente na cozinha são-tomense. Assim os tipos de pratos típicos existentes são: Ijogó, BláBlá, Izaquente, Molho Fogo, Azagoa, Mbelela, Fungi Maguita, Lússua, Calúlú, Kisaca, feijão à moda da terra entre outros.

Anteriormente a forma de cozinhar santomense era muito condimentada e demorava mais tempo, isto porque usava-se muitos ingredientes que exigiam muito tempo de cozedura,  o que contribuia para apurar o sabor dos alimentos mas também para apurar as suas características medicinais.

Actualmente a forma de cozinhar tornou-se muito mais prática e devido à falta de tempo que há nos nossos dias, e infelizmente, também, devido aos fracos recursos económicos por parte da população.

Em S.Tomé as épocas em que mais se confecionam os pratos típicos são:

  • festa do Bocado
  • festas religiosas
  • Natal
  • Ano Novo
  • casamentos e baptizados

No dia-a-dia a população opta pela confecção de  pratos mais rápidos e económicos como: Banana cozida acompanhada com peixe, Búzio do mato, fruta-pão, matabala, fuba com molho, entre outros.

Gastronomia e Turismo

O Turismo consiste na deslocação de pessoas do seu ambiente habitual para um outro local diferente do seu por motivos de lazer ou de negócios, por tempo consideravél que compreende no máximo de um ano e minímo de uma noite. Geralmente quando uma pessoa sai do seu ambiente habitual para um lugar desconhecido o seu motivo de deslocamento, consiste em ver, apreciar e usufruir da cultura existente.

O interesse dos turistas pela gastronomia típica de um país diferente do seu, tem por base recolher informações sobre o país em si e respectivamente da sua cultura. Neste sentido será benéfico para o país de visita, uma vez que poderão confecionar os seus pratos típicos para os turistas gerando assim grande lucro para o país e contribuir para o aumento da economia e ao mesmo tempo promover um desenvolvimento sustentável do mesmo.

Por um lado interessa aos turistas apreciar a nossa comida, o que é importante para promoção do turismo uma vez que S.Tomé tem uma flora bastante densa com ingredientes necessários para confecção dos pratos não sendo preciso a sua importação do estrangeiro, por outro permitirá que os pratos típicos sejam mais valorizados na sociedade uma vez que traz benefícios para toda população no que concerne à agricultura, comércio e outros sectores, permitindo desta feita uma maior valorização e divulgação.

Deste modo, deverá ser preservada e conservada uma contuibuindo para o desenvolvimento económico de S. Tomé.

S. Tomé a nível do turismo está ainda um pouco atrasado uma vez que ainda não há uma certa consolidação no que diz respeito ao turismo e à gastronomia ou seja, não há uma grande promoção e divulgação da cultura a nível da gastronomia para o desenvolvimento do turismo. Prova disto é que em muitos hoteis e restaurantes confecionam-se mais pratos estrangeiros do que os de S.Tomé uma vez que a maioria dos hoteis existentes no país são estrangeiros. Portanto, o turismo em S.Tomé poderá fazer da gastronomia um grande recurso se a mesma for bem explorada e divulgada.

Calúlú

Ingredientes:

Folha galo, óca, tartaruga, pega-lato, mamblemble, maquêquê, libô de água, libo mucanbû, mussúa, codô kê (corda de casa), grão, thili branco, margoso, zaia, matruço, pau três, quissobo, figo porco, fruta-pão e azeite de palma.

Peixes: peixinho, peixe (fumado), cabeça de peixe salgado, búzio, tararuga salgada, camarão, fulu-fulu (Atum), maspombo e voador.

Forma de preparação:

Depois de escolhidas as folhas ou seja, separadas as consideradas em bom estado, cortam-se aos pedacinhos lava-se e deita-se dentro da panela com água a ferver, depois põe-se o quiabo, tomate, cebola, folha louro, fruta-pão descascada e cortada em pedaços. O óleo de palma e o maquêquê descascado pode-se pôr no príncipio ou a meio da fervura.

Depois de tudo bem cozido volta-se a calocar a fruta-pão já pisada na panela para engrossar o calúlú, quando já engrossado põe-se malagueta, o tempero, cebola e a casca de pau pimenta previamente pisados em conjunto, coloca-se um ou dois ramos de folha de mosquito e deixa a ferver durante não menos de 10 minutos tendo-se o cuidado de se ir provando para se colher o gosto ou sabor do calúlú.

O sal deve ser posto à medida e o mesmo deve ser acompanhado com farinha de mandioca, arroz branco, fuba e angú.

Eldon, Simão e José

Esperamo por si para provar o nosso Calulú.

A música actual em S. Tomé

Começamos por definir a música como sendo uma das manifestações culturais, na qual os músicos procuram divulgar além fronteira a sua tradição (cultura), sua identidade e os seus valores, é na música onde muitas vezes os músicos expressam tudo aquilo que lhe vai na alma, também serve como forma de criticar a sociedade bem como o governo, por isso pode ser considerada uma das formas de comunicação, ou seja através dela podemos compreender o estado de espírito do músico e a mensagem que o mesmo tenta transmitir sobre a sua sociedade. A música tem o poder de nos sensibilizar ou seja de sensibilizar os ouvintes, bem como de divulgar a imagem de um país, além de ser uma das formas de nos distrair dos problemas sociais.

Embora muitos não saibam, “a música além de ser uma arte é também uma disciplina, pois ela é estudada com regras e objecto”, e sendo bem compreendida, através dela podemos conhecer a realidade de determinada sociedade, pois ela tem múltiplas funções, serve de crítica, de passatempo (entretenimento), também com um canal de comunicação uma vez que ela (a música) tem o poder de nos tocar e passar a mensagem. Também retrata e expande um determinado país aos quatros cantos do mundo, sendo assim podemos dizer que a música é o espelho de um país (de uma sociedade).

Papel dos músicos numa sociedade

O músico alem do cidadão é também um mensageiro, animador e divulgador, isto porque cabe a ele (músico) passar as mais diversas mensagens da sociedade através da música; animador porque a música além da mensagem que transmite, serve também para nos alegrar, divertir e distrair. Após uma semana inteira de trabalho todos nós precisamos de nos distrair e alegrar; por último, o músico tem a função de através da música divulgar o seu país, dando a conhecer a outras sociedades a realidade do seu país (a sua cultura e tradição).

A música em S.Tomé

Como em todos os trabalhos escritos, podemos encontrar esta frase, que embora triste é a realidade do nosso país “ S.Tomé e Príncipe é um país pobre com muitas dificuldades”, (sobretudo ao nível económico).

Estas mesmas dificuldades fazem-se notar em todos os sectores, assim sendo o ministério da cultura não fica de fora, fazendo-se chegar aos nossos músicos, dificultando-os assim na realização dos seus álbuns. Por outro lado muitos (músicos) têm dificuldades na criação de letras, de dar um bom ritmo às suas músicas, assim sendo podemos dizer que algumas das dificuldades tem a ver com a falta de conhecimento por parte do músico.

Segundo a entrevista realizada com um dos músicos mais famosos do nosso país, Kalú Mendes, os nossos músicos enfrentam muitas dificuldades económicas para conseguirem realizar o seu trabalho, por vezes conseguem arranjar um patrocinador, para gravar o álbum, mas a divulgação e marketing do álbum torn-se muito difícil. A divulgação passa pela televisão, rádio e jornais de modo a promover e sobretudo vender o seu trabalho, e isto tudo exige um custo monetário que é difícil de se encontrar, uma vez já conseguido o patrocínio para agravação. A criação de um álbum passa desde o processo de gravação até a divulgação do álbum, Por isso os músicos em S.Tomé e Príncipe só o são por vontade própria e porque gostam daquilo que fazem, isto porque, não há nenhum incentivo aos músicos por parte do governo, no entanto o público que tem sido muito simpático e estes sim são o seu melhor incentivo.

No entanto, também um dos elementos do grupo Tempo, Guilherme Carvalho dá o seu ponto de vista, dizendo que, «as dificuldades que alguns dos músicos nacionais têm é falta de conhecimento ao nível da música além do pouco contributo económico-financeiro, por parte do governo santomense. “O estado está a esquecer-se da nossa cultura, nomeadamente no que diz respeito a música nacional mas mesmo assim sobrevivemos”

Contudo, cabe a nós os santomenses o dever de preservar a nossa cultura (música) e procurar divulga-la cada vez mais além fronteiras, isso porque ela também virá a contribuir para o desenvolvimento do nosso turismo bem como do nosso país.

A música santomense no espaço lusófono

A música constitui um elo de ligação entres povos ou civilizações num determinado espaço. Neste caso, no espaço lusófono a música pode ser considerado de facto, um elemento que identifica e ao mesmo tempo liga povos de diferentes culturas com o passado histórico semelhante, ou seja, nos países lusófonos, embora haja uma diferenciação cultural é notável, e existe também a mesma linhagem cultural entre países, que durante anos foram colonizados.

Neste sentido, nos países africanos de língua oficial portuguesa, é comum encontrar nos cantores lusófonos uma certa preocupação com a sua cultura em particular e em geral com a do seu continente (África).

Queremos com isso dizer que para que um país possa expandir no espaço lusófono, torna-se necessário em primeiro lugar dar a conhecer as suas raízes, retratar o dia-a-dia do seu povo, ou seja, apostar na música tradicional. E neste aspecto, podemos constatar que S.Tomé não tem apostado muito nesse aspecto, tanto que são pouco os cantores que são conhecidos no espaço lusófono, a saber: kalú Mendes, Xinha, Juka e Grupo Tempo, Haylton Dias. Para falar da evolução da música em S.Tomé no sentido de expandi-la na lusofonia, implica mencionar algumas considerações:

  • Valorização cultural;
  • Expressividade musical;
  • Condições económicas

Infelizmente a nova geração não tem dado muito importância as nossas raízes. A nossa juventude prefere outros estilos musicais mais modernos como: kizomba, hop hip e outros. O que faz com que uns cantores sejam mais privilegiados pelo público do que outros


Relação entre diferentes cantores são-tomenses

Como já tínhamos evidenciado, existe uma fraca existência de músicos de renome internacional, ou seja, capaz de divulgar a imagem do país (S.T.P) no que concerne a música. Apesar dessa fraca existência é curioso a diferença existente entre eles (os músicos), pois cada um está inserido num contexto musical diferente.

Embora S. Tomé seja uma ilha pequena com características próprias de ilha, consegue levar ao mundo a sua música de uma forma diversificada, pois cada grupo musical tem uma forma própria de cantar e de passar a mensagem que pretendem, e o mais interessante é que todas elas são importantes.

Por exemplo, Kalú Mendes tem um estilo musical mais tradicional parecido com os antigos conjuntos musicais, embora o som seja mais trabalhado e aperfeiçoado para modernidade, ou seja, ele tenta levar as suas músicas até às pistas de danças das discotecas, associado ao contexto jovem, embora a maior parte das suas músicas sejam cantadas em crioulo forro e com provérbios bem tradicionais e difíceis de se traduzir sobretudo pelos jovens, mas o ritmo é bastante moderno e apreciado tanto pela camada mais adulta como a mais jovem.

Quanto ao Grupo Tempo, o ritmo é mais associado ao estilo clássico e também tradicional, é no todo uma mistura de ritmo pelo qual um dos músicos desse grupo (Guilherme de Carvalho) o caracterizou como sendo um grupo crioulo.

Embora não seja um estilo de música que chega às nossas pistas de dança, consegue alcançar palcos fora do país como em França, Holanda, Noruega e Suiça. Segundo o mesmo, são muito bem recebidos e aceites no estrangeiro. Nas suas viagens puderam constatar que o grupo está a conquistar um espaço bastante considerável a nível internacional.

Neste sentido não só conseguem conquistar o próprio país mas também o espaço lusófono bem como o mundo inteiro, uma vez que S.Tomé é um pais de Turismo, em que muitos turistas apreciam a música nacional, com excepção de alguns novos grupos musicais que nem sempre são vistos com bons olhos.

O Turismo é sem duvida um dos meios de expansão e divulgação da música, uma vez que os turistas ao conhecerem a música nacional, interessam-se por ela e quando regressam aos seus países, dão a conhecer aos outros aquilo que ouviram e que gostaram. Este processo é garantidamente uma forma de expansão e de divulgação não só da música, mas também da cultura e do país.

Contributo do Estado/Entidade privada para promoção da música nacional

O nosso país tornou se independente no ano 1975, desde essa época 33 anos se passaram. Durante estes anos várias foram as transformações que se ocorreram em torno da nossa cultura, respectivamente da música nacional.

Todavia em geral, a evolução da música durante esse período não foi toda ela positiva. E esta situação deve-se ao facto do Estado considerar como prioridade outros elementos em detrimento da música nacional. Neste sentido, os seus programas estão mais virados para outros assuntos como é o caso do Turismo, pelo que se torne ainda mais importante a música nacional, uma vez que, constitui um elemento de identificação e de promoção do Turismo. Assim sendo, quase que não há contributo por parte do Estado no sentido de promover a música nacional.

Carece no país uma escola de música para ensinar as crianças, jovens e todos interessados na música a utilizarem e manejarem os instrumentos musicais, desenvolvendo assim neles os possíveis potenciais na produção e expressividade musical.

Contudo, as entidades privadas comparativamente com o Estado têm dado mais contributos e patrocínios aos cantores, o que revela uma maior preocupação destes para com os artistas. Talvez uma das explicações seja o lucro tirado deste investimento.

Actualmente o grupo Gibela, CST, Dr. Carlos Espírito Santo (Bené), Banco Equador e a fábrica Mé-zochi, são as entidades que têm dado mais apoios aos cantores nacionais.


A Expressividade dos músicos santomenses

A música é um artifício que sem dúvida revela a alma existencial do sujeito. Os cantores por serem amantes da música tocam por intuição e ouvido, e ao vê-los actuar repara-se desde logo, que carecem de aprendizagem musical com mestres a altura e capazes de entender o complexo folclore santomense, o que faz com a sua expressividade musical seja limitada.

Manuel de Ferreira Ribeiro numa das suas ilustres obras diz: «De uma cana, de um côco, ou de qualquer outra coisa, fazem os rapazes um instrumento. Gostam da dança, amam as letras, mas nunca tiveram mestres, nunca puderam ver para imitar, nunca puderam trabalhar e estudar.»

Esta ideia remete-nos ao facto da ideia de alguns novos cantores santomenses serem negativos no que respeita a forma e expressar a música. Não existe pela sua parte, um exercício de esforço em expressar o que sentem, no seu dia-a-dia, não se preocupam em melhorar a sua expressividade.

Esta situação remete-nos ao facto de algumas da música santomense ser deficitária no sentido e existir muitos músicos novos que cantam de forma desafinada, e limitada em muitos aspectos como, a produção musical e não só, pelo que se torna necessária a introdução de uma pequena escola de música, para desenvolver e melhorar neles o seu potencial.

Talvez a falta de expressividade musical presentes na maioria dos cantores tradicionais se explique também pela desmotivação e falta de apoio económico e não só aos grupos nacionais.

Contudo, falar de expressividade é até certo ponto difícil uma vez que cada cantor se expressa a sua maneira em consonância com a sua alma, ou seja, trata-se de uma questão subjectiva e que mesmo assim temos também excelentes cantores, que têm boa expressividade.

Contributo da Música Nacional para a Promoção do Turismo, Património e desenvolvimento Sustentável.

Como se sabe, tudo que dignifica um país e faz parte da sua cultura, representa uma grande contribuição turística para o mesmo. Assim, a música nacional é de tal forma dignificante para a nossa cultura e consequentemente para a promoção turística, junto de outros elementos como: medicina tradicional, dança, e outros, fazendo do nosso país, um bom potencial para o tipo de turismo que se pretende projectar: turismo ecológico e cultural.

O turismo influencia directamente a valorização e preservação da cultura musical e não só, uma vez que os turistas em contacto com os grupos musicais tradicionais, têm tendência em apoiar mostrando interesse e prazer, incutindo desta forma, nas mentes dos santomenses a ideia de que o que para nós pode ser insignificante para os outros é motivo de distração, atracção e interesse, o que leva à valorização desses grupos musicais, considerando-os como atractivo turístico. Mas o espírito de valorização e preservação tem que primeiro partir de nós que somos cidadãos e só depois passar aos outros.

Usufruir da nossa cultura sem pôr em causa a sua preservação  constitui um desafio para todos nós.

Assim, como já referimos a música é de estrema importância para a promoção do turismo e do nosso património, uma vez que, constitui um dos elementos culturais e um dos atractivos para a prática do turismo étnico (turismo que se dedica a culturas de povos de diferentes). Desta forma, quanto mais música tradicional tivermos, mais enriquecida será a nossa cultura e consequentemente o nosso património cultural, nos possibilitando deste modo tirar proveito de outros géneros musicais sem pôr em causa os mais tradicionais.

Após o desenvolvimento deste interessante tema que é “A Música actual em S.Tomé e Príncipe”, podemos chegar à conclusão:

Embora o  país se encontre em péssimas condições financeiras, no entanto a nossa música  encontra-se no bom caminho, uma vez que temos muito bons cantores  e todos eles já com discos no mercado e tentando dar o seu melhor

As entidades privadas têm dado um grande contributo na promoção embora ainda haja muito que fazer. Com a criação da “RTP África” e “RDP África” bem com a crescente qualidade musical, a música santomense tem vindo a conquistar um espaço cada vez mais amplo na lusofonia.

Podemos, ainda, verificar que há uma fraca existência de músicos de renome internacional que possam expandir e divulgar a imagem do país no mundo, mas que mesmo assim têm conseguido fazê-lo com grande esforço. Os músicos santomenses apesar de pertencerem a estilos musicais diferentes contribuem, na medida do possível, para a divulgação e expansão da música nacional e sobretudo do país. Não podemos, no entanto, deixar de realçar que nem todos os músicos têm uma boa expressividade, sobretudo os mais recentes.

Adozinda, Amarildo, João e Marlene

Foi com muito gosto que estivemos consigo desse lado, esperamos por sim em S. Tomé.

Até um dia